CAPÍTULO 27-O ACIDENTE

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(ALERTA! ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!)


Diogo  ficava ali escondido, atrás de alguns jazigos...só esperando pra rever a avó.

Que demorasse o dia todo, pois ele chegava nas primeiras luzes do dia, pilotando a sua moto, para esperar Estela chegar.

Estela estava bem mais magra...bem mais velha...cabeça quase raspada, exaurida da energia gostosa da juventude alimentada e perpetuada  pela presença dos netos em sua casa.

Diogo a via se aproximar...ela sempre chorava enquanto alisava o túmulo...sempre trazia um pano limpo para limpar tudo ali...um pouco de água...um vasinho de flores...orava e ia embora sem nunca olhar pra trás.

Diogo esperava ela sumir no fim da rua, para somente aí ligar a moto e sair a toda velocidade em sentido contrário afastando-se de Estela...da fazenda...do lar amado de sua infância ao lado de Mateus.

Nestes dias, ele tentava, mais uma vez, desafiar a morte, mas ela definitivamente não o queria.

Será que era pra ele também ter morrido naquele dia e por ter estragado o projeto de Deus estava sendo agora castigado? Mas era pra ele ter feito o quê? Se jogado debaixo de algum dos carros que iam e vinham? Não houve uma segunda bala pra ele!

Por poucos centímetros, a bala teria acertado nele e não em Mateus...ou se ele não tivesse pulado no chão tão rápido, talvez a bala pudesse ter atravessado o corpo dos dois e agora estariam ambos mortos...Esse e outros pensamentos  atormentavam Diogo  incessantemente e de forma enlouquecedora!

O neto sobrevivente de Estela caía...se esfolava todo...fraturava às vezes  uma costela...um tornozelo...um punho...nada fatal...nada que o levasse para junto de Mateus.

Uma ideia maldita lhe sussurrava que o primo tinha ido para o inferno atentar o diabo sobre a santidade de Deus e que para segui-lo deveria se esforçar mais um pouco...agir e pensar como Mateus!

Diogo, ao contrário de Mateus, não falava mal de Deus...porque o deletara...o banira  completamente de sua vida!

Deus  quis lhe sacanear a vida (Diogo sabia que seria a conclusão de Mateus)...quis se exibir dizendo que era Ele quem decidia a hora de matar o seu amor. O mais óbvio seria torrar o seu amado com aquele raio em cima da serra...mas Ele quis ser mais sutil e atacar, executar Mateus  quando ninguém esperava.

Um corpo tão grande...dos pés ao alto da cabeça...mas o tiro entrara justamente ali...num ponto da nuca...num ponto letal e a bala entrou fazendo um estrago  em tudo que pudesse ter dado a chance de um socorro...teve que ser aquela  execução covarde, sem dar tempo de Mateus lutar pela própria vida!

Diogo se arriscava  mais uma vez acelerando a moto cada vez mais!

Às vezes tinha um desejo insano de pilotar em alta velocidade sem o capacete e gritar, soltando as mãos, feito Mateus faria: "te desafio a me parar agora! Se tem mesmo poder...me mate agora!" Deus o ouviria?

A mente, boa serva, mas cruel patroa, o torturava com todas aquelas dúvidas...todas aquelas  perguntas sem respostas.

Teria feito diferença se tivesse sido uma morte que tomasse todas as páginas do jornal? Um acidente de avião...uma troca de tiros entre um batalhão de policiais e uma quadrilha  numa tentativa de assalto a um banco...um suicídio em praça pública? Seria uma morte mais digna se ele tivesse contraído um câncer e tivesse, como o tio, ficado apodrecendo por anos numa cama?

Tantas dúvidas que torturavam a mente cansada de Diogo em suas noites terrivelmente solitárias. Essas dúvidas seriam menores se Estela estivesse ali com ele?

QUANDO O AMOR ENLOUQUECE!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora