01 de fevereiro - quarta-feira

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01 de fevereiro – quarta-feira

Ai que saco, tudo é carnaval, carnaval e carnaval. Se eu ligo a TV só tem propagandas da data, ainda mais os de cervejas. As decorações, enfim, tudo é carnaval. Não gosto desta data. Será que é porque eu não sei sambar? Porque quando eu vejo uma passista ou um mestre sala a dançar, eu fico louco achando lindo. Droga, tenho inveja quem samba, não que eu odeio o carnaval

Noite: Eu queria aproveitar os dias restantes de minhas férias, mas sem dinheiro é difícil. Ainda bem que na segunda-feira eu volto a trabalhar.

Madrugada: Não consigo dormir, só pensando na volta ao trabalho. Estou com muita vontade de comprar uma roupa nova, para não ter que usar tudo que eu já usei. Preciso voltar com algo novo. Uma nova era no meu trabalho. Porém não se dá para fazer milagres com pouco dinheiro, ainda mais aqui no Brasil que uma roupa custa o olho da cara.

Mas está decidido, vou tentar comprar alguma peça de roupa nova, nem que seja uma simples blusinha.

02 de fevereiro de 2012 – quinta-feira

Como quase não tinha dinheiro para fazer minha simples compra, pedi um pouco emprestado para minha mãe. Quem sabe assim posso comprar uma roupa decente para voltar ao trabalho. Minha irmã não quis me acompanhar. Por um lado isso foi bom, pois sei que ela ia ficar dando palpite, como se a roupa fosse para ela.

Vou às compras... Aliás, à compra, uma vez que vou comprar apenas uma coisa.

Odeio-me!

Noite: Ai, de fato me odeio. Não sei que merda tenho na cabeça. Por que eu não fui comprar minha maldita roupa no Brás ou em outro lugar onde eu sei que sairia mais barato? Mas não. Não sei que diabos passa pela minha pequena cabeça, que me faz ir direto para a região da Paulista. Tenho que parar com essa mania de ir automaticamente para lá sempre que saio de casa.

Bem, enfim, não posso negar que minha compra foi completamente ruim, pois não foi.

Aliás, eu fiz não ser uma compra ruim: já que estou sem muito dinheiro, o jeito é fingir ter muito dele. Sim, essas pessoas que entram nas lojas chiques de São Paulo quase todos não passam de pessoas querendo ser ricas. Todo mundo que entra até em um shopping já muda de postura e fica de nariz arrebitado.

Pois bem, lá fui eu numa loja da região da Paulista. Eu, com toda minha educação sexy, cheguei sorridente em um vendedor de uma loja cara. Ele, assim que me viu, já veio até mim desdenhoso, com cara de repulsa e reprovação. Na hora fiquei bravo com ele. Senti vontade de voar em cima de seu pescoço e dar duas tapas na cara dele, ao mesmo tempo em que senti uma grande vontade de voar em seu pescoço para dar-lhe muitos beijos. Aquele semblante de menino chato me atraiu como nunca.

NOTA: Procurar um especialista para ver se posso ser masoquista.


Mas, voltando ao rapaz que me reprovava: ele perguntou se poderia me ajudar, mas ajudar era tudo o que ele não queria naquele momento. Só para fazer-lhe mais raiva, comecei a olhar todas as peças de roupas e já com a certeza que não ia levar nada; isso pelo vendedor parar de ser chato, arrogante e sexy, e também por ser tudo tão caro. Mas, assim como ele sabia, e eu tinha certeza, não levei nada daquela loja. Sai de lá pensando no seguinte: parece que, para você entrar numa loja chique, você jamais pode ser simpático. Tem que ser uma pessoa arrogante, chata. Tinha que pensar nisso tudo e não tirar da minha cabeça que eu estava ali para comprar uma roupa nova para voltar a trabalhar.

Entrei numa segunda loja, porém, não menos chique que a outra. Na hora veio um vendedor perguntar se poderia me ajudar. Eu estava com uma postura firme, decidida e totalmente arrogante a tudo, até mesmo ao vendedor que me veio com um sorriso de lado a lado do rostos. Eu o olhava de baixo para cima, com arrogância. E mesmo assim o sorriso dele não murchou. Isso comprova minha tese de que nessas lojas chiques, enquanto mais nojento você era, mais eles gostam.

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