10 de abril - terça-feira

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10 de abril – terça-feira

No horário do almoço, eu sugeri para os meninos para comemorar meu aniversario em um karaokê, assim eu deixaria o Sam feliz e não e não gastaria muito com festas.

- Karaokê? - Roberto esnobou.

- Sim, Ro. É legal. É um karaokê LGBTQ+.

- Ai Beto – ele falou -, eu pensei em uma festa bonita. A gente pode agendar alguma coisa chique, falar com Serena para ela reservar um lugar bacana para nós e seus convidados.

- É tentador, Roberto, mas não. Isso é mais sua cara. No meu aniversario eu quero algo simples e para meus amigos, só.

- Ele tem razão, Ro – me defendeu Felipe. - Talvez possamos fazer essa festa mais elaborada no ano que vem, o que acha, Beto?

- Acho perfeito.

Roberto aceitou, mesmo que de má vontade. Nossa, como ele leva a sério esse negocio de aniversario. Fiquei imaginando o quanto ele fica neurótico quando o dele está próximo, pena que não ia mais ver isso este ano, já que ele, e também Felipe, fazem aniversario em janeiro.

Noite: Ai terapia, hoje, no final da tarde, me aconteceu algo que me pegou de surpresa. Recebi uma ligação de Sergio. Sua voz, ao falar comigo pelo telefone, parecia triste. Ele queria me ver. Não pude negar, eu queria também vê-lo. Sei lá, eu gostei dele. Ele era inteligente e maduro.

Ele me levou para um restaurante japonês. Como ele sabia que eu gostava tanto dessa culinária?

Seu semblante estava um pouco triste e caído. Assim que nos sentamos eu perguntei se ele estava bem.

- Bem, bem não estou. Você sabe, ainda estou um pouco abalado com o término do meu noivado.

- Deve ser bem chato mesmo – nossa, eu sou péssimo consolador. Não sei o que falar nessas horas.

- Mas fico feliz em te ver de novo – ele disse -, pensei que você não ia mais dar bola para mim.

- Por que pensou isso? Eu gostei de você.

Ele sorriu.

- Beto, acho que eu não vou me relacionar com mulheres por um bom tempo – ele sorriu, mas com uma pitada de tristeza.

- Eu não vou me relacionar nunca – eu tento animá-lo.

- Você é uma figura, sabia?

Ele esqueceu de falar que eu sou inteligente e sexy e bonito.

- Mas me conta – ele falou -, que história é aquela que você e seu amigo querem algo a três.

Nossa, todo o clima de decepção amorosa e fim de noivado foi quebrado com aquela mudança rápida de assunto. Fiquei até tímido de repente.

- Ah, você sabe – eu disse -, coisas que nossa mente fica fantasiando. - Vou abrir o jogo para ele, acho que ser sincero vai me ajudar muito. - Eu, recentemente, tive uma experiência com dois caras... e gostei.

- Legal, Beto. Nunca tive esse tipo de experiência. Os rapazes que eu já namorei, que, convenhamos, não é lá um número grande, só dois, eram bem ciumentos. Eu não podia olhar para o lado.

- Ué, mas a pessoa não precisa deixar de ser ciumenta para "namorar" a três. Pode ter ciúmes dos dois.

Ele riu de novo, acho que eu estava fazendo bem a ele, que bom.

- Você tem razão.

Ficamos um pouco em silêncio. Acho que estávamos com vergonha de prosseguirmos essa conversa louca.

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