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HARRY

O meu telemóvel começou a tocar e quando vejo o nome da minha irmã no ecrã o meu rosto abre-se num grande sorriso.

- Bom dia! – digo, mas depois lembro-me que lá já é quase noite.

- Olá – a voz dela soou estranha.

- Jenn?

- Estou a ir para o aeroporto, vou para Londres daqui a bocado – diz ela de repente, deixando-me de olhos arregalados.

- Vens para Londres? Porquê? Vens definitivamente? – as perguntas saíram-me todas enroladas umas nas outras.

- Não, só devo ficar aí uns dias – explicou – Mas já não aguento as saudades... preciso de estar com os meus amigos e principalmente preciso de estar com o George...

Eu já sabia que era uma questão de tempo até ela não aguentar mais, mas tendo em conta a situação atual, não soube se era boa ideia.

- Vens com o Hemmings? – não pude evitar de perguntar.

- Não... ele não sabe disto.

- Como não?

- Ele foi sair com os amigos e eu decidi isto de um momento para o outro, não quis que ele voltasse para casa a correr, preocupado...

A voz dela estava mesmo estranha e por momentos tive a sensação de que ela esteve a chorar, que estava nervosa. Mas não percebi porquê e tive medo de perguntar. Decidi que falaria com ela quando ela chegasse.

- Eu vou buscar-te ao aeroporto então – disse-lhe e ela agradeceu.

Quando desligámos a chamada, pousei o telemóvel na grande mesa, onde eu e o Louis conversávamos.

- Está tudo bem? – perguntou ele, reparando na minha cara.

- Hm sim, a minha irmã vem a Londres – informei no exato momento em que o Zayn entrou na sala.

- A sério? A tua irmã vem cá?! – ele parecia mesmo animado com a notícia.

- Sim – e lamentei não conseguir falar com o mesmo entusiasmo.

Como era óbvio, eles repararam que eu não estava tão contente como era suposto estar, mas para evitar perguntas saí da sala para ir procurar o Niall e o Liam.
Quando fiquei sozinho no grande corredor do estúdio, ainda ponderei ligar ao Luke para saber se estava mesmo tudo bem, mas achei melhor não. A Jenn não lhe contou por alguma razão, e mais tarde ou mais cedo eu ia saber o que se passava.

HORAS DEPOIS
JENN

Assim que saí do aeroporto e respirei aquele ar londrino, um certo alívio me invadiu. Há meses que não punha os pés em Londres e as saudades eram imensas.
Depressa encontrei o carro do meu irmão e entrei, colocando antes a mala nos acentos detrás.

- Então maninha? – cumprimentou-me com um beijo na bochecha – Vamos jantar a casa da mãe hoje.

- Okay! – respondi, gostando da ideia. Eu tinha muita sorte por o Harry se dar bem com o seu padrasto e não ter problemas nenhuns em ir lá a casa.

- O Zayn e o Liam estão eufóricos com a tua visita, depois de jantar vamos ter com eles. Não me largaram até prometer que te viam ainda hoje – riu-se sem desviar os olhos da estrada.

Sorri, ansiosa por estar com eles.
Durante a viagem, observei aquelas ruas como se já não as visse há anos. A verdade é que por mais que eu gostasse de viajar e de conhecer o mundo, nunca nenhuma cidade me agradava mais que Londres. Esta era a minha casa.
Liguei o meu telemóvel e recebi logo uma quantidade enorme de mensagens e chamadas não atendidas do Luke. Senti-me ainda mais culpada por me ter vindo embora sem falar com ele. E, contendo as lágrimas, apaguei todas as notificações, decidindo ler as mensagens mais tarde.

LUKE

Cheguei a casa bastante tarde, eram quase duas da manhã. Pensando que talvez a Jenn já estivesse a dormir, tentei fazer o mínimo de barulho possível e, ao entrar na cozinha para beber um copo de água, reparei numa folha do bloco de notas pousada em cima da mesa, escrita com a letra da Jenn.

Desculpa não te ter dito nada mais cedo, mas não tive coragem. Na verdade, decidi de um momento para o outro e não te quis ligar com medo que viesses para casa preocupado.
Estou a ir para Londres. Não te preocupes, por favor. São só dois ou três dias. Prometo que tenho cuidado com o James. Vou tentar que ele nem saiba que estou lá. Mas sabes bem as saudades que eu tenho dos meus amigos e dos meus pais. E do George. Foi principalmente por causa dele que decidi ir a Londres. Preciso de falar com ele, de lhe explicar as coisas. Preciso de estar com ele.
Desculpa. Por favor não fiques chateado comigo... prometo que volto rápido. Beijinhos.

Acabei de ler o bilhete com um nó na garganta e só me apercebi de que estava a chorar quando uma lágrima caiu em cima da folha, esborratando um pouquinho a tinta da caneta.
Eu não queria acreditar que ela se foi embora assim, sem mais nem menos. Sem me dizer nada. Sem me perguntar se eu queria ir com ela. Passou o dia todo quase sem falar comigo, parecia chateada, e do nada vai-se embora para Londres. Para ir ter com o George.
Esse pormenor não parava de pairar na minha cabeça. Ela foi para Londres para ir falar com o George. Para estar com ele.
Estava tão chateado e perdido e triste que nem me apercebera que já não estava na cozinha. Estava parado à porta do quarto dela. Estava uma bagunça, com algumas roupas espalhadas pelo chão, o portátil deixado em cima da cama.
Ela foi mesmo para Londres, e eu ali, sozinho, no quarto dela com o seu bilhete na mão, percebi finalmente o que é que tinha mudado entre nós. Percebi por que é que eu andava a agir de forma tão estranha, por que é que comecei a ficar atrapalhado e até um pouquinho nervoso ao estar ao pé dela, percebi o que era aquela sensação estranha que sentia, e por que é que me começou a incomodar o facto de ela falar do George e de ter ido ter com ele.
Eu gostava dela. Não como amiga.
Eu estava apaixonado por ela. 

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