CAPÍTULO 57-"ASSIM EU NÃO QUERO..."

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(ALERTA! ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!)


Cecília colocou o pote de geleia de amoras, as torradas e o chá de erva cidreira sobre a mesa. 

Era bem provável que Leandro não iria comer nada, mas ela sentiu necessidade de tentar fazer algo para minimizar aquela situação.

O rapaz tinha sido exposto na frente de pessoas até então estranhas, em sua maioria, e teve a sua intimidade revelada.

Mesmo que as pessoas da mesa estivessem acostumadas a todo tipo de incorporação, inclusive aquelas que, como Sabrina, só vinham para infernizar, fora realmente chocante.

Sabrina não veio pra aliviar, apenas para provocar uma situação que servisse não para unir Leandro e Diogo, mas para afastar um do outro.

Cecília sentiu que ela também precisava de um chá, pois estava ainda abalada por tudo o que ouvira.

Seu filho amado, abençoado e muito querido sempre fora muito discreto...não merecia aquela exposição toda! Talvez Estela tivesse errado em insistir para que o neto viesse para a mesa...mas não cabia a ela, Cecília, julgar aquilo e ela afastou aquele julgamento envergonhada. 

Ela sabia que o filho era homossexual...sabia que também Diogo...mas era difícil ouvir aquela revelação sem ficar tocada: então Mateus fora o ativo na vida anterior, agora era passivo e Diogo sentiria dificuldades em aceitar aquilo. Aquele era sim um problema real.

A mãe não pediu permissão para servir o filho. Encheu a xícara e passou a geleia em três torradas pequenas e finas. Eles preferiam comprar o pão dormido, por ser mais barato, e aí fazerem as torradas no forno do fogão à lenha, assim evitando gastar o gás. 

Leandro pegou a xícara que a mãe lhe ofereceu, bebeu um pouco do chá. Estava como ele gostava: bem forte, pouco açúcar e não muito quente. Aquela era a sua mãe amada e sabia daquela sua preferência.

_Mãezinha..._ele segurou as mãos da mãe sobre a mesa._Eu sinto muito tê-la feito passar por aquilo...foi horrível!

Aquele era o melhor filho do mundo, a mãe admitia: devia estar assustado, arrasado, mas primeiro tinha que cuidar do bem-estar dela. Sempre fora assim e ela sabia que se dissesse pra ele naquele momento pra ir atrás de Diogo a fim de se acertarem logo...ele engoliria todo o seu orgulho e o faria apenas para agradá-la.

_Não foi sua culpa, querido, mas do espírito da mãe de Mateus. Estela já havia me contado. Ela era usuária de drogas, nunca deu certo com o filho que era muito rebelde. No fim da vida, precisou ser internada numa clínica psiquiátrica. Durante um incêndio, ela escondeu-se num armário e morreu queimada. _resumiu Cecília._Ainda precisa de muita oração e de muita luz.

Leandro não disse nada, apenas sentiu pena da pobre mulher que diziam que fora a sua mãe.

_Não a sinto como a  minha mãe..._gemeu o rapaz._Não consigo.

_Deus seja louvado, porque depois do que ela fez hoje, você se sentiria péssimo, filho se tivesse essa consciência de tão grande proximidade entre vocês!

_Minha cabeça está muito confusa, mãe...muito confusa. 

_Eu sei, meu amor...eu sei...

_Eu não me sinto filho de outra pessoa a não ser a senhora...e sou muito feliz por isso.

_Eu sei, meu amor.

_A senhora sabe que tive empatia por Estela Dantas assim que eu a vi, ela veio, me abraçou, chorou nos meus braços...mas agora, não sei se seria porque ela foi tão sensível comigo, ou se é porque ela abriga em si algo da minha falecida tia Aline...

QUANDO O AMOR ENLOUQUECE!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora