-Oh eu não sabia que tínhamos hóspedes!
Lionel Luthor disse ao sentar-se a mesa naquela manhã ao ver Lena tomando café.
-Quanta formalidade, eu sou de casa!
A morena que parecia presa nos próprios pensamentos antes, respondeu olhando-o com um pequeno sorriso. Decidiu que desceria para tomar café da manhã ao invés de tê-lo na cama, estava presa aos próprios pensamentos desde que acordara. Ela demorou a dormir noite passada, o barulho dos devaneios em sua cabeça se fez na calada da noite e tornou-se mais barulhento.
-E o que faz aqui senhorita-eu-sou-de-casa? Passando as férias na casa da mamãe?
O homem perguntou bem humorado servindo-se e Lena parou para observá-lo. Oh ela estava com problemas, foi o que o senhor Luthor constatou quando sentira o olhar da filha sobre si o observando. Lena havia adquirido a mania de observar o pai quando queria perguntá-lo algo e, na maioria das vezes aquilo significava que ela estava com problemas.
-Bem...
Ela começou e tornou a olhar para o próprio café agora que tinha a atenção do pai.
-Problemas sentimentais.
Confessou soltando uma lufada de ar demorada.
-Oh... Conte-me.
-Eu sempre observei a Kara, desde que a conheci. Mas desde que me apaixonei por Sam esse fato tornou-se quase irrelevante, éramos três. Sam estava feliz que eu fosse próxima da melhor amiga dela e que a melhor amiga dela também gostasse de mim, estava feliz que nos déssemos bem. Mas então... A minha namorada se foi, e eu sinto muita a falta dela mesmo pai, mas... Eu tenho sentido coisas em relação à Kara! Quando perdemos a Sam nós nos seguramos uma na outra e nos apoiamos como sabemos que a própria Sam iria querer, mas essa aproximação acabou me fazendo sentir coisas por Kara além do que eu devia. Nunca fomos tão próximas, nós só achávamos que tínhamos sido. Quando ficamos apenas nós duas havia certo abismo entre nós e tivemos de tirá-lo dali e nós tiramos, no entanto quando tiramos nós... Beijamo-nos?
Perguntou confusa.
-E ainda tem isso. Ela me beijou de volta e não foi coisa de segundos, então... Ela se sente da mesma perdida forma em relação a mim? Eu estou confusa, eu não devia fazer isso com Sam, Kara era irmãzinha dela para a vida toda.
-É... Parece que você realmente tem um problema aqui. Querida, você está confusa e se continuar pensando tanto nisso a sua cabeça irá explodir, então por que não dá tempo ao tempo? Eu entendo a sua posição, mas primeiro tente entender do que isso se trata, do que é, como é, como irá lidar com isso e depois tire as conclusões. Mas não fique se punindo agora quando você está completamente perdida nisso tudo. E o mais importante, eu tenho certeza que Sam iria querer vê-la feliz de qualquer jeito, solteira e rabugenta, compromissada mesmo que pudesse ser com alguém tão próximo a ela ou solteira e rabugenta com sete gatos.
***
-Eu queria que você estivesse aqui para gritar comigo ou para me dar um tapa por eu me sentir tão naturalmente atraída por ela, por eu ter a beijado, por não conseguir esquecer o gosto do beijo dela... Eu acho que mereço um tapa seu, eu não mereço? Eu não contei para ninguém... Bem, eu contei a uma vendedora. Mas eu não posso contar ao Brainy porque Imra é prima dele e eu estou com muita vergonha de contar algo assim para a minha mãe.
Kara disse baixando a cabeça frente à lápide de Samantha desejando profundamente, fortemente que ela nunca tivesse ido e talvez as coisas não estivessem daquele jeito. Talvez aquilo nem tivesse acontecido, então ela sentou-se escorando as mãos no chão e depositando seu peso enquanto olhou para o céu completamente despido de nuvens.
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Cartas • SuperCorp
FanfictionVocê já teve um bem em comum com alguém? Um bem que você não se imagina sem? Ou está tão acostumado com ele que não passa pelas ruas de seus pensamentos que um dia possa perdê-lo? Um bem irreparável, insubstituível. E se esse bem for uma pessoa? Kar...