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JENN

Quando ele me agarrou por trás e me tapou a boca, percebi que tinha feito merda. Ouvi a voz do Trevor no meu ouvido, a ameaçar-me para não fazer nenhum disparate. Mas eu estava tão em pânico que não quis saber das suas ameaças. Uma coisa que não tinha contado a ninguém (nem mesmo ao Luke) é que em Sydney, depois daquele incidente com a faca, tive algumas aulas de autodefesa. E a minha reação foi instintiva: pus em prática alguns golpes que aprendi e, quando o deitei ao chão, não hesitei em fugir. E naquele momento eu só tinha um sítio para onde ir.

JAMES

Quando tocaram à campainha, mal ouvi e foi a Emilly quem foi abrir a porta. Mas ao ouvi-la chorar, levantei-me rapidamente do sofá e quase corri para a porta. Ela caiu-me nos braços sem que eu pudesse sequer perceber o que estava a acontecer. A Emilly, fechando a porta à chave, pensou exatamente no mesmo que eu.

- Jenn... - desfiz o abraço e passei a minha mão pela sua bochecha para limpar algumas lágrimas – O que é que se passa? O que é que te aconteceu?

Ela não conseguia falar e só chorava descontroladamente e parecia estar com falta de ar. Pareceu-me um ataque de pânico mas nunca a tinha visto ter um, pelo que não soube o que fazer.
Levei-a para o sofá enquanto a Emilly, com um ar alarmante, foi até à janela.

- Calma, agora estás em segurança... estás bem – murmurei quando ela me agarrou a mão com força.

Olhei-a, preocupado. E senti o meu coração acelerar imenso ao ponto de parecer querer saltar-me do peito. Já não a via desde aquela discussão... desde que ela deixou Londres. Só passaram quatro meses e no entanto parecia que já não a via há uma eternidade.
O estado em que ela estava demonstrava bem que tinha acontecido alguma coisa com o Trevor.

- Foi o Trevor? – perguntou a Emilly.

A Jenn confirmou com um aceno de cabeça, estava demasiado nervosa para conseguir dizer fosse o que fosse.
Peguei no meu telemóvel e hesitei em ligar ao Styles. Combinámos que sempre que acontecesse alguma coisa avisávamos o outro. E era precisamente o que eu ia fazer quando a Jenn me agarrou na mão e me tirou o telemóvel.

- Não vais ligar ao Harry – disse ela com a voz demasiado trémula.

- Okay, calma... - acedi – Mas conta-nos o que se passou...

- Ele apanhou-me na rua... - gaguejou ela – Agarrou-me...

Fechei os punhos, sentindo a raiva a apoderar-se de mim. Do outro lado da sala, a Emilly ouvia em silêncio e com uma expressão apática que me deixou ainda mais nervoso.

- Eu consegui libertar-me dele e fugi... mas não sei se ele veio atrás de mim... - disse ela.

- Não te preocupes – disse a Emilly – Aqui estás em segurança.

HARRY

- A Jenn não está – respondeu a minha mãe da cozinha.

- Onde é que ela foi?

- Ah isso não sei... mas ela saiu de casa muito nervosa, nem me ouviu a chamá-la.

Senti um nó no estômago, sentindo que aquilo não era bom sinal. Voltei a ligar à Jenn, mas ela não me atendeu o telemóvel.
Hesitei, com o telemóvel nas mãos, pensando se havia de ligar ao Shelley. Dados os últimos acontecimentos, ela podia estar com ele.
Respirei fundo e procurei o número dele, ligando-lhe.

- Sim – atendeu ele.

- Oi, estás com a Jenn? – perguntei, amaldiçoando-me por não conseguir esconder o meu nervosismo.

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