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Fic dedicada à minha linda amiga AriSanRoman80

Levávamos aquela rotina à meses. Eu, Maria, minha mãe e as enfermeiras cuidando da Agatha, procuravamos mantê-la bem e confortável. Mais com o passar dos dias ela ficava mais debilitada ainda, fora as dores que tomavam conta de seu pequeno corpinho. Nós não sabíamos mais o que era dormir, passávamos noite pós noite ao lado de sua cama, velando seu sono. O medo de dormir e perdê-la era enorme. Agatha era uma velinha que estava prestes à ser apagada. Naquela manhã eu e minha mãe tínhamos que ir para uma reunião na empresa, não poderíamos faltar de forma alguma. Apesar de tudo minha cabeça estaria em casa, em nossa menina.

Estevão: Meu amor, já estamos indo - falei entrando no quarto - assim que acabar volto para casa... qualquer coisa me liga - me ajoelhei ao lado da cama da minha filha - minha menina... o papai precisa ir... tenho uma reunião... mas te prometo que assim que terminar, volto e vamos brincar de tomar chazinho... papai vai ser seu príncipe.

Agatha: Sempre foi meu príncipe... meu herói... eu te amo papai... te amo muito... até as estrelas... te amo uma infinidade... obrigada por ter sido o melhor papai do mundo... meu amigo... meu herói - sussurrei fraco.

Estevão: Minha menina - toquei seu rostinho emocionado com suas palavras... ela era tão pequenina, mas tão sábia... tão inteligente - eu quem te agradeço por ter me dado o privilégio de ser seu paizinho... você é o meu mundo... é a minha pequena vidinha... foi feita com muito amor... moldada no mais puro e precioso amor... - deixei uma lágrima sair - papai queria dar à vida para te tirar dessa cama... para te ver correr naquele imenso jardim... para tomar chazinho... brincar de bola... o papai te ama até as estrelas, indo e voltando.

Agatha: Eu sei paizinho... sempre soube... me promete que nunca vai me esquecer... que sempre vai me amar... que vai cuidar da minha casinha... da minha mamãe... do Be e da vovozinha também.

Estevão: Como poderei esquecer a princesinha que me ensinou a ser pai? Que me mostrou o verdadeiro significado da vida? Sempre vou me lembrar de você... de tudo meu amor... vou cuidar de todo mundo... vou cuidar de você sempre... sempre - sussurrei beijando sua testa... meus olhos queriam deixar tudo sair... mas eu não podia... não na frente dela.

Os olhei ali na cama e me aproximei achando aquela cena linda e emocionante. Apesar da dor que tínhamos, a nossa menina sempre nos fazia sorrir para ela... por ela. Era doloroso admitir, mas nossa menina estava nos deixando pouco a pouco e isso estava me matando também... ver a sua dor, seu medo e ao mesmo tempo coragem, me impactavam fortemente. Eu queria poder estar em seu lugar, sentir o que ela estava sentindo e tirar toda sua dor.

Maria: Não fala assim meu amor... - falei com lágrimas nos olhos e me abaixei ao lado deles - você não vai nos deixa...- lhe sorri fraco - ainda vamos viver muitas coisas juntos...- tentava me enganar com minhas próprias palavras.

Agatha: Tudo bem mamãe - segurei sua mão - não precisa ter medo... eu também paizinho... vou cuidar de vocês sempre - beijei seu rosto como podia.

Estevão: Descansa meu amor... papai volta logo e vamos brincar de chazinho... eu te amo - sussurrei beijando Maria - qualquer coisa me ligue e volto... tem prioridade - me despedi delas e sai.

Vi o Estevão sair, sentei ali no chão segurando a mãozinha dela e acariciei seus cabelos.

Maria: Você vai fica bem minha vida... eu sei que vai...- lhe sorri fraco - descansa um pouco tá?... não faz muito esforço não.

Agatha: Deita comigo mamãe - sussurrei fraco.

Me levantei do chão, me deitei ao seu lado e lhe ajeitei em meus braços, com cuidado e calma. Beijei seus cabelos e acariciei de leve seu rostinho.

Maria: A mamãe tá aqui, está bem ?... vou cuidar de você meu amor.

Agatha: Vai doer mamãe? - me ajeitei em seus braços, fechando meus olhos ao sentir suas carícias.

