Capítulo 18

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Muitas foram as mudanças que ocorreram em mim desde que te deixei, Alma. Mudei o meu comportamento, mudei a minha forma de analisar as pessoas, mudei até o estilo de música que escuto. Foquei-me em músicas mais calmas e que contavam uma história semelhante ao que estava a sentir. Passei a ouvir músicas com as quais me identificava totalmente. Tive a oportunidade de conhecer novos artistas e afastei-me das músicas mais comerciais.

Passei a viver em função das minhas vontades e não em função das vontades dos outros. Aos poucos, foi recuperando. Sabia que o percurso que tinha de percorrer era tumultuoso e que existiriam momentos em que só me apeteceria desistir. Mas, sabia que poderia contar com os meus anjos para me aconselharem e para me guiarem.

E por falar neles, no dia 27 de junho de 2019, o meu maior anjo mandou-me screenshots de tweets teus, Alma. Não sei se ainda te lembras do que escreveste neles ou porque os escreveste. Esses tweets foram, de certa forma, a minha salvação. Nestes tweets, contaste um pouco da tua história desse ano. Disseste como te sentias, explicaste o que fizeste e deste razões para o teres feito. Acho que, pela primeira vez em algum tempo, foste totalmente sincero contigo e com os outros.

Depois de ter lido os teus tweets, Alma, perdoei-te. Era a única coisa que eu ainda precisava de fazer para conseguir esquecer-te de vez e começar de novo. E esse foi, talvez, o último dia em que pensei totalmente na nossa história e tentei digerir tudo. Percebi todos os erros que tínhamos cometido. Percebi que, por muito próximos que pudéssemos ter sido em 2016, já não éramos os mesmos. Tínhamos crescido, tínhamos experienciado muitas coisas e muitos sentimentos e, de certa forma, já não éramos um do outro. Já não compartilhávamos os mesmos pensamentos, os mesmos gostos e as mesmas experiências e opiniões.

"Perdoei-te no momento em que me feriste. E continuo a perdoar-te porque o perdão é a única coisa que ainda te posso dar. Nada resta, nem mesmo o amor."

Comecei a tentar esquecer-te. Procurei focar-me em mim e em todo o que sentia. Refugiem-me na pintura. Exteriorizava todo o que sentia. Tentava manter-me ocupada o máximo de tempo que conseguia. Não queria ter tempo para pensar porque sabia que se o tivesse irremediavelmente iria pensar em ti, Alma. Ia sentir todo o que não queria mais sentir. E ia sentir-me culpada. Durante demasiado tempo, senti-me culpada por todo o que se passou. Mas, até a culpa acabou por me abandonar.

Sempre que chegava a noite, ficava difícil conciliar a realidade com as vontades do coração e, por isso, durante uns meses, era costume sonhar contigo, Alma. Independentemente das circunstâncias do sonho, este acabava sempre com uma reconciliação que eu sabia que nunca iria existir na realidade. E, todas as manhãs, sentia que os meus esforços não eram suficientes contra a vontade que o meu coração tinha em continuar a amar-te, Alma.

Por vezes, escrevia à noite na tentativa de manter a minha cabeça afastada de ti durante o sono. Pequenos parágrafos. Ideias soltas.

"Vejo o teu fantasma em cada reflexo meu. Vejo o teu fantasma em cada sítio que frequento. Sou dominada pela ansiedade. Procuro um escape. Encontro-o, mas já é demasiado tarde."

" Transbordo sentimentos. Nem todos positivos. Sinto-me presa. Presa ao passado."

AlmasOnde histórias criam vida. Descubra agora