26 de fevereiro - domingo

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26 de fevereiro – domingo

Acho que vou dá um tempo em me relacionar com garotos (calma, não virei hétero). Só vou me concentrar mais em mim, me arrumar mais, cuidar da minha pele, me envolver de cabeça no trabalho, pois gosto de lá e quero cresce naquela empresa. Quero ser mais família também. E vou começar hoje. Vou ver um filme na sala com minha mãe e minha irmã.

Noite: estou levemente triste. Não totalmente, só levemente. Isso pelo comentário da minha mãe.

Quando estávamos vendo o filme, do nada, ela falou:

- Não arrumou nenhuma namoradinha ontem quando você saiu, Beto?

Não só eu a olhei de repente, como também minha irmão, pois não estávamos esperando nenhum comentário naquele momento do filme.

- Não mãe, eu não arrumei – falei, quase sussurrando para ver se ela voltava à concentração no filme.

- Nem uma ficante? – ela insistiu – Não é isso que vocês jovens falam hoje em dia? Um ficante?

Eu, de fato, não sei qual é a intenção da minha mãe com tudo aquilo. Me provocar? Querer se envolver na minha vida? Preocupação de mão? Não sei mesmo. Mas eu tentei dar uma chance a tudo aquilo e entrei no jogo dela.

- Ah mãe – eu comecei -, eu conheci uma pessoa, mas não rolou nada.

- E por que não, menino?

Notei que o papo havia ficando interessante não só para ela, como também para minha irmã. E por que não? Ah, porque o menino era um louco que queria ser o dono de todos os meninos do mundo, inclusive eu, porém apenas nas terças-feiras.

- Ela era um pouquinho estranha, sabe? - foi a coisa mais difícil do mundo falar ELA não ELE. Fiquei mal em usar esse termo feminino, não pela minha mãe, mas por mim. Eu sentia minhas palavras me queimarem por dentro, me enganarem, mentir pra mim mesmo. Não era ela, era ele. Por que será que uma simples mudança de uma letrinha machuca tanto a gente?

- Estranho? - ela falou cética – Você tem que parar com essa mania de achar todo mundo estranho. Desde quando era crianças vivia falando que eram as outras crianças que eram estranhas. Acho que o problema está com você.

- Pode ser – eu falei depois de pensar uns segundos. Ela não estava por toda errada.

- Mas fala, Beto – foi a vez da minha irmã -, como ela era? Era alta? Bonita? Usava saltos altos?

Foi uma descrição que não me agradou em nada. Ai, não conseguia imaginar uma moça de salto me beijando. Aliás, nenhuma moça.

- Ah – eu falei -, vamos ver o filme, por favor?

- Menino tímido – debochou minha irmã. E ela e minha mãe ficaram caladas e assistimos ao restante filme em silêncio... graças a Deus.

E agora estou eu aqui, quase meia noite e eu me sentindo um pouco mal, ainda por pronunciar que "ela era um pouco estranha". Ela... ela... quando eu poderia usar o "ele"? Um dia eu poderei usar o "ele"?

Levemente triste.

Mas vou ver se o sono vem lendo um livro. Vou voltar a ler minha leitura interrompida do livro POR QUE OS HOMENS FAZEM SEXO E AS MULHERES FAZEM AMOR.

27 de fevereiro de 2012 – segunda-feira

O dia de trabalho foi bem interessante. Finamente tive desafios e o melhor: os meninos e Serena confiam em mim e gostam do meu trabalho. Isso é tão gostoso.

Serena fez uma reunião com vários fotógrafos e modelos e jornalistas, para um megatrabalho de uma importante revista de moda Italiana. Quem acompanhava Serena era Felipe e eu. Tudo que era direcionado a ela tinha que passar por um de nós dois primeiro. Senti-me importante. Esse trabalho ia durar alguns dias. O bom foi que eu ganhei alguns brindes, e que brindes; perfumes da Chanel e Hugo Boss. E Felipe me falou que nos próximos dias teria mais outros brindes. Voltei para casa cheirando a perfume importado.

28 de fevereiro – terça-feira

Tchau fevereiro e carnaval. Agora sim parece que estou respirando o ano novo e que o Brasil vai "funcionar" e voltar de férias.

29 de fevereiro – quarta-feira

Sempre que eu chego com meus brindes em casa, tento fugir da minha irmã para que ela não veja e queira para ela. Ainda bem que hoje ela teve um teste para uma peça de teatro e foi participar. Estou torcendo muito por ela e espero que ela se envolva mesmo com essa profissão de atriz e que de certo em sua vida.

De brinde, além do perfume Chanel e Hugo Boss, também trouxe 212 e o Ralph Laurence. Conseguir sair com um cinto da Louis Voltton também, é muito lindo, já vou usá-lo amanhã no trabalho. E outros brinde chique que eu recebi foram duas calças jeans da Calvin Klein.

Maldito mundo do consumo (risos).

Pelo menos agora estou arrumando meu guarda roupa aos poucos e posso andar de cabeça erguida com minhas próprias roupas e calçados, mesmo que muitos deles tenham sido brindes.

A Odisseia Solitária 🏳🌈Onde histórias criam vida. Descubra agora