O choque de Cayden era total e imenso.
A coisa que menos esperava era flagrar sua irmã e sua cunhada em uma situação íntima.
Desviou os olhos e se virou.
–As duas! Vistam-se agora!
Ele estava prestes a explodir com todas as descobertas que fez naquele dia.
Sua esposa era uma harpia, a irmã dela também, e agora flagrou Eileen e Aghna tendo um caso.
Parecia ser o dia de deixar Cayden enlouquecido e sem saber o que fazer.
–Nós estamos vestidas agora.
Era a hora de confrontar a situação.
–A quanto tempo isto vem acontecendo entre as duas?
Ambas se olharam e ficaram em silêncio.
–Respondam!
–A... A pouco tempo. -falou Eileen, temerosa.
Cayden pôs as mãos na cabeça, desesperado.
–O que eu faço com vocês? Tem ideia do risco que as duas correm? Inferno!
–Irmão eu...
–Vão para os seus quartos. Agora. E não saiam dele.
Elas começaram a chorar.
–Andem!
Saíram de lá a passos rápidos.
Cayden foi direto para a sua cama, onde dormiu sozinho dessa vez, visto que Aeryn estava lhe dando espaço para que pudesse lidar com sua revelação.
Ele sabia que provavelmente o odiariam pela decisão que tomou, mas como irmão mais velho e líder do clã MacCionarth era inevitável tomar decisões desagradáveis, que não seriam muito populares entre os seus.
Havia ocasiões em que um líder precisa fazer escolhas difíceis pelo bem de todos.
Ele chamou Aeryn para uma conversa, um semblante sério e grave.
–Você está sabendo que sua irmã e a minha têm um caso?
–Heeein?
Aeryn ficou espantada, sem acreditar.
–Que brincadeira estranha é esta?
–Eu flagrei as duas Aeryn. E ainda por cima despidas.
O queixo dela caiu.
–O que?
–Exatamente.
–Aghna e Eileen junt...
Ela se lembrou da conversa que teve com a irmã, quando Aghna deixou a entender que poderia perder o amor dela por estar fazendo algo que podia ser considerado proibido.
–Era isso o que a incomodava! - disse com espanto.
Mas não esperava por uma notícia dessas.
–O que faremos?
–Eu já tomei a minha decisão. Mesmo que você me odeie por isso.
Ela ficou com medo.
–Que decisão?
Ele suspirou.
–Só há uma maneira de resolver o problema. Eu terei que mandar ou as duas ou sua irmã para longe.
–De jeito nenhum!
–Eu já decidi e não quero brigas. Nem choro, nem discussões. Aghna vai para um convento imediatamente.(...)
Ela não ainda não acreditava no que acontecia, mesmo vendo sua irmã arrumando suas coisas e se preparando para partir.
Sem pronunciar qualquer som, ela apenas observou, até Aghna terminar e a olhar.
–Me odeias? Pelo o que sou? Pelo o que fiz? Por... Amar... Ela?
Aeryn a abraçou com força.
–Eu nunca te odiaria. Nunca. Eu sempre vou te amar!
Em meio as lágrimas Aghna sorriu.
–Obrigada. Obrigada por ser minha irmã.
Foram até a carruagem.
Aghna entrou.
Ela olhou em volta, com tristeza.
–Deixo meu coração aqui.
E o cocheiro deu a partida.
De dentro do castelo alguém saiu a toda velocidade.
–Aghna! Aghna!
Eileen correu atrás da carruagem que se afastava rapidamente com o galope dos cavalos.
Alasdair a segurou. Ela tentou se soltar.
–Não! Me solta! AGHNA!
A ruiva se permitiu derramar algumas lágrimas de dentro do veículo.
Enquanto isso Alasdair não soltou a irmã.
–Sabes que não adianta. Sabes que ela não pode ficar junto a ti.
Eileen aos poucos parou de se debater e começou a chorar.
