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JENN

Entrei em casa e pousei a mala no chão, exausta, e por momentos pensei que nunca mais faria uma viagem entre Sydney e Londres a menos que fosse estritamente necessário. Estava tão cansada que só me apetecia cair na cama e dormir por três dias.
Assim que fechei a porta atrás de mim, o Luke apareceu logo à entrada e abraçou-me repentinamente. E aquele abraço soube-me pela vida. Parecia que já não o via há séculos! Dei por mim a pensar que era desta sensação que eu precisava. Precisava de sentir este friozinho na barriga quando estou perto dele.
Quando desfizemos o abraço, ele olhou-me com um sorriso tímido, mas bastante acolhedor. Dei por mim a pensar que não devia ter ido embora. Senti que aquele era o meu lugar.
Mas senti que não estava a demonstrar entusiasmo e o seu sorriso desvaneceu-se.

- O que é que se passa? – perguntou ainda quando estávamos a dar um semi abraço.

Respirei fundo, afastando-o e quebrando qualquer contacto físico. O beijo do George não me saía da cabeça. Não pelos melhores motivos. Mas cada vez tinha mais a certeza de que tinha sido um erro.

- Jenn? – chamou-me, vindo atrás de mim até à sala. Agarrou-me no braço e puxou-me para ele de maneira a que eu me virasse para ele de frente e o olhasse nos olhos – O que é que se passa?

Apercebi-me de que tinha deixado cair uma lágrima e apressei-me a limpá-la enquanto os seus olhos azuis me observavam preocupados.
Um impulso apoderou-se de mim e abracei-o inesperadamente, abraço ao qual ele correspondeu imediatamente.

- Eu tive mesmo saudades tuas... - murmurei ao seu ouvido, tendo plena consciência do quão bom era estar nos seus braços.

- Também tive muitas saudades tuas – retribuiu, quebrando o abraço segundos depois.

- Desculpa... - murmurei quando nos afastámos, sentindo-me atrapalhada por ter agido impulsivamente.

Ele deu-me a mão e levou-me até ao sofá, onde nos sentámos muito próximos.

- Antes de mais nada, conta-me o que aconteceu – pediu – Por que é que estás assim?

- Porque sinto que a minha cabeça vai explodir... - murmurei, respirando lentamente – Fui a Londres porque queria estar com o George mas as coisas não foram como eu pensava que iam ser.

- Não? – a voz dele soou estranha.

Eu precisava de falar sobre aquilo, eu tinha de dizer em voz alta o que se passou com a esperança de que isso me ajudasse a pensar melhor.

- Ele foi pôr-me ao aeroporto e nós beijámo-nos.

A mão dele ficou tensa e no segundo a seguir separou-a da minha. Senti o meu coração apertado. Não queria ter perdido aquele contacto, por alguma razão sentia a necessidade de estar com ele.

- Posso fazer-te uma pergunta? – pediu, com os olhos fixos ao chão.

- Sim... - a minha voz soou com um tom interrogativo.

- Por que é que me ligaste a dizer que tinhas saudades minhas? – perguntou mas abanou a cabeça rapidamente, virando-se para mim e olhando-me nos olhos – Aliás, por que é que disseste que me amavas e no dia seguinte beijaste o Shelley?

Senti que aquilo teve o mesmo impacto que uma bala no meu coração. Do que é que ele estava a falar? Eu disse... que o amava?
Ainda nem tinha assimilado aquilo quando a expressão dele, ao observar-me, mudou. Parecia desiludido, como se eu o tivesse magoado da pior forma.

- Tu não te lembras, pois não? – a voz dele soou frágil, trémula, e eu senti-me a pior pessoa do mundo – Tu não te lembras do que me disseste...

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