19 de março - segunda-feira

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19 de março – segunda-feira

- Quero saber de tudo – falou Roberto, pulando em cima de mim assim que eu cheguei ao trabalho. De soslaio, Felipe notou esse movimento e se juntou. Saímos os três da nossa sala e fomos para o refeitório que naquela hora estava vazio. Lá, contei tudo o que houve depois do barzinho. Apenas poupando de maiores detalhes, porque os meninos não queriam ouvir.

- Você arrasou, Gilberto – disse Felipe. - Temos que voltar no barzinho nesta sexta. Quem sabe você não os encontra de novo.

- Olha, voltar eu até acho perfeito – assumi. - Mas não sei se quero vê-los lá de novo.

- Você não curtiu? - perguntou Roberto.

- Claro que curtir. Só acho que, se vamos para lá de novo na sexta, para que repetir uma dose se você pode fazer outra coisa.

Eles gostaram da colocação. Mas, um lado de mim sentiu-se mesquinho.

Quatorze horas e vinte e sete minutos: Tinha recebido uma mensagem no meu celular, era Sam. Ele queria me ver depois do trabalho

Noite: Sam me falou que está com ciúme dos meninos que trabalham comigo. Não sei como ele já sabe de tanta coisa, mas o fato é que ele disse que eu era amigo dele há mais tempo e que, da próxima vez que eu for ao barzinho da Vila Olímpia, é para ir com ele.

- Você esquece que faço alguns trabalhos para eles, né!? – Sam falou - Tenho informantes lá dentro. Então você se cuide, mocinho.

Senti-me tão alegre. Era bom saber e ouvir de alguém que está sentindo ciúmes de você, mesmo que esse ciúmes seja sobre amizade.

20 de março – terça-feira

Logo cedo recebi uma ligação de Pedro. Não atendi. Não sei porque fiquei tão aflito e não quis ouvir as safadezas deliciosas que ele teria para falar naquela hora.

Noite: Aí, não consigo esquecer a noite a três que eu tive. Estou muito tarado, só fantasiando sempre com dois caras. Todo cara que eu imagino estar beijado vem junto com outro rapaz. O pior (ou melhor) é saber que não vou ficar tranquilo até que não tenha outra experiência a três. Mas, acontece que, não quero que seja com os dois da última vez. Não que eles não sejam ótimos, mas é que, já que vou fazer de novo, por que não com outros dois caras?

21 de março – quarta-feira

Meu Deus, quando eu penso que estou livre de vexames, que não sou distraído, a vida me prova o contrário.

Hoje no trabalho tive um ensaio fotográfico e Serena pediu para que eu a acompanhasse pessoalmente. Era tudo muito glamoroso e perfeito: modelos lindas, um cenário lindo... Eu estava de calça, camisa e um sapato (indicação de Felipe que pediu para que eu usasse para impressionar a todos). Eu, bobo e ingênua, fui com um salto enorme. Me sentia muito glamoroso e poderosa.

Quando eu e Serena chegamos ao estúdio, estava já tudo pronto, só faltava sua ordem para começar, o que ela fez assim que chegamos.

As modelos faziam suas poses sexy e com bicão em um cenário todo cinza, onde havia três cadeiras futurísticas e dois puffs coloridos. Ao final da sessão, Serena me puxou para este cenário, para cumprimentar o fotógrafo e as modelos. Ela era sempre muito educada. Parecia que fazia questão que todos soubessem quem eram seus assessores e assistentes. Me apresentou para todos. Quando ela foi para a parte onde ficava o cenário, eu a segui e me desequilibrei, pois o chão era de um material fofo e almofadado. Aquilo fez com que eu perdesse o equilíbrio naquela plataforma. Foi com dificuldade que eu acompanhava Serena até as modelos. Mas isso não foi o pior. Estávamos conversando com as modelos, eu estava na parte de trás de uma das cadeiras, me segurando nela para não cair quando, de repente, o meu pé afunda na plataforma. Sim, eu furei o palco estofado com meu pezão sem noção e fiquei com o pé preso. Serena continuava falando com as modelos que riam, e eu, também ria, com o sorriso amarelo tentando tirar o meu pé do furo que havia acabado de fazer. Mas nada. Não saía. Estava preso ali. As meninas e Serena perceberam uma leve irritação minha e olharam para mim, que sorria como se nada estivesse acontecendo. A droga do meu pé não saia de jeito nenhum. Ainda bem que eu estava atrás de uma das cadeiras e isso disfarçava aquele mico que eu estava passando. É incrível como é desesperador quando você sabe que pode passar uma grande vergonha.

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