Perdida nos Bridgertons

Uma dança

Fazia bastante sol, mesmo que a copa das árvores formassem sombra. A brisa era forte, balançava os galhos como uma dança
Lá estava eu, segurando as pontas de meu vestido para não tropeçar enquanto corria. Olhando para todos os lados na esperança de achar um local seguro. Era difícil diferenciar os passos deles dos meus, meu coração batia tão forte que poderia escutar mesmo com o canto dos pássaros
Minha respiração ofegante entregava o quão cansada estava, me encostei em uma grande árvore para descansar uns minutos. Tapei a boca na esperança de fazer silêncio, porém quando olhei para o lado notei ser tarde demais. Eles tinham me achado
— 1, 2, 3, CAMILA PERDEU! — Hyacinth gritou, vitoriosa
— Eu me rendo — levantei às mãos, me rendendo
— Você não é ruim, mas não é melhor que nós — Gregory possuía uma fala bastante formulada para alguém de 13 anos
Se sentiam, assim como eu, exclusos de todas essas celebrações que em breve aconteceria. Descobri que brincar com eles poderia ser divertido, com minha infância praticamente perdida eu aproveitava bastante.
Além de ser uma bela forma de fugir de Benjamin, meu 4 dia em Aubrey Hall e encontrava-me prestes a pirar. Agradecia bastante o esforço de Benjamin e sua disposição, porém enlouqueceria se escutasse mais sobre penteados adequados para bla bla bla
— Eu tenho algo legal para mostrar — anunciei abrindo um sorriso, os deixando intrigados
Continuamos andando à frente até que encontrei o que precisava. 3 pedras não tão grandes para malabarismo
Sentaram em um tronco perto do riacho e pedi atenção 
Um dos meus sonhos de criança eram trabalhar em um circo como bailarina, não aconteceu porque aprendi somente acrobacias — e por outros motivos óbvios —
Eles pareciam bastante entretidos, sorriam e aplaudiam quando passava a pedra por debaixo do joelho
— Rã-rã...
o susto foi tremendo, parte por minha concentração e parte por saber quem era
As pedras voaram de minhas mãos e uma caiu na minha cabeça, para minha grande sorte
Esfregava a testa na esperança de diminuir a dor, me virei e abri um grande sorriso
— Benjamin, você por aqui?
— O que faz tão afastada da propriedade? — arqueou as sobrancelhas e olhou para as crianças — e acompanhada dos pequenos
— Estávamos nos divertindo
— A barra de seu vestido está imunda, seu cabelo desgrenhado, não é assim que uma dama deve estar
A forma como ele falou, me lembrou minha madrasta. Me olhar como inferior e me julgar, não suportaria aquilo. Não de novo, nunca mais
— Eu não sou uma dama, já deveria ter percebido isso
Sai de lá apressada, não permaneceria perto daquele homem nem mais 1 minuto. Se fosse apenas exagero, tudo bem, mas ainda seria direito meu ficar chateada
Pra onde ia não importava, almejava paz daquele padrão que estava sendo incluída. Cheguei enfim, ao campo, sem árvores e apenas grama alta. Parei pra respirar fundo e aproveitar o sol, no dia anterior foi uma chuva longa. O clima úmido, libertador.

💫

Próximo ao por do sol, decidi voltar para casa. Não encontrei ninguém no caminho até meu quarto, e foi ótimo, não queria conversar naquele momento.
Andei até a sacada e abri as portas, nessas horas sentia falta dos homens. Das conversas francas pelos corredores, conhecê-los melhor e descobrir sensações com a presença...
A arrogância de Anthony, graças de Colin e absolutamente tudo em Benedict. Inexplicável, única palavra que definia o tanto que o prezava. Na vida inteira li sobre amores e era tão inalcançável... ainda mais para mim. Há coisas sobre nós mesmos que só aprendemos quando deixamos alguém se aproximar de verdade
— Querida?
Me deparei com Violet, esperando uma aprovação para vir até mim
— Sinto muito que esteja se sentindo pressionada, nunca foi minha intenção.
— Hoje eu posso ter me excedido um pouco, não foi Benjamin e sim o que as palavras dele me lembraram.
— Eu sei que sofreu muito na vida, é claro em seus olhos. Minha intenção era fazer com se sentisse integrada, pode não ter sido a melhor forma de fazer isso. Quero muito que fique, a amo como uma filha e posso ter me cegado, tomado atitudes ruins...
A abracei, a envolvi com meus braços e a apertei um pouco. Ela se calou, supresa. Logo que passou o choque, retribuía. Passava suavemente suas mãos pelos meus cabelos, como sempre.
Ter uma mãe não se comparava a nenhuma sensação que tive desde que cheguei. Algo que jamais possui e a forma com que estava descobrindo... inesquecível
Nos afastamos o suficiente para que ela pudesse segurar meu rosto com as duas mãos.
— Sempre terá um lugar para você na minha mesa, na minha casa e no meu coração