CAPÍTULO 28-O QUE JOÃO DISSE A DIOGO...

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 (ALERTA: ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!) 


Diogo estava incomodado com aquele homem o encarando daquele jeito.

João parecia ter aproximadamente sessenta anos...rosto murcho...queimado de sol...marcado pela vida...Era mais escuro do que Diogo, estava mais forte do que Diogo, era mais alto e já estava com os cabelos grisalhos e ralos nas têmporas.

Diogo avaliou a possibilidade do estranho o atacar enquanto estivesse dormindo, mas logo descartou a ideia: definitivamente não iria dormir naquela noite. Primeiro porque a insônia estava cada vez mais presente em sua vida, segundo porque as dores no corpo ainda o atormentavam e terceiro que não dava pra dormir com um provável inimigo o observando.

O dono da casa talvez ficasse intimidado em negar abrigo a alguém que lhe pedisse, salvo Diogo que foi convidado por ele. Talvez aquele homem ali (será que realmente se chamava João?) lhe tivesse feito favores e agora os vinha cobrar pedindo um lugar pra passar aquela noite. Precisaria realmente passar aquela noite ali a fim de não perder a carona? 

A noite arrastou-se lentamente e o homem só se mexia para alimentar o fogo com a lenha bem cortada que estava empilhada numa caixa de papelão num canto.

As dores...a desconfiança...não tinha realmente como Diogo dormir. Percebeu que aquela seria, de longe, a noite mais longa de sua vida!

Num dado momento, João levantou-se ainda encarando o rapaz, pegou um pedaço da madeira que queimava ainda acesa, feito um archote num ritual macabro, e saiu em direção à porta. 

_Venha comigo._falou com Diogo quando passou por ele.

O homem não o convidou...poderia me seguir por favor? Não...ele praticamente ordenou!

O rapaz engoliu em seco imaginando que talvez aquele homem quisesse convidá-lo para incendiarem a casa do borracheiro enquanto ele dormia e depois fugirem com as ferramentas que estavam organizadas numa mesa do lado de fora. Quem sabe não iria matar por puro sadismo? Ou mesmo por vingança por algo que o outro tivesse feito para o magoar? 

Diogo não se moveu imediatamente e avaliava as opções: ficar ali e correr o risco de ser queimado, caso o estranho estivesse indo realmente incendiar a casa por fora...esmurrar a porta do dono da casa e pedir socorro deduzindo o ataque...ou sair dali, esquecer aquilo tudo  e tentar uma carona na beira da estrada...

Ridícula aquela situação! Ele não conhecia o dono da casa...nem mesmo lembrava-se se ele tinha se apresentado...muito menos o homem que o convidava pra fora da casa. Por que esperaria algo sociável e familiar beirando a solidariedade do Bom Samaritano citado por Estela?

Olhou para um relógio que estava na parede. Já passava da meia-noite e ele não precisaria realmente esperar mais do que cinco horas...até menos...para tudo clarear e mostrar que as sombras da noite haviam feito o seu trabalho de o assustar criando fantasiosas cenas de terror.

De repente, a pequena cozinha o sufocou e ele viu que o fogo esfriara com a subtração de sua principal fonte de alimentação, que agora estava nas mãos do estranho do lado de fora.

A cozinha ficou fria e uma brisa gelada (ela estava ali antes?) soprou arrepiando o corpo do acidentado. Avaliou se seria impressão sua...se seria medo...se seria consequência dos ferimentos que ainda doíam pra caramba!

A falta da erva do Diabo, concluiu logo! Já se acostumara a fumar maconha todas as noites desde que começara, alguns meses  após a partida de Mateus. Devia ser a abstinência lhe pregando peças, era isso! Ele precisava de maconha e analisou se o dono da casa a escondia em algum daqueles potes de plástico enfileirados na prateleira. 

QUANDO O AMOR ENLOUQUECE!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora