18 de abril - quarta-feira

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18 de abril – quarta-feira

Mandei uma mensagem para o celular de Sergio convidando-o para meu aniversario, que seria comemorado no domingo. Ele respondeu que iria sim e perguntou se eu chamei o Márcio. Nossa, que legal. Ele e Márcio estavam preocupados e sempre querendo que nós três ficássemos juntos. Isso me animou muito. Acho que ambos gostaram e queriam nós sempre juntos. E eu também. Eu queria isso. Eu me sentia seguro, à vontade com isso, então, por que não aproveitar o momento?

Era o que eu ia fazer.

Noite: Droga, droga, droga. Hoje no trabalho tivemos uma reunião. Estavam presentes Serena, alguns fotógrafos e editores de revistas de moda, assim como eu e os meninos, que tínhamos que assessorar Serena. A mesa que estávamos era grande e retangular. As pessoas ali eram elegantes, estilosas e seguras. Até que, a reunião foi um pouco fora do que eu pensava. Sempre pensei que reuniões assim eram com pessoas chatas, discutindo, mostrando quem era mais poderoso. Mas ali não, todos riam, falavam, concordavam um com outro, davam conselhos, ideias, todos pareciam bem pacífico. Até aí parecia tudo perfeito, mas tinha que entrar minha falta de jeito e má sorte que não me abandona, me fazendo pagar micos na frente de todos.

Acontece que, às vezes, a palavra era cedida para mim ou para os meninos. Todos estavam com um sorriso na cara, mas, assim que eu começava a falar e dava uma risada, eu notei que os sorrisos das pessoas ali na mesa murchavam. Ou então, quando alguém soltava uma piada interna e as pessoas caiam na gargalhada e eu ia junto com minha risada, os presentes ficavam meio que sem graça, forçando um sorriso amarelo. Chegou até um momento em que uma moça de uma revista legal de moda ria, mas parou na hora que me viu sorrindo também e colocou a mão na boca discretamente.

Nossa, fiquei preocupado. O que estava acontecendo comigo? Ou melhor, com o povo, que mudava de expressão cada vez que me direcionava o olhar? Ainda, muito, mas muito discretamente, levei minha mão a boca e baforei, pensei que talvez eu tivesse com mal hálito, mas não era isso. Fiquei a reunião toda sem graça e evitava muito rir. Aliás, quem ri numa situação que você está constrangido? Acho que ninguém, isso me ajudou a ficar com a boca fechada o resto da reunião e as pessoas, assim, pararam de interromper seus sorrisos ao olhar para o meu.

Só quando voltamos para as nossas mesas que os meninos me explicaram que eu tinha um pedaço de alface nos dentes e, sempre que eu ria, ficava bem visível. Aíííí, Deus, que vergonha. Peguei um espelho pequeno na gaveta de Roberto e olhei. Quem dera que fosse um pedaço de alface, era quase uma folha toda, que escondia dois de meus dentes, e os da frente ainda. Nossa, queria enfiar minha cara em um buraco e nunca mais tirar.

— Por que vocês não me falaram? – eu perguntei com as mãos na cara, de tanta vergonha.

— Você queria que a gente gritasse que tinha alface em seu dente? - Roberto interrogou.

Ai, nunca mais queria olhar na cara das pessoas que estavam na reunião. E Serena? Ela deveria estar em sua sala, envergonhada por ter um assessor tão desengonçado como eu.

— Ainda bem que não era casca de feijão – Roberto tentou me tranquilizar. - É bem mais constrangedor.

Felipe revirou os olhos e eu afundei ainda mais minha cara em minhas mãos

20 de abril – sexta-feira

Hoje, enfim, respondi Pedro. Mandei um e-mail. Falei que o tinha curtido ele sim, e não era mentira, que ele era um cara incrível, inteligente, bonito, carinhoso. Tinha gostando de tudo. Claro que não falei do ronco que me traumatizou. Falei também que ando muito ocupado com o trabalho e que queria, sim, vê-lo qualquer dia, e era outra verdade, não queria perder contato, nem amizade com uma pessoa como ele. Hoje em dia está tão difícil achar alguém como ele, e ele não é uma pessoa apenas para se fazer sexo, é uma pessoa para ter na vida.

Noite: Nossa, minha mãe me fez um pedido bem estranho agora; ela perguntou se eu ia sair amanhã, sábado, e também feriado e também véspera do meu aniversario, e eu falei que talvez não, que eu só ia comemorar no domingo. Ela pediu para eu ficar em casa, porque ela ia fazer um bolinho, apenas para ela, minha irmã e para mim.

Legal, só espero que ela não fique me perguntando sobre namoradas.

Já aproveitei e falei com Márcio que eu não poderia vê-lo amanhã por causa do pedido de minha mãe. Também mandei uma mensagem para Sergio, falando que ia passar um feriado com a família, mas que veria ele e Márcio no domingo. Ambos aceitaram da melhor forma e ainda me desejaram um ótimo feriado familiar. Eles são lindos, até agora eu estou curtindo tudo.

21 de abril – sábado

Noite: Foi um dia agradável. Minha mãe fez um pequeno bolo redondo com duas velinhas representando a idade que eu estaria fazendo amanhã: 24.

Ela e minha irmã me deram, cada uma, um presente. Minha mãe me deu um notebook, o que eu não acreditei. Era tudo que eu estava precisando no momento, o meu já estava bem velhinho. E minha irmã me deu um lindo tênis (acho que uma forma de pedir desculpas por pegar minhas roupas (ou melhor, da empresa) e nunca mais devolver).

Não posso reclamar de hoje.

E estou muito ansioso para amanhã. Sam já me mandou um milhão de mensagens no meu celular dando detalhes da reserva que ele fez, do que pediu de músicas, falou até que vai ter um bolo para mim. Ai, Sam, se tudo isso for ciúmes mesmo, eu queria que todo mundo que eu conheço sentisse ciúmes de mim, pelo menos um dia para me mimar assim.

P.S. Neste momento, estou escrevendo minha terapia opcional com o meu novo notebook ^^].

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