10 de março - sábado

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10 de março – sábado

Meu celular corporativo tocou e um frio na espinha me ocorreu. Será Serena querendo falar comigo? Será que tenho que ir trabalhar no dia da minha folga? Atendi.

- Oi Beto, é o Felipe. Eu não tenho seu número pessoal.

Respiro fundo. Alívio.

- Oi Fe. Poxa, verdade. Vou te mandar uma mensagem ai você anota, ok?

- Sim, sim. Ei Beto, o que você vai fazer hoje à noite?

- É... - eu gaguejei. Não havia pensando nisso. Por que será que as pessoas vivem se programando para os finais de semana, como se fosse uma lei ter o que fazer nesses dois dias? Quando você não faz nada é considerando uma pessoa parada e nada popular... ai maldita convenção universal que nos ditas regrinhas fúteis de sobrevivência barata. - Acho que não vou fazer nada, Fe. Por quê?

- Vamos ao nosso barzinho-balada? - ele choramingou do outro lado da linha. - Estou muito a fim de ouvir música, e hoje tem especial Amy Winehouse.

Sair não era algo que minha preguiça queria no momento, mas ficar em casa também não, e Amy Winehouse é algo que me agrada muito mesmo.

- Ah – eu respondi – vamos sim. O Roberto vai também?

- Não. Ele foi pra casa daquele cara que ele conheceu no barzinho na sexta, lembra?

- Ahhh, então quer dizer que eu estou sendo um tampa buraco para você não ir sozinho, já que o Roberto não vai? - eu falei, mas brincando.

- Claro que não, menino – alarmou-se ele. - Você sabe que eu e o Ro gostamos da sua presença. O problema é você que vive fugindo do mundo e temos que ficar te puxando. Às vezes, eu falei pro Ro, que me sinto pegajoso e inconveniente de tanto que a gente te chama para os lugares e você nunca chama.

Nossa, agora que Felipe falava aquilo, eu comecei a pensar. Ele tem razão; é sempre alguém me chamando para algum lugar, nunca eu. E, muitas dessas vezes que me chamam, eu recuso. Vou trabalhar mais isso também. Mas, por enquanto, como eu estava na filosofia de tirar tudo que é lado negativo da minha vida, vou me divertir com o Fe e músicas da Amy Winehouse.

Três horas da manhã e doze minutos: Estava levemente tonta por causa dos drinks de frutas que eu tomei no barzinho. Foi tudo de bom e, mesmo com o horário, não estava com sono.

Acabei de chegar em casa. Felipe, que não bebeu nada alcoólico, me trouxe até em casa em seu carro. Ele de fato curtiu o som de uma cantora cantando Amy Winehouse. O clima hoje estava muito gostoso. Todos em volta do palquinho estavam sentados nas mesas que foram colocadas especialmente para aquele showzinho ao vivo.

- E você, Fe – eu perguntei a ele, que estava sentado ao meu lado em uma das mesinhas para curtir o palquinho – não namora.

- Ah Beto – ele pareceu nostálgico – não namoro, não.

- Já namorou? – calma, eu não estou interessado no Felipe, é só para melhor conhecê-lo e mantermos uma amizade.

- Uma vez – ele sorrio.

- Você ainda gosta dele, não é?

- Olha, menino, estamos num barzinho, ouvindo Amy... vamos parar de falar disso?

Eu faço um carinho em seu ombro e dou uma risada carinhosa para ele, que retribui dando um gole em seu suco de morango.

Enquanto a cantora cantava You Know That I'm No Good , Felipe me cutucou e chamou minha atenção.

- Pelo visto – ele me repreende – você não está mesmo interessado em dar uns beijos mesmo.

- Por que você está falando isso?

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