Tudo o que Aeryn queria era um pouco de paz e tranquilidade, mas sabia que não iria ter tão cedo.
Ela queria curtir melhor a gravidez, ter uma fagulha de felicidade genuína, mas sabia, aliás sentia, que logo viria algo mais para a atingir.
Saber que Elena foi capaz de mandar um mercenário para matá-la de tão longe a deixava nervosa e paranóica.
Sua vida mudou. Não era mais só ela para se defender, tinha uma pessoa dentro de si que precisava de proteção e cuidado, e quase morrer podendo levar seu bebê junto causou profundo efeito nela.
Aeryn MacCionarth tinha medo. Um medo extremo, que ela nunca imaginou sentir. Medo de perder o que o destino deu a ela.
Ela não queria perder o filho, ou o marido, ou alguém mais de sua família.
Uma terrível constatação se deu sobre ela.
"Quem tem muito a amar tem muito a perder", ela pensou.
Seus pensamentos são desviados quando alguém bate em sua porta.
–Senhora, mais uma mensagem importante chegou. Creio que seja da realeza.
Preocupada ela correu até o lado de fora, pegando a mensagem.
"Cara Lady Aeryn.
As cobras saíram do esconderijo.
Meu marido descobriu um monte de mensagens escondidas nas coisas de Elena, e entre elas tinha a compra de vários abortivos. Por "coincidência" nas mesmas épocas em que eu ficava grávida. Ao que parece meu marido tinha uma pequena suspeita mas não tinha provas. Infelizmente Elena já estava prevenida e fugiu com o marido tão logo a descoberta do que fez foi feita. Desconfio que uma das criadas foi paga para espionar o rei, assim informando para Elena qualquer coisa que saísse dos planos. É a única hipótese que me vem a mente nesse momento. E eu estava certa, ela estava roubando o rei também, muito ouro sumiu do cofre real.
Peço a ti para ter cuidado. Essa mulher tem ideia fixa no seu marido. Ela quer vingança e agora não tem nada a perder.
É um alívio não ter aqueles dois perto do meu filho, mas vocês dois estão em perigo.
Atenciosamente
Rainha Anne"
Se ela já estava nervosa, agora isso a deixava muito mais.
Procurou seu marido e mostrou a mensagem.
–Para onde estes dois devem ter ido? Se eu os conheço bem nada de bom devem estar tramando.
–E se tramam contra nós devem estar chegando aqui por perto.
–Muito provável que se mantenham escondidos pela região e fiquem observando só para saber qual é o momento melhor de atacar.
–Vou avisar as pessoas que fiquem atentas a gente estranha chegando perto, fazendo perguntas ou ficando muito perto da entrada.
–Meus soldados já estão com maiores horários de patrulha aos arredores. Ninguém entra ou sai sem que eu seja informado.
Ela assentiu, se sentando ao lado dele com a expressão fechada.
–O que você está sentindo?
–Não é nada. É que eu me pergunto quando vamos ter paz. Eu quero ser feliz com você e esse filho que espero, mas parece que não temos trégua.
–Eu lamento. Estou falhando com você, minha esposa. Eu deveria te manter segura.
–Não diga isso! Tem coisas que saem do nosso controle. Pessoas ruins existem, e elas vão tentar de tudo para causar prejuízo a quem quer que seja. Não foi você que começou, Cayden. Você e sua família estavam quietos e em paz até que esse plano idiota do Peter e da Elena quase deu cabo da sua vida. Você apenas reagiu de acordo e devolveu um pouco do que fizeram. Como pode, mandar a própria noiva te seduzir, causar uma armadilha para te matar e ainda querer matar seu irmão e sua irmã para tirar o que é seu? Eles mereceram Cayden! Mereceram muito!
Ele a abraçou.
–Obrigado. É por essas e outras que eu amo você.
Ela sorriu e se aconchegou nele.
–Diz de novo?
–Obrigado?
–Não! "Eu amo você"!
–Aí depende.
–Depende do que?
–Se você também vai dizer que me ama.
–Talvez, quem sabe. -ela diz, fazendo mistério.
–Eu amo você.
Depois de alguns minutos que pareceram quase eternos para ele, Aeryn respondeu.
–Eu também amo você.
Mas até esse momento de pequena paz foi interrompido mais tarde.Os soldados tinham vergonha de falar o que estava se repetindo em todo lugar por ali para seu mestre.
Sabiam que iria terminar mal.
–Um boato? Que tipo de boato está se espalhando e por que isso me afeta?
Eles se entreolharam.
–Senhor... Se espalhou o boato de que sua irmã é sodomita. Uma devoradora de mulheres.
–E como esse povo inventou essa piada de mau gosto?
–Sua irmã ainda não se casou. E senhor... Ela foi flagrada por algumas pessoas em momentos um tanto quanto... Íntimos... Com a sua cunhada, Aghna Artegal.
Ele pôs o rosto nas mãos.
Não bastasse sua irmã fazer o que fez, tinha que ter testemunhas.
Como ele vai proteger ela e a irmã de sua esposa de suas ações inconsequentes? Como controlar esses rumores? Só havia um jeito.
–Me casar?
–É o único jeito, Eileen.
Ela se jogou na cama, se sentindo golpeada pela perspectiva que sempre temeu em sua vida.
–Que seja. -falou, com desânimo.
–Eu não faço isso pra te ver infeliz, eu faço...
–Para que eu não morra, pra que ninguém mais morra. Eu sei, e entendo. Mas dói do mesmo jeito aqui dentro. Do que vai adiantar fazer tudo isso só para a sociedade ver! Talvez eu deseje apenas deixar meu coração morrer. Por que eu tinha que apaixonar por ela? Justo por ela?
Eileen começou a solucar e a chorar.
Cayden a abraçou.
–Não é justo! Não é justo que nós tenhamos que nos separar! Não é justo! Por que isso teve que nos acontecer? Por que o que sentimos é tão odiado a ponto de meu irmão ser obrigado a mandar ela pra longe para que nós duas possamos viver? Que vida é essa a que estamos tão condenadas?
Do lado de fora Alasdair ouvia tudo.
E que seu irmão o perdoasse, mas ele sentia que precisava agir.
Escreveu uma mensagem e a entregou a um rapaz, com um grande saco de dinheiro.
–Entregue essa mensagem a Aghna Artegal. É urgente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Highlander Em Minha Vida
Historical FictionQuando a aldeia de Aeryn é invadida, tudo que ela quer é garantir a segurança de sua irmã e impedir que ela e as outras jovens da aldeia sejam capturadas e abusadas pelos escoceses. E com isso, seu destino inesperadamente se entrelaça com o do chefe...