De novo em uma carruagem com Anthony. Eu sou a pessoa mais desafortunada que conheço, me atrasei e Violet seguiu para a cidade com suas 3 filhas. Isso resultou em eu, Colin, Benedict e Anthony na mesma carruagem.
Não via problema em ir sozinha, ou até mesmo andando mas acabaria me perdendo de novo e só chegaria lá no dia seguinte.
Se Gregory não tivesse aula de montaria, obrigatoriamente iria à cidade conosco e estaria no meu lugar. Então eu teria uma carruagem inteira somente para mim até a cidade.
— Já foi a algum recital? — Benedict interrompeu meus pensamentos com sua pergunta
— Nunca, será minha primeira vez.
— Tento imaginar como nos surpreenderá novamente com seu estilo singular de moda — Colin brincou
Anthony permanecia calado, com a mão no queixo pensativo. O olhar vidrado na janela, não era possível que árvores fossem tão interessante para ele não sequer se envolver na conversa.
— Acredito que esse evento será bastante comentado na coluna de Lady Whistledown
— Todos falam tanto dela, adoraria ler pelo menos 1 vez.
— Peça a hyacinth, provavelmente ela possui algumas impressões passadas.
— Irei me lembrar disso.
Passei o resto do caminho ignorando Anthony e conversando com seus irmãos, que se mostravam cada vez mais adoráveis.
Mesmo depois do acontecido no rio, não me sentia nem um pouco constrangida perto de Colin. Devia estar começando a vê-lo como um grande amigo, sem segundas intenções... isso era bom
Quando a carruagem parou, fui a última a descer — com a ajuda de Benedict — e disse adeus a eles. Seguiria para um lado com as mulheres e os homens seguiriam para o outro.
Eloise surgiu do meu lado e ficamos de braços dados, caminhando juntas.
— Já tem uma ideia de como será seu vestido? Estou ansiosa para ver
— Rosa, tenho certeza que será rosa — o criava na minha mente e o descrevia para ela — Pensei em renda, sem mangas...
— Colette ficará feliz em criar um modelo tão diferente dos que costuma fazer. Ela, assim como você, gosta de inovar.
Violet, Francesca e hyacinth andavam na frente cumprimentando os conhecidos que encontravam. Eloise, bastante esperta, não soltava meu braço e passávamos despercebidas.
O caminho foi assim até chegarmos no ateliê. Uma senhora baixa de 50 anos, refinada e com uma fita métrica em volta do pescoço nos recebeu. O ateliê era muito bonito, as paredes e os móveis brancos. Vidraças enormes para que todos pudessem ver os vestidos expostos nas vitrines.
Uma parede com um armário só de prateleiras, para guardar os tecidos e as linhas.
Soltei o braço de Eloise para conseguir dar uma volta pelo estabelecimento. Vi uma cortina meio aberta. Pelo que pude deduzir, era ali que as mulheres tiravam suas roupas e faziam os ajustes.
— Senhorita Clair, é um prazer conhecê-la.
Aquilo me fez recuperar a consciência e ver que a Colette se pronunciava.
— Colette, não é? — ela assentiu — o prazer é todo meu.
— Ouvi muitos boatos sobre o vestido que usou no baile dos Heartsides, foi você mesma que o fez?
— Apenas fiz algumas mudanças com a ajuda de uma amiga.
— Vejo autenticidade em você, esses vestidos que usa a apagam muito. Atenderei você por último, sinto que a conversa será longa.🎀
Se passaram 2 horas e ainda faltava Hyacinth ser atendida para que chegasse na minha vez.
Não sabia mais o que fazer, li todas as revistas que tinham. O chão em breve ficaria com uma marca dos círculos que eu dava pelo ateliê. Parei em frente à vitrine para observar as pessoas passando. Crianças e mulheres, homens e cavalos. Pensava que poderia me acostumar com isso...
NÃO! Clair não faça isso!
Forcei minha vista para enxergar o homem que comprava um caderno de desenho... era Benedict
Sai pela porta, com o movimento das carruagens e as pessoas passando foi difícil chegar até ele mas consegui surpreendê-lo.
— Então você é um artista? — fiquei na ponta dos pés para falar o mais perto possível de sua orelha —
Benedict se moveu ligeiramente que me desequilibrei, teria caído se ele não fosse rápido o bastante para segurar meu braço. Agora me encontrava com o olhar fixado ao dele.
— Você me assustou!
— Sabe desenhar? — Olhei para o caderno que ele segurava com a outra mão
— Sim, eu sei — Respondeu friamente
— Não sabia disso.
— Ninguém sabe e você não pode contar.
— Parece que agora temos um segredo — Abri um sorriso para ele, que parecia menos tenso
— A senhorita não deveria estar no ateliê?
— Ainda não fui atendida e enlouqueceria lá dentro esperando. Podemos dar uma volta e você me fala mais sobre esse seu talento.
— Não faça eu me arrepender de ter te contado.
— Você não me contou, eu descobri. Sei guardar segredo, pode confiar em mim.

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Perdida nos Bridgertons
RandomApós anos de escravidão e desprezo, Camila perde as esperanças e aceita sua vida como Clair, a empregada de sua madrasta No dia de seu aniversário é enviada até o século XIX por sua fada madrinha. Se vê perdida e livre em um lugar completamente dif...