QUANDO VOCÊ ME OLHA ASSIM

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Um cheiro familiar. Uma sensação preguiçosa. Olhos cerrados. Sono ainda presente e carinho nas costas. Seu rosto estava contra o tecido do lençol que estava por sobre a barriga da outra. Ela não queria levantar a cabeça, não queria ter de encarar consequências de nada ou qualquer coisa derivada disso. Por ela, ficaria apenas ali, com o rosto contra a barriga dela, recebendo aquele carinho nas costas e com os olhos fechados.

Mas de nada adiantaria, uma hora ou outra ela teria de acordar de qualquer forma e de encarar aquilo. Então Kara Danvers levantou a cabeça com uma expressão adoravelmente sonolenta e alguns fios de cabelo frente ao seu rosto, ela a apoiou o queixo na barriga da morena que parecia já estar olhando-a fixamente a um bom tempo. A luz natural da manhã que entrava pela janela do quarto fazia o verde de seus olhos parecerem mais claros.

-Ah, você acordou.

Lena disse com o esboço de um sorriso torto no canto esquerdo de seus lábios que não mostrava seus dentes.

-Pois é... Temos muito que fazer hoje, nós não temos?

Kara disse pondo os fios de cabelo frente ao seu rosto no lugar e retirando o seu corpo de cima do corpo de Lena, sentando-se na cama.

-Kara...

Lena começou vendo-a sentar-se a beira esquerda da cama.

-Hm?

Ela perguntou mesmo sabendo o que viria a seguir, podia ver Lena com as costas escoradas na cabeceira da cama se a olhasse de soslaio. E a verdade era que acordar e deparar-se com ela nua e envolvida apenas com um lençol, com seus belos olhos verdes direcionando o olhar sobre seu rosto e os cabelos negros revoltos era algo do qual ela não podia reclamar.

-Nós precisamos conversar sobre isso, você sabe... Nós. O que nós fizemos ontem, e o beijo, o quase beijo, sobre essa tensão que nós tentamos ignorar e...

-Lee, por favor.

Kara a interrompeu virando-se para fitá-la novamente.

-Eu não... Eu não quero falar sobre isso.

Pediu sentindo seu coração já ficar em alerta com algumas batidas aceleradas temendo o que pudesse sair daquela conversa. Não se importava de estar sentindo algo covarde como aquilo, como a vontade de se ver longe daquele assunto, mas manteve sua postura quanto pôde.

-Mas nós precisamos. Eu preciso, muito.

O tom de Lena era pura súplica. Uma súplica para compreender o que estava acontecendo antes que realmente perdesse a sua mente, antes que aquilo tudo a levasse a total loucura. Kara sentiu o coração apertar com o pedido, e sabia que era em fato verdade. Que conversariam sobre aquilo de qualquer forma, Kara virou-se para Lena novamente e suspirou.

-Nós podemos apenas aproveitar o lugar? Quando... Nós voltarmos para National City, nós duas iremos conversar sobre isso.

-Mesmo?

Lena perguntou para se certificar.

-Mesmo.

A loira respondera por fim e as duas trocaram pequenos sorrisos.

-Quer descer ou vamos tomar café da manhã aqui?

Lena perguntou arqueando a sobrancelha esquerda.

-Nós não iríamos usar a piscina?

Kara perguntou retoricamente levantando.

-Oh sim!

Lena disse lembrando-se que haviam de fato combinado de fazê-lo após o café da manhã. Kara saiu do cômodo para tomar banho no banheiro do quarto no qual se hospedou e Lena apenas a assistira sair de seu quarto após a loira vestir-se novamente. Quando a Luthor ouvira a porta do quarto bater deixou que suas costas deslizassem contra a cabeceira da cama com um sorriso bobo nos lábios sentindo-se estúpida por se sentir tão leve.

Cartas • SuperCorpOnde histórias criam vida. Descubra agora