CAPÍTULO 33-ESTELA PERDE O CONTROLE SOBRE DIOGO

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(ALERTA: ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!)


Estela percebeu que o neto estava ficando cada vez mais nervoso ao abrir as portas dos quartos, olhar debaixo das camas, dentro dos armários e parecer não encontrar o que procurava!

_Onde ele está?_perguntou Diogo deixando a avó confusa.

_Onde está quem, meu amor?_ela falou com cuidado, por temer que a qualquer momento  ele fugisse dali novamente, como há sete anos.

Diogo encarou a avó com as mãos nos quadris e deu uma risadinha divertida, imaginando que ela ainda estivesse brincando com ele:

_O Mateus, quem mais seria?

Estela ficou paralisada olhando o neto: estaria ele tão afetado pela droga que perdera a sanidade? Ela ouvira direito: ele procurava o primo falecido debaixo das camas e dentro dos armários?

Um momento de silêncio...um medo surdo crescendo no peito da escritora...uma crise de pânico se aproximando diante da possibilidade dela ter que dar ao neto amado a notícia de que o namorado estava morto!

A escritora desejou que a amiga psicóloga estivesse ali ao seu lado. Por que não chamara Helena? Lembrou-se: porque ela  achava que o neto ainda era o seu anjo doce e calmo que lhe fazia carinho a todo momento quando ainda era criança...teria se enganado?

_Estela, onde está o Mateus?_Diogo repetiu com menos leveza do que da primeira vez, novamente percebendo que aquela brincadeira já perdera a graça.

Estela o olhou sem saber o que responder...deveria falar a verdade, ou enrolar dizendo um "Mateus volta logo" e pedir que alguém mandasse a amiga psicóloga vir logo?

_Estela..._falou  Diogo impaciente._Por favor, eu estou louco pra ver o Mateus e confesso que esta brincadeira já está ficando sem graça.

O tempo parou em volta dos dois...e Estela teria ouvido as gargalhadas e o desdém dos espíritos sem luz que acompanhavam Diogo naquele momento e já comemoravam a perspectiva de a confundir, torturar, aprisionar na mesma  loucura do neto!

"O diabo é um cão amarrado...só ataca se nós dele nos aproximarmos", a escritora ouvira certa vez,  e Diogo não só se aproximara, como também o soltara e agora o atiçaria sobre a avó!

Coube ao espírito de Aline, já velha conhecida de Estela, estar alerta para socorrer aquela que tantas vezes tornou concreto algum texto que Aline lhe ditava.

Estela oscilava entre um desejo enorme de encurtar a distância entre os dois e aninhar  o neto em seus braços, antes de lhe avivar a mente ilusória de que o namorado falecido estava ali, revelando o desencarne de Mateus...ou inventar alguma justificativa mais aceitável para a ausência de Mateus.

A escritora se deu conta de que queria naquele momento exigir algo que lhe fora roubado há sete anos: o direito de chorar seu neto morto nos braços do neto vivo! 

Ela se lembrava do quanto chorara nos braços de Helena quando a psicóloga viera lhe informar que o neto sobrevivente partira imediatamente após o enterro de Mateus indo morar com os pais. Estela sabia que só a presença dele naquele momento terrível poderia lhe aliviar o coração.

Somente avó e neto sabiam a dor que estava sendo, há sete anos, ter que encarar aquela tragédia...só os dois poderiam se fortalecer...tentar se consolar...tentar enxertar um no outro a parte que lhes fora arrancada de forma tão cruel: Mateus ainda jovem, ainda cheio de vida, cheio de planos...

Aline tentava passar à sua protegida energias de luz e sabedoria para que ela não cedesse às sombras que lhe embotavam a visão, mas Estela estava fraca demais...exposta demais...carente demais...

QUANDO O AMOR ENLOUQUECE!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora