22 de abril - domingo

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22 de abril – domingo

A expectativa da minha comemoração no karaokê estava aumentando cada vez mais. Não por eu, exatamente hoje, estar fazendo 24 anos, ou porque eu ia comemorar em um lugar assim, mas era porque eu convidei Sergio e Márcio. Para os meninos do trabalho tudo bem. Mas e para Sam e Zeca, que ainda nem sabem de nada? Deveria eu ter contado antes? Estou confuso. Sem falar que Sam também vai levar um garoto que ele está "a fim", e alguns amigos dele. Isso que é o pior; Sam vai me jogar garotos a noite toda se eu não abrir o jogo com ele. Ai, não sei, espero que tudo de certo e que não fiquem me torrando a paciência hoje. Eu só quero aproveitar.

Noite: Não tenho do que reclamar da minha festinha. Cheguei agora a pouco. Sergio veio me trazer.

Eu já estava quase pronto para ir ao karaokê, quando passei pela sala. Vi minha mãe e minha irmã no sofá.

- Tem certeza que você não quer ir?- eu perguntei para minha irmã, pois sei que minha mãe não ia mesmo.

- Não, Beto – ela respondeu. - Estou com cólica.

Ufa! Eu ficaria bem feliz se ela fosse, mas devo confessar que fiquei aliviado com a recusa, pois sei que, se ela fosse, eu não ia ficar à vontade com os meninos, sem falar que ela ia ter uma surpresa ao chegar à um karaokê LGBTQ+. Viram, por causa desses preconceitos bobos, eu não posso curti os melhores momentos da minha vida com minha família.

Eu pedi para que Felipe fosse me buscar. Sei que Sergio podia fazer isso, mas eu não queria uma surpresa com minha mãe nem com minha irmã, e preferi que elas ficassem pensando besteiras assim que vissem Felipe, como da outra vez em que ele foi me buscar. Assim que ele bateu na porta e eu abri, notei minha irmã arrumando a postura no sofá. Acho que ela achava Felipe bem atraente. Coitada. Mas isso não foi nada em comparação a cara que Sam fez ao me ver chegando com Felipe no karaokê.

- Oi, Beto – ele falou. - Oi, Felipe, tudo bem? - ele perguntou um pouco indiferente. Depois, voltando com um grande sorriso e orgulhoso, me falou: - Vem, quero te mostrar a mesa que eu pedi para fazer pra você.

Ele me puxou e eu tive que deixar Felipe só, já que Roberto ainda não tinha chegado.

Em um canto do ambiente, tinha uma pequena mesa retangular com um bolo na cor roxa e meu nome em uma fita que estava em volta dele. Vários docinhos estavam espalhados pela mesa também. Algumas pessoas que eu não conhecia estavam ali, mas não eram as pessoas que estavam para meu aniversário. Meus "convidados" eram Zeca, Sam e seu novo namorado, mais quatro amigos seus e aos prometidos amigas do namorado dele, que Sam falou que ia me apresentar. É, quando, os vi, lembrei dos meninos que ainda não tinham chegado, e também lembrei que Sam e Zeca ainda não sabiam de nosso caso. Será que Sam ia ficar ainda mais com ciúmes dos meninos por eles já estarem sabendo?

- Bem legal, não está? - Sam me perguntou com entusiasmo.

Sim, de fato estava uma bela mesa. Fiquei feliz, ainda mais quando vi que, em uma cadeira, ao lado da mesa, tinha alguns presentes.

- São para mim?

- São sim, Beto – ele me respondeu. - Será que vai ter como você levar hoje?

- Acho que sim. Talvez Felipe me leve em casa.

Ixi, falei o que não deveria. Na hora o sorriso de Sam murchou. Nossa, ele sente mesmo muito ciúmes dos meninos.

Meu celular vibrou. Era Sergio

- Oi, meu anjo – ele falou do outro lado da linha. - Chegamos. Estamos aqui na entrada. Onde você está?

- Espera ai que eu estou indo – eu respondi. Depois virei para Sam: - Preciso recepcionar uns convidados que chegaram.

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