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GEORGE

- Ela respondeu-te à mensagem? - perguntou o JJ depois de alguns minutos de silêncio.

Já tinha acabado de tomar o pequeno-almoço mas manteve-se sentado à mesa a fazer-me companhia.
Começava a aperceber-me de que andava a passar demasiado tempo em casa dele.

- Não - murmurei sem o encarar.

Percebi que ele ficou sem saber o que dizer.
Levantei-me e fui buscar as minhas coisas.

- Vais para casa? - perguntou ele.

- Sim, sinto que já quase vivo aqui - gozei e dirigi-me para a saída.

Assim que saí para a rua o frio fez-me arrepiar. Verifiquei o telemóvel mais uma vez mas não tinha nenhuma mensagem nova. Suspirei e entrei no meu carro, que não estava muito longe.
Desde que a Jenn se foi embora que nunca mais falei com ela. Já nem o Harry me dá notícias dela. E saber que ela está na Austrália com o Hemmings não é algo de que goste muito, principalmente devido aos boatos de que eles namoram. Tento recordar-me de que não devo dar ouvidos ao que dizem nas redes sociais mas nem sempre é fácil. Não é fácil não conseguir falar com ela. Parece que me evita. Faz-me pensar que realmente não sente nada por mim.

JENN

Estive desde cedo no computador, a organizar e selecionar algumas fotos, a editá-las e a fazer um primeiro rascunho de um futuro livro. Ainda não passava de uma ideia, mas desde que o Matthew me falou dela que andava entusiasmada.
Olhei para o relógio, verificando que eram quase cinco da tarde. Senti que tinha passado o dia todo a obrigar-me a não pensar na noite passada.
Nessa manhã acordei sozinha, o Luke já se tinha levantado. E apesar de termos passado o dia todo em casa, ainda não trocaramos uma única palavra.
Suspirei, encostando-me à cabeceira da cama abraçada a uma almofada, com o computador pousado aos meus pés. A almofada ainda tinha o cheiro do Luke. Mas o que é que se passa comigo? Pousei a almofada ao meu lado e voltei a pegar no meu computador para acabar num instante o que estava a fazer. Depois desliguei o portátil e tirei os fones, apercebendo-me de que o Luke estava na sala a tocar guitarra e a cantar. Não me devo ter apercebido mais cedo porque estava a ouvir música nos fones...
Levantei-me, decidida a ir até à sala, mas nesse momento recebi uma nova mensagem. Era do George.

Não percebo por que é que me ignoras. Acho que tenho o direito de perceber o que se passa contigo... apesar de tudo somos amigos, não somos? Só estou preocupado contigo.

Respirei fundo, com uma sensação estranha que não sabia descrever. Mas decidi responder.

Desculpa... também tenho saudades tuas.

E assim que cliquei no botão de enviar desliguei o telemóvel e deixei-o em cima da mesa-de-cabeceira, saindo do quarto em seguida.
Parei à porta da sala, enfiando as mãos nos bolsos das minhas calças de fato treino. Já não tinha a t-shirt dele vestida, porque entretanto tomei banho e vesti uma sweatshirt porque estava com frio.
Ele não reparou na minha presença e continuou a tocar a "Beside You". Dei por mim a observá-lo ao pormenor, a admirar as pequenas covinhas que se lhe formavam nas bochechas quando cantava.
Abanei a cabeça levemente e afastei-me. Fui sentar-me na mesa da cozinha, ainda com aquela sensação estranha a incomodar-me.
Estava tão imersa nos meus pensamentos que nem me apercebi de que o Luke tinha parado de tocar. Só quando a mão dele tocou na minha é que acordei para a realidade. Levantei o olhar e encontrei-o sentado à minha frente, a olhar-me com um ar preocupado.

LUKE

Assim que cheguei ao fim da música, reparei que ela estava sentada na cozinha. Estava com um ar perdido e achei estranho. A verdade é que todo aquele dia estava a ser estranho.
Quando acordei, naquela manhã, e a vi a dormir tão bem, não a quis acordar. Ainda fiquei algum tempo a admirá-la, mas acabei por me levantar sem fazer barulho.
Passámos o dia todo em casa, sozinhos, e no entanto não trocámos nem um olá. Foi estranho tê-la ali tão perto e não lhe falar. Mas como passou o dia todo trancada no quarto, pensei que ela queria estar sozinha.
Quando me sentei à sua frente, na mesa da cozinha, e ela não reparou nisso, percebi que ela estava mesmo perdida em pensamentos.

- Estás bem? - perguntei, quando ela se apercebeu da minha presença.

- Sim, e tu? - a voz dela soou estranha.

Assenti com a cabeça. Algo entre nós mudara mas eu não sabia dizer o quê nem porquê.
Não a queria deixar sozinha em casa, mas sabia que ela queria estar sozinha.

- Daqui a bocado vou ter com o Ashton e com o Calum... - anunciei, mas não obtive qualquer reação da parte dela - Ficas bem?

- Sim, não te preocupes - disse ela, levantando-se e saindo da cozinha.

Apercebi-me que as minhas mãos tremiam discretamente. Sentia-me nervoso com a apatia dela. A Jenn nunca tinha sido assim comigo...

JENN

Assim que fechei a porta do quarto, dei por mim a ir até ao armário e a tirar uma das minhas malas de viagem para fora e a escolher algumas roupas e a guardá-las lá dentro. Não sabia o que estava a fazer, não sabia mesmo. Estava a fazer uma mala para ir onde?
Olhei para o meu telemóvel e peguei nele, ligando-o. Tinha uma nova mensagem do George.

Quando é que pensas voltar para Londres?

Ao ler a mensagem, olhei para a mala meia feita no chão. Era isso. Eu precisava de ir a Londres. Nem que fossem só dois dias. Mas precisava de ir. Precisava de estar com o Liam, com o Zayn, com a Sophia e com a Caterina, com o George. Eu precisava de estar com o George, precisava de falar com ele.
Atirei o telemóvel para cima da cama e liguei o portátil, fazendo figas para que conseguisse um voo para Londres ainda nessa tarde. Enquanto o computador pensava, fui arrumando as coisas na mala e por fim acabei por conseguir um voo daí a três horas. Respirei de alívio.
Ouvi a porta de casa a abrir e depois a fechar. O Luke já tinha saído para ir ter com os rapazes.
Apercebi-me então de que estava a chorar. Estava nervosa, com as mãos a tremer imenso e a respiração irregular. Boa, um ataque de ansiedade. E não tinha o Luke ali para me acalmar. Passei as mãos pelo cabelo, esforçando-me ao máximo por me acalmar. E lembrei-me então que eu não podia ir embora assim, sem mais nem menos, sem dizer nada ao Luke. Ele ia ficar super preocupado. Mas também não tinha coragem para lhe ligar ou mandar mensagem. O mais provável era que assim que soubesse que eu ia a Londres voltasse para casa a correr para me tentar impedir ou para tentar perceber o que se passava. E eu não queria falar. Não lhe queria dizer que ia ter com o George.
E por que é que não podes dizer ao Luke que vais ter com o George? Inquiriu o meu subconsciente. Sentei-me na borda da cama, ainda com as lágrimas a caírem descontroladamente. Eu não entendia o que se passava comigo, por que é que eu estava naquele estado, a chorar.
Lembrando-me de que tinha de me despachar, passei as mãos pela cara, limpando as lágrimas, e fui até à cozinha onde sabia que estava um bloco de notas e uma esferográfica. Escrever um bilhete era muito mais fácil.

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