Capítulo 3

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Mas o que é o amor, Alma? Naquela altura, não sabíamos e acredito que ainda não tivemos tempo suficiente para aprender todo sobre ele. O amor é um sentimento confuso, demasiado profundo para que possa ser descrito em poucas palavras. Mas, de uma coisa tenho a certeza, o amor envolve muitos outros sentimentos. A confiança. A entrega. A partilha.

Quando penso naquela altura, desconfio que os nossos amigos sabiam mais do que nós próprios. Sabiam que existia amor entre nós, antes mesmo de sermos encurralados por esse sentimento. E quando descobrimos o que sentíamos um pelo outro, só queríamos esconder. Somos humanos, tínhamos medo de nos deixar arrebatar por esse sentimento. Tínhamos medo que a nossa relação não fosse tão boa como a nossa amizade.

Anos atrás - final de fevereiro de 2016

Penso que conheci o meu primeiro amor. O que posso dizer dele? Ele é o meu melhor amigo, confio completamente nele. Ele faz-me querer ser a melhor versão de mim. Mas existe a dúvida. Será que sentes o mesmo por mim? Sinceramente, tenho muito medo de me declarar. De dizer que o amo. Já foi magoada demasiadas vezes e não sei se estou pronta para ser rejeitada por ti, Alma.

Os nossos amigos estão constantemente a cobrar-te um pedido de namoro que não sei se algum dia se irá tornar real. Tu ignoras, eu rio-me e mando-os calar, parar de dizer disparates, mas, no fundo, sei que esse pedido é o meu maior desejo.

alguns dias depois, 3 de março de 2016

Mais uma vez, estamos todos juntos à hora do almoço. Eu, tu e os nossos amigos. E, mais uma vez, eles cobram-te esse pedido de namoro. Diferente dos outros dias, pedes-me que vá dar uma volta contigo. Sinto que é o momento de perder o medo e dizer que te amo, mesmo que não use essas exatas palavras. Sei que vais compreender. E digo-o. E pedes-me em namoro. E, de repente, fazes-me a rapariga mais feliz do mundo.

Presente

Dizer que não recordo esse dia e esse momento, que não sinto falta de tudo é mentir descaradamente. Claro que sinto falta. Eu fui realmente feliz como nunca pensei que pudesse vir a ser.

Tinha amigos em quem confiava e tinha-te a ti como meu melhor amigo e, naquele momento, como o meu primeiro namorado e primeiro amor. Estava feliz, extremamente feliz. Mas continuava a haver uma parte de mim que tinha medo. Medo de não ser suficientemente boa para ti. Medo que encontrasses alguém melhor. Medo de te perder. Um medo irracional que hoje reconheço como sendo a minha bendita ansiedade a falar por mim. E então tinha ciúmes, muitas das vezes de forma completamente exagerada. 

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