25 ANOS ATRÁS
Em um importante castelo na Inglaterra um menino nasceu e cresceu.
Esse menino tinha o sangue dividido.
Seu nome era Arthur em homenagem ao rei da lenda. Seu sangue era ao mesmo tempo o mais nobre e o mais sujo.
Era inegável sua semelhança com seu pai e por isso foi assumido como bastardo.
Arthur era bastardo... Bastardo do rei, o filho de uma mera criada.
A rainha, insatisfeita, tornava a vida desse rapaz um suplício desde criança, perseguia e atormentava com humilhações e castigos, e até pagou a alguns meninos para lhe dar uma surra.
Mas a medida que o menino crescia ela já não podia atingi-lo. Arthur ficava cada vez mais forte e não demorou a se tornar o soldado mais habilidoso em duelos com a espada.
Poucos tinham coragem de tratá-lo mal ou com crueldade. O próprio rei não tinha afeto particular pelo filho mas o respeitava enquanto homem e guerreiro.
Henry, seu irmão mais novo e legítimo o admirava e era o único a tratar com carinho.
Um dia Arthur recebeu uma missão do seu pai.
Ir até a Irlanda espionar um de seus aliados e verificar se ele não estava planejando uma traição contra o rei.
Quando Arthur foi não imaginava que essa missão mudaria sua vida para sempre.
Mal chegou a Irlanda foi cercado por um grupo de dez bandidos.
Pegou sua espada e se preparou para lutar.
Para a sua surpresa uma flecha saída de cima de uma árvore acertou o ombro de um dos bandidos.
–Mas o que é isso?
Outra flecha veio das árvores, acertando outro homem.
Quando a terceira também acertou, eles se puseram a correr.
Uma jovem, escondida, saiu de entre as folhas e sorriu para Arthur.
–Tudo bem? Eles não te machucaram?
Arthur olhou-a, chocado.
–Quem és?
–Apenas alguém que mora por perto e tem que vigiar o lugar para afastar bandidos caro senhor.
Ela desceu da árvore bem ágil.
–Tenho que me esforçar mais, eles têm a péssima mania de voltar para cá e tentar tirar dos aldeões o pouco que eles têm.
Ela logo saía, até Arthur conseguir reagir.
–Esperes! Não te agradeci!
–Fiz com gosto, senhor Desconhecido.
–Arthur. Meu nome é Arthur.
–Eu sou Niamh. Até um dia Arthur.
Ele pensou na mulher todos os dias que realizou sua investigação. Logo mandou para o rei uma carta explicando os pormenores.
Ele se perguntou quando a veria de novo.
Não percebeu que era seguido de longe por uma estranha mulher, que quebrou a ponte por onde ele passar.
Obrigado a desviar caminho, Arthur tentou passar por um vale, mas seu cavalo se assustou com uma cobra e o jogou para trás, o deixando desacordado.
Quando acordou percebeu estar em uma cabana, enfaixado e cheio de remédios.
Tentou se levanta, mas uma pequena mão delicada o empurrou de volta.
–Não. Vai abrir os ferimentos.
Ele ficou abismado.
–Niamh?!
Ela o olhou, curiosa.
–Sim, eu mesma.
–Como é possível eu estar aqui?
–Foste achado desacordado perto de onde eu moro. Então cuidei de ti.
Ele ficou admirado.
–Além de arqueira és curandeira? Quantas habilidades tendes?
–Algumas. -ela respondeu rindo.
Arthur também conheceu a mãe e a avó da bela ruiva, que não tirou da cabeça desde que a viu.
Foi tratado com carinho e cuidado e isso o tocou.
Quando melhorou mandou em segredo uma mensagem ao pai que não iria voltar.
Queria ficar ali, naquela aldeia, com cada uma das pessoas que o acolheram tão bem.
Flertava descaradamente com Niamh e não escondia seu interesse. Em pouco tempo a conquistou e ambos se casaram numa linda e simples celebração da aldeia.
A mesma mulher estranha os observava e sorria.
–Tudo conforme os planos do Senhor.
E assim levaram a vida. Arthur assumiu o sobrenome da esposa, Artegal, já que nunca foi lá muito apreciador da alcunha de bastardo do rei.
Com Niamh, sua mãe e sua avó ele sentia liberdade de ser a si mesmo, sem cobranças ou exigências, com elas não se sentia um bastardo.
Nada abalava seu amor, nem mesmo ao descobrir o poder que as três tinham.
–Hoje somos raras. -explicou sua sogra- só minha mãe e minha filha se transformam. É uma característica que está desaparecendo aos poucos de nosso sangue. Mas não posso dar garantias que suas filhas sejam como elas ou não.
–Filhas? Mas e filhos?
–É um dom feminino. Só mulheres. A minha sogra também era, deve ser por isso que minha filha herdou.
–Entendo.
–Agora sabes nosso segredo. Sabes quem realmente somos. Mas mantenha-se em silêncio, ninguém deve saber.
–Eu guardarei. Sabe-se lá o que fariam a minha Niamh.
Dias depois dessa conversa Niamh contou a família até estava grávida e todos comemoraram.
Nove meses depois, no exato dia em que Niamh e Arthur se casaram, o mundo foi presenteado com o nascimento de uma linda menina de cabelos ruivos.
Enquanto a olhavam embevecidos foram surpreendidos pela entrada de uma mulher com uma capa.
–A grandeza está com ela e dela virá a realeza. -profetizou.
–Mas o que...
E a mulher saiu tão rapidamente quanto entrou.
Confusos, olharam para a bebê.
O que o futuro reservava a pequena Aeryn?
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Um Highlander Em Minha Vida
Historical FictionQuando a aldeia de Aeryn é invadida, tudo que ela quer é garantir a segurança de sua irmã e impedir que ela e as outras jovens da aldeia sejam capturadas e abusadas pelos escoceses. E com isso, seu destino inesperadamente se entrelaça com o do chefe...