Perdida nos Bridgertons

Amigas&Amores

Escolhi o melhor vestido, uma ocasião daquelas era muito importante. Reparei então meu braço um pouco roxo, a marca da mão de Benjamin. Nada que não pudesse disfarçar, apenas ignoraria. Sumiria logo.
Penteei meu cabelo rapidamente, queria ser uma das primeiras a chegar na sala.
Desci as escadas correndo e quase causei uma catástrofe, ao esbarrar com os empregados que levavam as bandejas de sopa.
Esqueci completamente que o chão do salão deslizava e com as minhas sapatilhas... Me joguei nos braços de Kate. A agarrei para não cair — a desequilibrando um pouco — ignoramos esse fato ao nos abraçarmos.
— Estou tão feliz por você — falei em seu ouvido
Quando nos separamos, notei os olhares tortos das lady's e ignorei. Estava feliz demais para me deixar atingir.
— Por que está tão feliz? — Kate perguntou, rindo da minha alegria
— Você e Anthony...
— Como sabe?
— Não importa... — a abracei novamente — Tenho algo para você
Peguei sua mão e a arrastei até o outro lado da sala, onde havia um piano. Sentei no banco e ela do meu lado, tudo aquilo merecia uma linda música.
Comecei na melodia calma, não importava os outros... era para Kate
— I'll let you set the pace. 'Cause I'm not thinking straight
Seus lindos olhos brilhantes me faziam cantar com fervor, os Bridgertons entraram pela porta e se aproximaram
— My head's spinning around, I can't see clear no more
Naquele segundo não existia nada, porque fitava Benedict. O pequeno sorriso de orelha à orelha, encantadora expressão 
— What are you waiting for?
Respirei fundo e agora tocava alegremente, dando leves cutucadas em Kate, que gargalhava contagiando a todos
— Love me like you do, lo-lo-love me like you do. Touch me like you do, to-to-touch me like you do
Enfim tirei as mãos do piano e recebi um abraço caloroso dela, enquanto todos aplaudiam. Dei uma piscadela para Anthony, que tentava segurar o riso e falhava miseravelmente.
Talvez na forma como Kate me tocava, na forma como suspirava em meu ombro... algo me dizia que sentiu a música no fundo da alma — coisa que eu também tinha feito —

🌌

Ninguém gritou mais do que eu durante o brinde, simplesmente era felicidade demais para conter dentro de mim.
Recebi bastantes elogios pela minha pequena apresentação — o que devia ser algo entre mim e Kate — e os agradeci
Olhei para janela, fazia sol. Partiríamos em 2 dias... sentiria falta daqui
Como eu previ, boas memórias e surpreendentemente não foram as últimas
Precisava falar com Benedict, apenas vê-lo era o suficiente.
Tudo que aconteceu com Kate e Anthony me fizeram perceber 1 coisa: mesmo não sendo como queremos, dá certo no final
Tenho certeza que não imaginavam ficar noivos daquela maneira, porém seriam muito felizes junto.
Sem uma atitude, não existiria um início... e como Colin sempre disse: um início é só o que precisa

Após rodar a casa inteira, esbarrar até com Cressida, finalmente achei Benedict
Perto da biblioteca, de olhos atentos ao quadro de flores na parede. Daria um susto nele, me aproximei devagar...
Prestes a tocar seu ombro, virou-se e quase caí para trás.
— Achou mesmo que conseguiria me assustar? — arqueou uma sobrancelha, me encarando
— Eu esperava que sim, depois de passar horas o procurando — revirei os olhos, brincando
— Me procurando? — perguntou, sem compreender
— Bom, eu...
Em minha cabeça pareceu fácil, agora havia se formado um bolo na minha garganta. Respirei fundo e coloquei a franja para trás da orelha, nervosismo era comum na presença dele
— Camila? — Benedict de repente arregalou os olhos — o que aconteceu com seu braço?
Como eu tinha sido burra ao ponto de usar o braço esquerdo? O abaixei imediatamente, porém era tarde. Sua expressão mudou de preocupado para irritado em segundos
— Alguém a machucou?
— Esqueça isso! — tentei tocá-lo mas ele usou disso para ver melhor meu braço
— Diga quem foi, agora mesmo!
— Não se preocupe, está tudo bem
— Não está tudo bem, alguém a feriu dentro de minha própria casa! — seu tom elevava cada vez mais
— Foi Benjamin, porém...
Benedict saiu disparado como uma bala, me deixou falando sozinha e não houve chances de explicar — ainda que Benjamin fosse um babaca —
Jamais imaginei vê-lo naquele estado, pura ira. Me apressei em segui-lo, poderia acabar fazendo algo do qual se arrependesse.
Enquanto descíamos as escadas, consegui alcançá-lo mas foi em vão, nem olhou nos meus olhos.
E dobrando o corredor enxerguei Benjamin, dialogando com uma empregada. Por segundos senti pena dele, levou um enorme soco no rosto e nem soube de onde veio.
— Como ousou tocar em Camila? Quero que vá embora dessa casa imediatamente!
— Senhor, deixe-me explicar...
— Pegue suas coisas e saia! Agora!
Era errado me satisfazer com a cara de cachorro abandonado de Benjamin? Aquele escroto
Ao vê-lo em direção à área dos empregados, de cabeça baixa, abri um pequeno sorriso.