Maria: O quê meu amor?...- perguntei baixinho... não queria admitir, mas sabia o que ela estava querendo me perguntar.

Agatha: Vai doer quando eu morrer? - à olhei - eu sonhei mamãe... um anjinho veio me buscar... mas eu não quero te ver sofrendo... nem o papai - toquei seu rosto - eu amo muito vocês... sei que um dia vai chegar alguém, que vai suprir toda falta que eu vou fazer.

A olhei e já não consegui não chorar. Minha menina estava ciente do que iria lhe acontecer.

Maria: Não meu amor... você não vai morrer... só vai dormir... vai morar com o papai do céu... vai ser um anjinho lá também...- segurei sua mãozinha - vai ser sempre minha anjinha.

Agatha: Me promete que vai ser feliz... que vai cuidar do meu irmãozinho... que vai fazer nossa viagem... vai levar o Be e a minha irmãzinha para disney, como me levou quando fiz meus quatro anos... eu te amo mamãe... sempre estarei aqui - toquei eu peito.

Maria: Oh meu amor... como a mamãe vai ser feliz sem você?... eu prometo que vou cuidar do seu irmãozinho sim meu amor... vou fazer tudo o que você me pedir minha vida... mas a mamãe só tem você de filha meu amor... de que irmãzinha está falando?...- acariciei seus cabelos e senti ela tocar meu peito - eu também te amo minha vida.. estará sim...- falei sofrida - sempre... sempre minha bonequinha... sempre.

Agatha: Vai sim mamãe... eu sei que um dia vai... um dia vai entender tudo - beijei seu rosto - obrigada mamãe... foi meu anjo todos esses anos... me deu tudo que eu precisei... foi a melhor mãe que eu poderia ter... eu te amo até as estrelas - lhe abracei forte.

Lhe prendi contra meu corpo e chorei forte, mas logo me contive.

Maria: Você quem foi o meu anjo minha filha... me deu sentindo... o sentido de amar... de ser mãe... se eu pudesse, daria minha vida pela sua meu amor... daria tudo só para ver você bem outra vez.. te amo minha linda... minha florzinha... meu mundo...- falava baixinho perto de seu ouvido.

Agatha: Vai ficar tudo bem mamãe... tudo vai acabar... essa dor vai passar... assim como a sua... a do papai... e da vovó... não me deixa sozinha - sussurrei abraçada a ela.

Maria: Não vou deixar meu amor... a mamãe vai ficar aqui com você... ai minha bonequinha...- acariciava ela e lhe beijei o rosto algumas vezes com carinho e calma.

Agatha: Mamãe canta uma música para mim - sussurrei de olhos fechados, sentindo suas carícias.

No carro...

Entrei no carro com minha mãe e seguimos viagem. Estava calado, fechei meus olhos e senti uma lágrima e outra sair ao lembrar de tudo que ela havia me falado. De seu rostinho que transmitia tanta paz.

Estevão: Desde o momento que acordei, sinto uma dor em meu peito... uma vontade absurda de chorar... e... e agora quando sai de casa... senti que Agatha estava se despedindo... foi um adeus mamãe... - sussurrei olhando para fora do carro.

Sônia: Meu filho...- segurei em seu braço... lhe ouvir dizer aquilo foi como uma facada em meu peito - não pensei nisso Estevão... pensei que ela apenas estava te dizendo que te ama muito...- falei com a voz embargada - e se foi um adeus, pelo menos sabemos que ela esteve feliz ao nosso lado meu amor... e que ela está conformada.

Estevão: Como ver uma filha morrer? - a olhei.

Sônia: Sei que não é fácil meu filho... mas teremos que em algum momento aceitar isso...- senti as lágrimas rolarem.

César: Conviver mamãe... mas aceitar? Isso nunca - sequei seu rosto - não posso aceitar isso - falei com raiva.

Sônia: Eu sei Estevão... mas você não pode criar essa raiva dentro de si... ela não iria querer que você ficasse assim, e sabe disso.

Estevão: Me desculpe - respirei fundo - vamos!... temos muito que fazer - falei saindo do carro ao vê-lo parar.

Sônia: Vamos...- falei após suspirar pesado e sai do carro indo logo atrás dele.

Entramos na empresa e seguimos para minha sala, organizei minhas coisas e fomos para a sala de reuniões.

Continua...

Sálvame ❤️ Despiértame ❤️ Rescátame - Maria y Estevão  (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora