16. Start

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    Sentia um misto de confusão e euforia ao mesmo tempo, estava livre de uma vida na promiscuidade e nem imaginava que a liberdade pudesse ser tão fantástica

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    Sentia um misto de confusão e euforia ao mesmo tempo, estava livre de uma vida na promiscuidade e nem imaginava que a liberdade pudesse ser tão fantástica. Só de pensar que não precisava mais me deitar com quem pagasse mais alto era um tremendo alívio. Não poderia ser hipócrita, eu fazia meu trabalho com maestria e gostava boa parte do tempo.

Porém havia uma etapa que eu fazia apenas pelo personagem e por toda a necessidade. A parte em que fodia com caras que nunca vi na vida, mas que pareciam ter devoção em meu corpo e na pantera negra.

Era nela que me transformava, aquela que se entregava a eles era ela, nunca era eu. Foi necessário criar um personagem na minha cabeça para que tudo aquilo não mexesse com o meu psicológico já abalado por tantas coisas.

Uma garota que havia sido abandonada pelos pais, havia crescido cedo demais e que sofreu abusos do próprio namorado não podia sofrer com mais algum golpe. Era demasiado para uma única mente e se não fosse a psicanálise já estaria maluca.

O meu pé começava a ficar no lugar e o gesso parecia coçar como nunca. Tentava de todas as formas não coçar o local, mas era quase impossível, o incômodo sempre vencia e eu precisava me contorcer toda para aliviar o formigamento.

Após aquela noite em que Vicenzo cuidou de mim suas visitas se tornaram constantes, mas aquele assunto não havia sido tocado mais. Algumas vezes achava que estava delirando e que o italiano turrão não havia me falado absolutamente nada.

O tédio de estar em repouso estava impregnado em minha rotina, falava algumas vezes por dia com a minha mãe e irmãos via internet, assistia algum episódio de Supernatural e nem Dean ou Sam estavam conseguindo me animar. Tentava dormir também ou cozinha algo, mas sempre desistia assim que o gesso começava a me incomodar.

Faltava poucas horas para tirar o mesmo, hoje seria a consulta da volta e não podia esperar mais para isso.  Com algum custo tomei meu banho e me arrumei, nada que pudesse chamar de espetacular, mas ao menos não estava de todo ruim.

Durante algum tempo havia recebido algumas visitas, de Violetta e até mesmo de Enrico. O irmão de Vicenzo era um doce e gostava de verdade de sua companhia. Sentia um climão entre ele e o irmão, porém logo um dos dois saía de cena. Quase todas as vezes era Enrico que ia embora, Vicenzo era realmente difícil de lidar.

Ouvi o barulho da campainha e para o porteiro não ter avisado só poderia ser Vicenzo.

— Bom dia.- Desejei assim que vi o belo homem em minha frente.

Ele apenas acenou em minha direção e logo estava pegando a minha bolsa e me auxiliando. Não era porque ele estava cuidando de mim que sua personalidade difícil havia se dissolvido.

Vicenzo ainda era Vicenzo.

— Como você é mal humorado, nunca vi igual.- Provoquei com cara feia.

Ele parou e me olhou nos olhos.

— Não sou muito de falar.- Vicenzo tocou o meu braço. — Sou mais de fazer.- E me arrancou um beijo de tirar o fôlego.

O nosso beijo era um dos melhores, nossas bocas se encaixavam tão perfeitamente que era difícil querer largar um ao outro. Sua mão máscula segurava o meu corpo contra o seu e um fogo abrasador começava a subir.

— Você não pode deixar alguém nesse estado e parar.- Respondi ofegante.

Ele sorriu pra mim.

— Eu já tô deixando.- Vicenzo piscou pra mim. — Estamos atrasados.- Ele voltou a me ajudar.

E dessa vez eu fiquei quieta, não podia ser mais constrangedor.

[...]


  Tirar o gesso foi um dos maiores alívios da minha vida, era libertador e só de pensar que agora eu poderia voltar a dançar um sorriso gigante aparecia em meus lábios. Talvez agora fosse o momento ideal para tirar do papel o meu pequeno estúdio de dança.

Havia uma boa grana guardada e com um tempo livre poderia fazer as coisas funcionar, era um dos meus sonhos.

Passávamos em frente a uma gelateria e quando vi as delícias na vitrine não pude me conter. Arrastei Vicenzo para dentro e o coitado não entendeu nada. Talvez eu fosse um verdadeiro furacão, mas Vicenzo parecia não ligar para as minhas loucuras.

Pedi um gelato delicioso de chocolate com nozes e para a minha surpresa Vicenzo pediu também um igual ao meu. Era impossível não gostar de gelato, era quase como um pecado na terra.

Nos sentamos perto da janela e ao colocar a primeira colherada de gelato na boca soltei um gemido de satisfação.

— Eu amo gelato de chocolate.- Sorri como uma criança.

Vicenzo estava olhando para os meus lábios, só poderia ter algo sujo, já me preparava para limpar quando o italiano pegou um guardanapo e com cuidado limpou os meus lábios.

— Não precisa comer até pelo nariz.- Senti o seu tom de provocação.

E senti uma vergonha de imediato, o que era extremamente difícil.

— Eu não sou a única a se sujar.- Passei um pouco de gelato em sua bochecha de propósito.

Ri da sua cara de espanto e não me contive nenhum pouco. Quem via cena só poderia achar que eu era maluca e talvez houvesse pego pesado com Vicenzo. Mas assim que ouvi sua gargalhada me acompanhando me surpreendi, o italiano não era de demonstrar estar tão a vontade dirá rir dessa forma.

Paramos aos poucos com a nossa crise de riso boba e eu olhei para fora da gelateria. E ali eu podia ver que aquele momento era isolado, que a poucos metros existiam muitos soldados da máfia e todos protegendo Vicenzo com suas vidas.

Vicenzo Ricci não era um homem comum, ele era um mafioso e sabia que se me aproximasse demais talvez saísse ferida da história.

Um barulho alto de tiros foi ouvido, as pessoas começaram a se desesperar e eu sabia que estávamos sofrendo um ataque. E assim que vi o rosto de Hugo adentrando a porta com uma arma em mãos eu soube que tudo aquilo era por minha culpa.

Hugo Smith nunca me deixaria em paz, ele havia me prometido e temia que ele cumprisse com sua promessa sádica.

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É a partir daqui que a emoção começa e muitas coisas serão reveladas.

Façam suas apostas!

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Beijos.

Amor Prostituto - Leis da Máfia ( Livro īīī)Onde histórias criam vida. Descubra agora