Capítulo 9

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Anos atrás - noite de junho de 2018, perto da meia-noite

Deitada na minha cama, vou respondendo ao número desconhecido que me tinha mandado mensagem a uma hora tão tardia. Embora assustada no início, rapidamente fiquei mais tranquila por saber que és tu, Alma. Contudo, ainda me sinto um pouco insegura por não saber como é que exactamente arranjaste o meu número de telemóvel. Sinceramente, acho que prefiro nem saber. A nossa conversa não se prolonga por muito mais tempo, uma vez que já era bastante tarde e, apesar de já estar de férias, preciso de acordar minimamente cedo. Combinamos de mantermos o contacto e de nos encontrarmos um dia.

Presente

E, realmente esse encontro aconteceu mais cedo do que pudéssemos pensar. Pelo menos, eu achei que nunca chegaria a acontecer e que não passaria de algo dito no calor do momento. Afinal, não havia razões para que nos encontrássemos ao fim de tanto tempo sem manter contacto. Mas, de facto, foi algo que se realizou.

Já não sei ao certo quando é que marcamos esse encontro, mas lembro-me exactamente da data em que combinamos de nos encontrarmos e do trabalho que deu para convencer a minha mãe de que não era nada demais, somente um encontro entre velhos amigos que, após tanto tempo, decidiram recordar os velhos tempos. Porque revivê-los seria algo um pouco impossível. Digamos que a minha mãe nunca gostou propriamente de ti, Alma. Ela devia ter as suas razões.

No dia 26 de junho de 2018, precisamente no dia anterior ao meu aniversário, encontramo-nos e estivemos um tempo juntos. Passámos um bom bocado. Relembrámos o passado. Falámos dos nossos erros e dos nossos acertos. Acima de tudo, fomos completamente sinceros um com o outro. Pelo menos, eu fui e quero acreditar que tu também foste, Alma. Será que já naquele dia me mentias, Alma?

Nos primeiros tempos e principalmente naquela noite em que me mandaste mensagem, existia uma dúvida no meu coração. Porque é que te reaproximaste de mim, Alma? E, se bem me lembro, fiz-te exactamente essa pergunta. Sinceramente já não sei qual foi a tua resposta. Se, pelo menos, ainda tivesse as nossas mensagens, poderia dizer com precisão qual foi. Independentemente disso, penso que a tua resposta me terá convencido porque rapidamente o meu coração se esqueceu dessa dúvida.

E o tempo foi passando. Fomos mantendo uma amizade parecida à que tínhamos em 2015. Falávamos por mensagem e tentávamos marcar encontros que nunca chegaram a acontecer. Mas, acima de tudo, estávamos felizes por termos resolvido todos os assuntos pendentes entre nós e por termos assumido os nossos erros. Pelo menos, eu estava. Tinha tido tempo suficiente para reconhecer que tinha cometido um erro ao acabar contigo, Alma. Ter-te trocado por uma pessoa que não merecia o meu amor.

Mas, o início de um novo ano lectivo trouxe complicações que levaram a um desfecho um pouco trágico na nossa relação, Alma.

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