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DOIS DIAS DEPOIS
JAMES

- A Jenn já sabe de tudo – disse o Styles assim que lhe abri a porta.

Entrou na minha casa e dirigiu-se para a sala, dando de caras com a Emilly sentada no cadeirão.

- Olá – cumprimentou-a com pouca simpatia. Ela limitou-se a sorrir-lhe ironicamente sem interromper o que estava a fazer: limar as unhas.

- Acho que vocês os dois têm andado demasiado stressados – comentou ela.

Olhei-a, chateado – E tu estás sempre demasiado descontraída. O Trevor pode ir atrás de ti a qualquer momento!

- Eu sei. E espero mesmo que venha.

Revirei os olhos, perguntando-me se ela seria assim tão corajosa ou tão burra. A sua permanente descontração irritava-me e ao mesmo tempo fazia-me admirar a Emilly cada vez mais. Aquela rapariga nunca demonstrava uma pinga de medo. Nunca estremecia de susto, parecia que nada a surpreendia. E parecia não ter noção do perigo que corria.

- Afinal onde é que foste desencantar esta rapariga? – perguntou-me o Harry, fingindo que ela não estava ali.

Ela endireitou-se no cadeirão e olhou-o nos olhos – Esta rapariga é quem vai pôr o cabrão do Trevor na linha.

O Harry olhou-a com um ar surpreendido e depois desviou o olhar para mim, como quem pede explicações. Limitei-me a encolher os ombros, porque discutir sobre a falta de sanidade mental daquela miúda era desnecessário.

- Acho que mais tarde ou mais cedo vocês têm de falar – percebi que se referia a mim e à Jenn – Pelo menos para ela ter a oportunidade de receber um pedido de desculpas teu.

- Eu sei, falarei com ela – garanti-lhe, mesmo não tendo a certeza de quando o faria. Ficaria à espera que ela viesse falar comigo quando estivesse pronta para isso, porque depois de toda a porcaria que eu lhe fiz não tinha o direito de a pressionar.

- Bom, foi um prazer falar contigo – disse-me com um tom irónico – e um prazer conhecer-te – e olhou para a Emilly – mas tenho de ir embora. Daqui a bocado tenho um avião para apanhar.

- Boa sorte com a tour – desejei, despedindo-me dele com um abraço.

LUKE

Já me sentia tonto de tantas voltas que dei à sala.
A Jenn, trancada no quarto a falar com o Harry, ainda não me tinha dito nada hoje. O Harry naquele momento devia estar no aeroporto à espera de apanhar o avião para a Colômbia, onde seria o primeiro concerto da tour dos One Direction.
Quando ouvi a porta do quarto dela a abrir, precipitei-me para lá. Ela estava com um ar abatido e os seus olhos estavam um pouco vermelhos.
Assim que lhe apareci à frente ela abraçou-me com força. Tê-la nos meus braços, independentemente das circunstâncias, era sempre uma sensação incrível.

- Queres falar? – perguntei quando ela desfez o abraço.

Ela encolheu os ombros e eu sentei-me na cama, com as costas apoiadas à cabeceira da cama. Ela veio sentar-se à minha frente, entre as minhas pernas e encostando-se a mim. Rodeei a sua cintura com os meus braços e pousei o meu queixo no topo da sua cabeça, sentindo o leve cheiro do seu champô.

- O Harry disse que estava a fazer de tudo para que o Trevor não viesse atrás de mim... - suspirou – O James acha que o consegue fazer esquecer-se de mim.

- Já falaste com o James? – perguntei com um nó no estômago.

- Não – de certa forma a sua resposta tranquilizou-me um pouco.

- Mas vais falar com ele...

- Sim, um dia. Mas agora não. Ainda estou a assimilar tudo isto – disse, com a voz rouca.

As suas mãos pousaram nas minhas e com os polegares desenhou círculos imaginários na minha pele.

- Tu... vais perdoá-lo?

Ela ficou tensa durante uns segundos e depois desencostou-se de mim, voltando-se para ficar sentada de frente para mim.

- O que é que se passa? – perguntou-me, sem desviar os seus olhos dos meus.

Engoli em seco, sem saber se era boa ideia falar-lhe dos meus medos. Seria estranho, nós nem tínhamos ainda definido a nossa relação, eu nem sabia o que é que ela queria realmente.
Ao não obter nenhuma resposta, ela entrelaçou as suas mãos nas minhas.
Suspirei, frustrado. Ela era teimosa o suficiente para não me largar enquanto eu não lhe dissesse o que pensava.

- Eu... tenho medo que tu o perdoes e... - hesitei, perguntando-me se aquilo fazia sentido.

- E tens medo que eu dê mais uma oportunidade ao James e que te deixe... - concluiu ela, como se me tivesse lido a mente.

Isso era uma das coisas de que mais gostava dela desde sempre: conseguíamos entender-nos um ao outro na maior parte das vezes, mesmo que não disséssemos nada.
Limitei-me a confirmar com um aceno de cabeça, sem forças para dizer alguma coisa.

- Eu nunca faria isso – disse ela, parecendo convicta do que dizia, olhando-me nos olhos – O que eu sentia pelo James acabou há muitos meses atrás. Mesmo que o perdoe pela forma como me tratou, eu nunca voltaria para ele, não faria sentido se o fizesse.

- Tens a certeza disso? – perguntei num fio de voz, sentindo os meus olhos picarem.

- Tenho – respondeu e no segundo a seguir juntou os seus lábios aos meus.

Beijá-la tinha sempre o mesmo efeito em mim, aquelas borboletas na barriga e aquela sensação de que mais nada no mundo interessava. As suas mãos acariciaram o meu cabelo enquanto as minhas desciam até à sua cintura, puxando-a para o meu colo. Quando interrompemos o beijo para controlar a respiração, ela sorriu. Percebi que ela queria aquilo tanto como eu. 

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