Flora gesticula animada enquanto fala sobre sua reunião e digita eufórica no teclado do computador. Me sinto uma péssima amiga agora. Assinto e exclamo os "ahs, ohs e uhuns" nas horas certas, mas não estou lhe dando a devida atenção. O fim de semana tinha sido péssimo e agora cobrava seu preço. Passei a maior parte do tempo trancada no quarto com agenda em mãos e tentando planejar a feira de arrecadação.
Tentando.
Minha cabeça dava voltas e voltas com a imagem de Antony beijando aquela garota desconhecida. Ainda tive que responder as perguntas frequentes dos meus pais e garantir que sim, eu estava bem. Não acho que eu tenha enganado nenhum deles, na verdade. Não quando não fiquei para ver o filme depois do jantar no sábado, ou no dia seguinte que fiquei mais quieta que o habitual.
Até Kaila sentiu a tensão e me deixou em paz.Eu também ainda estava triste pelo lance do dia em família cancelado, mas não comentei com ninguém. Não queria que achassem que eu estava exagerando.
— Enfim, foi tudo perfeito. Estou superanimada — ela conclui e eu sorrio porque não sei o mais que dizer.
— Você se incomoda se eu for pegar algo para comer? — pergunto. — Saí sem café da manhã hoje.
— Sem problemas, vai lá. Eu tenho que terminar isso aqui antes da próxima aula.
Os corredores estão anormalmente tranquilos e presumo que a maioria dos estudantes esteja no refeitório dando os parabéns ao time de natação. O que significa que preciso evitar ir para lá se não quero me encontrar com Antony. No primeiro tempo foi fácil, já que não temos aulas juntos e cheguei bem adiantada.
Paro no meu armário e checo se tenho algo perdido para comer, mas não há nada além dos meus livros. Droga, estou morrendo de fome. Talvez eu possa ir a biblioteca e ver se Lucile tem alguns salgadinhos... Salgadinho é o vício dela, ouvi dizer.
Subo o primeiro lance de escadas rumo a biblioteca, mas antes que eu sequer consiga chegar perto das portas, sou puxada para o lado e me vejo dentro do armarinho de limpeza. A porta bate. Por alguns segundos sou cercada de escuridão e uma mão envolve meu pulso.
— Mas que...
Então a luz é acesa e vejo Antony de pé, de frente para mim. Sorrindo para mim. O pequeno espaço é preenchido por ele. Ele é todo altura e largura e colônia masculina e seu cheiro próprio.
Sinto uma súbita vontade de chegar mais perto, de inspirar o cheiro da curva de seu pescoço, de sentir a macieis dos lábios dele com as pontas dos meus dedos, meus lábios, minha língua...
Pare, pare já!, me obrigo.
Balanço a cabeça para afastar os pensamentos indevidos e dou um passo para trás.
— Qual é o seu problema? — pergunto irritada, mas vou em direção a porta antes que ele me responda, porque a verdade é que não quero ouvir a voz dele. Não posso ouvir.
Mas Antony se põe entre mim e a passagem, cruzando os braços, ainda com o sorriso irritante na cara.
— Por que a pressa? A gente não pode conversa um pouco?
— Num armário, Antony? — Aponto para o espaço ao redor, meio incrédula. — Pera aí..., você estava de guarda aqui me esperando passar?
— Claro que não — ele nega, revirando os olhos verdes. — Eu tinha acabado de sair do banheiro, chamei por você, mas você não me ouviu.
— Não posso conversar agora, eu-
— Opa, opa, opa — ele me interrompe, erguendo uma mão. — Eu ouvi bem, você acabou de me chamar de Antony?
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Cada Vez Mais
Teen FictionO mundo de Emilia Calton não acabou depois de descobrir a traição do namorado com uma de suas melhores amigas - verdade seja dita, ela tinha coisas mais importantes com o que se preocupar. O foco de Lia sempre foi voltado para sua educação e entrar...