The Way I Loved You [CONCLUÍDA]

7

Meu pai.

Eu beijei um cara.

Eu. Eu tomei uma atitude.

 Tá que foi só um encostar de lábios, mas ainda sim, pra mim é equivalente a um beijo de língua. Porque nem isso eu consegui depois de Ronan.

Na real na primeira vez que sai com um cara, joguei cerveja na cara dele pra evitar que ele me beijasse. Na segunda, fingi que ia ao banheiro, mas pedi um Uber e fui pra casa. Na terceira e última, o cara colocou a mão na minha coxa e eu lhe dei um tapa no rosto. Foi automático.

Entretanto, desta vez eu quis beijá-lo e tomei a iniciativa. Mal posso esperar pra falar sobre isso no grupo de apoio semana que vem.

Agora estamos dentro de um quarto, sozinhos e eu não estou com medo, pelo contrário, estou com ainda mais vontade de beijá-lo e saber como é a sensação, porque minhas experiências com homens não foram nada boas.

Então talvez seja melhor eu jogar a real com ele, porque se eu beijar mal e ele não gostar me sentirei envergonhada.

Shawn está perto de mim, e eu encostada na parede, olhando em seus olhos. Cavalheiro, ele disse que só iria me beijar se eu pedisse e está esperando pacientemente por meu pedido.

— Eu nunca beijei de verdade. - admito.

Por um momento vejo lampejo de surpresa em seus olhos, mas ele abre um sorriso fofo e desliza o polegar até meu queixo, me fazendo erguer a cabeça.

— Tudo bem. - murmura - Você quer que eu a beije? - pergunta.

Ah, como eu quero.

— Quero. - digo.

Ele diminui o espaço entre nós dois e seus lábios tocam os meus. Desta vez seguro em seus braços quando sinto minhas pernas bambearem e sinto a ponta da sua língua encostando em meus lábios. Entreabro a boca e tento fazer como já li em alguns livros.

É bem desanimador que toda a experiência "boa" que tenho sobre homens é baseado nos romances que li.

Uau.

Aquilo é bom.

Tento fazer a coisa com a língua que nem ele e nunca imaginei que isso poderia ser tão bom, já que na teoria soa nojento. Shawn gruda o corpo no meu e suas mãos estão em meu rosto enquanto me beija.

Ele se afasta por alguns segundos e volta a me beijar.

Solto um gemido involuntário quando ele suga a minha língua antes de morder meu lábio inferior. Sinto como se tivesse acabado de voar diretamente pro paraíso.

•  SHAWN•

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Eu não sou perfeito. Ninguém é. Mas podemos melhorar com nossos erros e alguns de nós temos caráter, o que quer dizer que sabemos respeitar as pessoas, independente de sua fé, cor, gosto ou escolha.

Talvez eu seja um pouco ingênuo quanto a algumas coisas, no entanto, desde que me entendo por gente meus pais me criaram da melhor maneira possível. Desde de novo papai me dizia que um homem jamais deveria levantar a mão para uma mulher.

— Se estiver com muita raiva, diga que precisa pegar um ar e saia. Mas nunca, em hipótese alguma bata em uma mulher. - ele dizia.

Nunca presenciei nada parecido entre meus pais, quando brigavam e papai ficava bravo, ele pedia licença e saia para pensar, e depois quando voltava pedia desculpas pelo o que aconteceu e resolviam tudo na conversa.

Por isso que quando vejo homens como Jace, fico irritado e com vontade de arrancar as bolas do infeliz.

E por isso, não fui invasivo com a Camila.

Ela claramente está superando alguma situação ruim e confiou em mim. Eu a beijei, e permiti que ela ganhasse confiança porque estava claro que aquilo tudo era novo demais pra ela. Não quero saber suas razões para nunca ter beijado alguém antes, até porque não é da minha conta, mas admito que estou feliz por ela ter confiado em mim.

Assim que me afasto, ela me olha com um sorriso fofo enquanto recupera o fôlego. Temo ter sido desrespeitoso em algum momento, mesmo sequer tendo tocado nela. Só segurei seu rosto.

— Está bem? - Indago.

— Estou. Obrigada. - ela diz - Isso foi... Incrível. - diz. - Posso te fazer uma pergunta?

— Claro.

— O que você acha de garotas que dormem com caras no primeiro encontro? - dispara.

Por essa eu não esperava. Me acomodo na cama enquanto ela me encara, esperando por minha resposta. Está mordendo o lábio e parece que importa pra ela o que vou pensar a respeito do assunto.

— Bem, eu não tenho que achar nada. Se a garota tá solteira e o cara também, acho legal. Não estamos mais no século passado onde as mulheres eram obrigadas a permanecerem intactas. Direitos iguais. Se o homem pode, acredito que a mulher também pode. - respondo.

— Você namoraria uma garota que dormiu com alguém de cara? - indaga.

— Claro. Olha, pra mim o que ela a garota fez antes de estar comigo não importa. O que deveria importar de verdade é o caráter. - afirmo - Nenhuma mulher deveria ser julgada por fazer o que um homem faz. Deveriam ser livres pra você o que bem entendem sem ninguém enchendo o saco. - digo e ela sorri enquanto se aproxima.

Miúda senta ao meu lado e segura minha mão, ela ainda parece receosa, mas aliviada pelo o que falei.

— Nos últimos meses sai com três caras, e fiz a mesma pergunta a eles. Os três disseram que jamais casariam com uma mulher rodada. Para dois deles contei sobre o que aconteceu na última vez que fui a uma festa. E sabem o que disseram? Que eu mereci. - sua voz falha e vejo as lágrimas em seus olhos - Eles disseram que nenhum homem de verdade aceitaria uma mulher suja como eu. Disseram que eu mereci ser estuprada. Só porque eu sorri pro cara e disse que estava afim de conversar. Ele me drogou, me violou e as pessoas falam que eu mereci. Até meus pais. - confessa e desvia o olhar - Você foi o único com quem fiquei a vontade desde aquela noite, e o único que disse que não se importaria com o que uma pessoa fez. - ela está chorando quando conclui e eu a puxo para um abraço.

Filho da puta.

É impossível não sentir repulsa do desgraçado que fez isso com a miúda. Como não posso bater a cabeça dele numa parede até rachar, decido concentrar o que estou sentindo no anjo aninhado em meus braços.

Como alguém pode ser capaz de feri-la? Como?

Porra.

Só de pensar que Jace planejava o mesmo com a Aaliyah. Ela teve quem impedisse.
Camila, não.

— Essa é a parte que você foge de mim. - ela murmura - Todos eles fizeram isso quando falei a verdade.