Alasdair sustentou seu peso e a abraçou para consolá-la.
Aeryn se segurou para não chorar de novo, por mais difícil que isso fosse, não queria demonstrar fraqueza.
A frustração, tristeza e raiva a preenchiam.
–Sei que agora me odeias. Mas prefiro ser odiado a permitir que isso vá em frente e ver minha irmã e minha cunhada serem mortas. Sabes muito bem o que fariam com as duas se isso entre elas continuasse.
Aeryn sabia. Tortura seguida de morte na fogueira era a pena de sodomitas. Sabia que Cayden estava praticamente salvando a vida das duas e impedindo uma grande tragédia. Se isso sequer saísse do castelo o mero fato de Cayden ter poupado a vida das duas seria passível de punições até para ele. Mas isso não tornava tudo mais fácil, nem menos doloroso para ninguém.
No íntimo entendia que Cayden teve que por a razão acima de suas emoções como irmão e marido para salvar a vida de todos eles, por mais que isso doesse, mas aceitar e processar essa decisão levava tempo.
Foi para longe, avisando que queria caminhar um pouco.
Cayden compreendeu e esperou.
E esperou.
E esperou.
A demora já durava horas.
Preocupado, mandou que a procurassem mesmo que isso a deixasse brava por ser interrompida no seu momento de paz.
Mas não esperava que o problema fosse ainda maior do que imaginava.
Para seu horror, um do seus homens voltou segurando o corpo de Aeryn no ombro.
Ele viu sangue em suas costas... E uma flecha cravada ali.
E o pior, a flecha tinha um cheiro forte e característico.
–Veneno?!
Desesperado, ordenou que a levassem para o quarto e chamou com rapidez um curandeiro.
O homem a examinou.
–As próximas horas serão bem decisivas senhor. Sua mulher é jovem e forte e só por isso consegue se manter combatendo esse veneno. Alguém mais frágil já teria morrido. Mas eu aviso, meu lord. Esteja preparado para o pior.
Depois que ele saiu, Cayden se ajoelhou no chão.
–Senhor por favor eu imploro a Vós por misericórdia. Perdi meus pais, perdi minha fé na união entre homem e mulher por causa da traição de Elena, minha irmã provavelmente me odeia por ter que tomar uma decisão que a faz sofrer mesmo que isso salve sua vida. Eu não aguento perder mais nada, eu não aguento perder mais ninguém, salve a minha esposa por favor, apenas isso, salve a vida dela, ela é a melhor entre as mulheres, ela me fez voltar a acreditar, voltar a sorrir, graças a ela percebo que posso ser feliz. Não tire-a de mim. Eu não vou aguentar.
Alguém bateu na porta. Quando Cayden abriu, uma mulher bela e estranha, com o rosto semi oculto pelo capuz lhe deu um frasco.
–Dê a ela.
–Quem é você?
–Amaranthine. Peço–lhe que a faça beber isso, vai curar o veneno. Não se preocupe, as duas vão ficar bem.
–Duas? Que duas? Antes que fizesse mais perguntas a mulher desapareceu.(...)
Ele não dormiu.
Segurando sua mão, velou ao seu lado a noite inteira.
Ela parecia serena e em paz.
–Abre os olhos. Por favor. Preciso ver esses olhos lindos de novo.
O medo, o susto, acabou o obrigando a olhar para dentro de si mesmo.
Ele teria que admitir.
–Eu amo você, Aeryn. -confessou em voz baixa.
Para seu choque, ouviu outra voz a lhe responder.
–Eu também te amo, Cayden.
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Um Highlander Em Minha Vida
Historical FictionQuando a aldeia de Aeryn é invadida, tudo que ela quer é garantir a segurança de sua irmã e impedir que ela e as outras jovens da aldeia sejam capturadas e abusadas pelos escoceses. E com isso, seu destino inesperadamente se entrelaça com o do chefe...