10. Lembranças

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     Havia chego na The Sicilian há exatamente 1 hora antes da casa abrir os seus shows

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     Havia chego na The Sicilian há exatamente 1 hora antes da casa abrir os seus shows. Eu não costumava a ser tão tardia, mas Enrico havia tomado uma grande parte do meu tempo e eu não achei ruim de todo. Após aquela tentativa de beijo ele não insistiu mais, apenas compartilhamos histórias e algumas gafes de nossas vidas.

Estacionei o meu querido bebê na garagem da boate e adentrei o local dando de cara com um Vicenzo sentado ao bar tomando uma dose de uísque. No mesmo lugar onde ele sempre se sentava para me ver no pole dance, ensaiando todas as tardes.

Eu teria que ficar no bar mais uma noite e dessa vez era praxe. Hoje não era a noite do meu show e muito menos a noite que eu deveria fazer algum programa. Aqui tudo era planejado, apesar que a minha noite havia sido bem mais particular do que o esperado.

Não havia sido um programa, havia sido como um encontro casual e particular. Não era a pantera que havia se entregado, era Paola que havia gemido e gozado em frente a Vicenzo. Era essa intimidade que me deixava confusa, eu havia me deixado levar facilmente e sem pensar um segundo em prováveis consequências.

Sentia o olhar de Vicenzo queimar a minha pele a cada vez que descia e subia da pequena escada para organizar algumas bebidas. Não era o meu trabalho, mas ao menos eu não teria que ficar esperando sentada até que a boate enchesse de pessoas.

— Pode me trazer mais uma dose de uísque?- A voz grossa e imponente de Vicenzo se fez ouvir.

A maldita voz que não me deixou em paz em meus sonhos e que ainda era um refresco para a memória da noite passada. Respirei tão profundamente que deu pra se ouvir, peguei a bendita garrafa de uísque e coloquei a sua frente. Despejei o líquido quente em seu copo com o bônus de duas pedras de gelo e vi Vicenzo tomar aquilo com a maior vontade do mundo.

— Obrigado.- Ele agradeceu. — Acho que já te avisei pra ficar longe do meu irmão.- Vicenzo olhou para mim.

— Por acaso anda me vigiando?- Perguntei com os olhos semi cerrados.

— Talvez.- Ele deu de ombros e tomou outro gole.

Sua expressão era fria, seus movimentos também e eu não fazia ideia do que ele queria afinal de tudo.

— Saiba que não fui eu que o procurei.- Resolvi responder.

Mesmo que Vicenzo não tivesse nada a ver com a minha vida ou o que eu fazia ou deixava de fazer dela.

— O garoto é teimoso.- Ele falou. — Porém ele não entendeu que você não é para ele.- Completou.

Eu não pude saber se aquele você era ofensivo ou não. Sua voz não deixava margem para que eu tirasse as minhas conclusões, ao menos conclusões corretas.

— E por que eu não sou pra ele?- Encostei os meus braços no balcão.

Olhei nos olhos de Vicenzo, enquanto esperava que ele me respondesse, porém não houve resposta alguma. O italiano era de poucas palavras, só dizia o que lhe convém e não importava a interpretação que as outras pessoas teriam. Ele jamais se explicava novamente.

Vi quando Vicenzo pareceu pegar algo do bolso interno do paletó e assim que muitas notas foram deixadas em cima da mesa eu só pude rir.

— Pelo seu serviço.- Ele tomou o último gole de uísque.

— Você não foi o meu cliente, Sr. Ricci. - Provoquei.

E coloquei em seu paletó novamente o dinheiro.

— Até porque você falou que jamais se deitaria com alguém suja como eu, não foi isso que falou?- Refresco sua memória.

Ele permaneceu calado e eu saí de perto dele. Não poderia ficar ali mais nem um minuto, ele havia me ofendido ao extremo. E eu nem se quer sabia o porquê de ter ficado tão afetada. Vicenzo não era o primeiro a ser um completo babaca.

[...]

    Sexta a noite era o meu pequeno momento sagrado. Havia feito um doce brasileiro chamado brigadeiro e que aprendi a fazer na viagem que fiz para aquele belíssimo país. O bom de se ter dinheiro era que eu poderia viajar para onde bem entendesse, o dinheiro comprava muitas coisas e prazeres na vida.

Violetta parecia estar explodindo de sentimentos, não parava um minuto de me encher de mensagens e áudios, estávamos a véspera de seu casamento. Seria o momento em que ela deixaria toda uma vida para viver junto a um mafioso por exatos 3 anos, mas algo me dizia que isso duraria bem mais.

Havia falado com mamãe mais cedo e prometido que não demoraria muito para a visitar, porém eu sabia que não poderia pisar os meus pés no Brooklyn. Não quando o louco do Hugo estava por aqui e que provavelmente me prenderia por lá.

A história com Hugo era uma puta história fodida de um relacionamento totalmente abusivo. Fora Hugo que me apresentou o mundo do dinheiro fácil, do glamour e de todo o dinheiro. Porém ele não preparou para as consequências, nem mesmo para todas as atrocidades que vivenciei em malditos quartos dos Estados Unidos.

Homens poderiam ser verdadeiros monstros em principal por acharem que sexo pago era sinônimo de "eu mando em você" e não era bem assim que as coisas deveriam funcionar. E que eu não permito que funcionem a partir do momento em que vim para a Itália após conhecer uma mulher que me agenciou até chegar a The Sicilian.

Eu não sabia se Hugo havia ido embora, porém seu aparecimento era extremamente estranho e eu temia pelo que ele era capaz de fazer. Ele não tinha nada a perder, para ele tanto fazia e o que ele mais desejava era me levar consigo. Para aquela maldita vida fodida vida que tínhamos, uma vida de agressões e terror psicológico.

Hugo foi capaz de fazer com que eu me visse como um nada, uma mulher imprestável e que não sabia se quer cumprir uma maldita ordem. Eu era insuficiente para ele na cama, eu não poderia usar roupas curtas e muito menos ver a minha própria família. Seu ciúme era doentio ao ponto de me machucar e logo depois dizer que fazia aquilo só porque me amava.

Que tipo de amor machuca?

Não aceito que me tratem assim, não aceito que ditem as regras da minha vida e não aceito nenhum tipo de abuso. Ao primeiro sinal de voz alterada, a um comportamento agressivo e alguém que te coloque para baixo se permita dar o basta. Porque ele não vai parar, ele não te ama e isso pode te matar.

Eu havia escapado do feminicídio por pura sorte, mas quem poderia me garantir que eu teria essa sorte para sempre. Por isso dei o basta, fugi daquele maldito lugar e não deixei que Hugo me machucasse.

Eu era a dona da minha própria vida.

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Esse final de capítulo é dedicado a minha prima Sheila, mas uma vítima do relacionamento abusivo e do feminicídio.

Denunciem!

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Beijo.

Amor Prostituto - Leis da Máfia ( Livro īīī)Onde histórias criam vida. Descubra agora