21 de janeiro - sábado

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21 de janeiro – sábado

A balada que eu fui com Sam e seu Novo Namorado foi ótima. Pude me divertir como nunca, dancei muito, ri e bebi moderadamente.

- Você não beija ninguém? - perguntou o Novo Namorado para mim.

Eu o olhei bem de perto, queria matá-lo, mas me contive, pois notei que ele só me perguntou isso porque um moço lindo no balcão do bar não parava de me encarar.

- Bem – eu gaguejei gritando em seu ouvido por causa da música -, eu hoje estou aqui mais para dançar, beber algo (a desculpa de todo mundo. Me odeiooooo).

- Bobo você – ele respondeu. - Pois está fazendo sucesso aqui.

Pior que ele tinha razão e eu sabia disso. Só não entendia porque ainda estou solteiro com todo esse sucesso.

Sam chegou com duas bebidas e me deu uma. A outra, ele entregou para o Novo Namorado que o beijou. Quando acabou a cena romântica, Sam perguntou:

- Do que estão falando?

- Do sucesso do Beto aqui na balada.

- Ah – respondeu Sam -, é normal. É porque ele é carne nova no pedaço.

O quê? O que será que ele queria falar com isso? Ele estava querendo falar que, muitos meninos só estavam me olhando porque era minha primeira vez ali naquela balada? Será que eu tinha que falar para ele tudo o que eu era?

- Você nunca veio aqui? - quis saber o Novo Namorado.

- Não! Primeira vez que venho.

- Vai, se solta. Aproveita que está fazendo sucesso aqui e aproveita.

- Já disse, carne nova – reforçou Sam.

- Para de falar isso, Sam – eu protestei.

Olhei em volta. Realmente estava fazendo sucesso, não importava as circunstâncias, eu estava e pronto.

Agora, havia um grupinho de quatro meninos me olhando. Senti que estava abalando. Uma sensação ótima para acabar com a pior das sensações da última semana, que era só fracasso e baixo astral. Agora a história era outra: estavam me olhando, me desejando, e isso era bom. Todo ser humano sente-se bem quando sabe que está sendo querido, desejado, observado, não importa em qual situação, o que importa é o fato em si.

- Vamos – gritou o Novo Namorado -, divirta-se!

Sim, era isso que eu tinha que fazer. Era a coisa que demonstraria para mim mesmo que eu não sentia alto-piedade. Não precisava ficar mostrando para os outros o que faço ou não. Se estou namorando ou não. O que importa é você saber tudo o que faz e o que se passa com você mesmo. Isso faria eu me sentir bem ou mal. E para me fazer bem naquele momento, eu sabia, era aproveitar o máximo que podia. Eu era carne nova no pedaço, como disse Sam, então que aproveitasse disso. Não gosto de me desfazer de ninguém, tão pouco inferiorizar uma pessoa. Mas algo, quase que pulsando em mim dizia que eu poderia tudo naquela balada.

Fui, como se não quisesse nada, ao balcão do bar e pedi um refrigerante (era melhor está ciente das coisas que fazia). Em menos de um minuto, um garoto aproximou-se de mim e gritou no meu ouvido se eu estava acompanhado.

- Não – eu gritei. - Estou com dois amigos aqui.

Minha resposta parecia que não ia fazer diferença, independentemente se eu estava ou não acompanhado. O rapaz estava disposto a dar sua proposta mesmo assim.

- Um amigo meu quer te conhecer.

Eu o olhei, como se aquilo fosse uma surpresa para mim. E respondi sorrindo:

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