As coisas finalmente começaram a dar certo, descobri que era a casa de Penelope. Nem precisei falar com sua mãe, a vi passando pelo corredor enquanto esperava e a gritei.
Posso ter sido indelicada, mas fiquei muito contente em vê-la. Enfim me senti segura e não mais desamparada.
Por ser de noite, Penelope fez questão de me acompanhar na volta à casa Bridgerton.
A sensação de estar novamente em uma carruagem era estranha, porém não ruim.
— Como acabou se perdendo? — ela perguntou interrompendo meus pensamentos, o que agradeci internamente
— Fui ao Hyde Park mas não pensei em como voltaria para casa.
A naturalidade no modo como falei "casa" me assustou, não devia estar tão acostumada assim.
— Que bom que bateu justamente na minha porta.
— Foi total coincidência. — sorri para ela, que devolveu com agrado —Penelope, posso fazer uma pergunta?
— De certo que sim, espero saber responder.
— Você já achou estar apaixonada por alguém que não poderia ter? — apoiei os cotovelos no joelho e cheguei um pouco para frente
— Pelas circunstâncias ou por essa pessoa pertencer a outra?
Bom... além do fato de que estava aqui temporariamente, Anthony queria se casar com Edwina.
— Pelos dois.
— Só me apaixonei por 1 pessoa a vida inteira, não foi correspondido. Tem certeza que está apaixonada?
— Certeza? Não. Pensando bem, não convivo com homens desde que meu pai era vivo.
— Nosso coração pode nos enganar, precisa ter certeza sobre o amor.
— Tem razão, obrigada.
Anthony, Benedict, Colin, todos me faziam sentir coisas. Cada um me causava um efeito diferente, não podia estar me apaixonando por todos... significava que não estava me apaixonando por nenhum.
Eu devia ter adquirido mais experiência com homens para saber o que era paixão e o que não.
Precisaria de um tempo para me acostumar com isso, a presença masculina.
Por Deus, eu estava aqui para "me libertar" e "viver a vida"... ainda complicava tudo envolvendo homens?
Penelope sim era como uma fada madrinha, me deu um belo conselho que me fez enxergar o que estava cega para não ver.
— Penelope... — ela que antes encarava para a paisagem, virou os belos olhos azuis para mim — obrigada, de verdade.
— É como você disse, não precisamos de homens pra fazer nada nessa vida.🦋
Penelope não desceu da carruagem, nos despedimos dentro dela. Agradeci mais uma vez antes do cocheiro dar partida.
Agora, de frente à propriedade, o cansaço veio e almejava um banho e cama. Não bati na porta, apenas a abri.
Mal entrei e dei de cara com Benedict e Colin. Teríamos trombado se eu não recuasse a tempo.
— Graças aos céus, estávamos indo procurar você — Benedict deu um suspiro aliviado
— Ficamos preocupados, ninguém a viu saindo — Colin pegou na minha mão e me puxou devagar para dentro
— Me perdoem, fui ao Hyde Park e me perdi. Por sorte bati na porta de Penelope e ela me trouxe.
Falhava na tentativa de segurar o riso, não sabia decifrar o que sentiam. Raiva pela aflição que gerei ou raiva pelo fato de ser independente demais quando queriam ser os heróis. Ainda assim eram adoráveis, uns fofos.
— Seria bom que da próxima vez avisasse a alguém ou fosse acompanhada. — Benedict concluiu, dando espaço para que eu pudesse passar
— Pode deixar.
Me inclinei ligeiramente e subi para meu quarto. A porta estava entreaberta, me deparei com Jordan.
— Clair, você voltou! — mostrou uma excitação em me ver — Terminei de aprontar a banheira nesse instante, Colin e Benedict foram atrás de você. Imaginei que iria querer um bom banho quando voltasse.
— Na verdade eu os encontrei quando estavam prestes a sair, não chegaram a pôr o pé para fora. — Me aproximei e a abracei — obrigada por fazer isso para mim.
Ela ficou surpresa mas depois que o choque passou, me abraçou calorosamente.
Gostava de tê-la por perto. Uma vez estive na posição dela e não era nada agradável, queria que minhas irmãs tivessem sido boas comigo.
Sentiria falta dela quando partisse, da gentileza e cuidado. Da curiosidade ao contar detalhes do meu passado...
a apertei mais um pouco, queria eternizar aquele momento na minha memória.
Dormi como um anjo. O banho me deixou mais leve e quando cai na cama... simplesmente apaguei.
Acordei cedo dessa vez, cedo demais. Ja que estava desperta e o sol tinha nascido, decidi sair da cama. Coloquei meu vestido e desci. Não tinha uma alma viva naquela casa, fiz questão de ir até o relógio acima da lareira. 7:30 se é que estava vendo certo.
Não encontrei ninguém pelos corredores ou na sala. Imaginei que ainda fosse muito cedo para que alguém estivessem por ali.
Continuei andando até chegar em uma porta que dava para os fundos. O sol iluminava toda aquela área, um espaço enorme que mais parecia um labirinto de varais. Diversos vestidos e lençóis secavam ali, consegui ver minhas roupas penduradas.
As queria de volta, pertenciam a mim então as peguei sorrateiramente. Um pouco amarrotadas mas não fazia mal, era apenas um short e uma blusa.
— Bom dia, Senhorita Clair.
Quase infartei, olhei para o lado e era Karen. Escondi minhas roupas atrás das costas o mais rápido que pude, talvez ela me fizesse devolver.
— Bom dia Karen, dormiu bem? — Abri um grande sorriso, tentei disfarçar o flagra
— Perfeitamente, a senhorita que parece ter caído da cama. — perguntou interessada, suspeita até
— Eu nunca tive o costume de acordar tarde, o dia está lindo para um passeio.
— Sozinha?
— Apenas pela propriedade, explorar um pouco. Aventura faz bem.
— Melhor não ultrapassar as fronteiras da casa, tome cuidado com o rio. As correntezas costumam ser fortes, não vá cair. — Acrescentou consternada
— Onde fica esse rio? — Me aproximei entusiasmada —
—Ao leste, descendo a pequena colina. — Apontou para a direção onde conseguia enxergar uma trilha de terra cercada por árvores de copas altas
— Obrigada, por favor avise a Jordan para não preparar meu banho hoje.
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Perdida nos Bridgertons
RandomApós anos de escravidão e desprezo, Camila perde as esperanças e aceita sua vida como Clair, a empregada de sua madrasta No dia de seu aniversário é enviada até o século XIX por sua fada madrinha. Se vê perdida e livre em um lugar completamente dif...