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Na semana seguinte a notícia de que Ronan foi morto por seus colegas de cela está em todos os jornais. Mamãe está segurando sua xícara de chá ao parar atrás do sofá e Lara parece prestes a fazer uma festa. Eu não sei como estou me sentindo, temo ser uma pessoa má e insensível por ter ficado aliviada com a morte dele. Foi como ver um capítulo ruim da minha vida chegando ao fim.
— Querida, você está bem? - mamãe pergunta ao tocar minha cabeça.
— Estou. Melhor do que esperava. - digo, pensando que tive essa mesma sensação quando meu pai foi condenado há 30 anos de prisão sem direito a fiança. E ao que tudo indica, Travis está conseguindo com que a pena seja aumentada.
— Isso é bom querida, por que você é maravilhosa. - Ana diz e se acomoda ao meu lado.
Sorrio quando a matéria sobre a morte de Ronan chega ao fim, e respiro fundo.
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— Tenho que viajar semana que vem, amor. Vou ficar uns dias fora pra resolver sobre o lançamento do álbum. - Shawn comenta, me entregando um copo de refrigerante junto com o pote de pipoca.
— Tudo bem. Então vamos aproveitar.
— Domingo tem almoço na casa dos meus pais, foi meu pai quem fez o convite. - ele dispara, beijando minha têmpora enquanto colocava a Netflix na televisão.
— Sério? - pergunto.
Apesar da convivência relativamente boa, sei que Manuel me tolera por causa do filho. Ele não vai com a minha cara e isso não se trata apenas do medo de Shawn acabar sofrendo. Ele só não gosta de mim.

— Estou pronta. - Minha mãe diz.
Pego minha bolsa quando vejo Shawn estacionando. Não passei tanto tempo com a família dele quanto deveria levando em conta que estamos namorando há algum tempo.
— Então vamos. - digo.
A está altura Lara já saiu para encontrar algumas amigas. Isso mesmo. Ela e Brian decidiram expandir seus ciclos sociais e passarem menos tempo grudados porque achavam que estava ficando sufocante o tempo inteiro juntos.
Entendo as razões deles, até porque realmente precisamos ter mais pessoas ao nosso redor. Não quero fazer isso com Shawn porque depois do ano novo, ele voltará a fazer viagens longas, e eu não sei se poderei acompanhar, já que vou voltar a trabalhar em breve.
Meu namorado sai do carro e faz questão de abrir a porta traseira pra minha mãe. Se tem algum genro mais cavalheiro e puxa saco que ele, desconheço. Em seguida se aproxima de mim, me dá um selinho e também abre a porta pra mim.
Balanço a cabeça quando vejo ele dando a volta e tomando seu lugar. O sorriso é contagiante e eu não consigo negar que nunca estive tão feliz, mesmo após as últimas semanas com tudo o que rolou com Ronan.
Andei mantendo contato com Andrew, que aguarda pacientemente que eu mude de ideia, mas ele não sabe que estou apenas conhecendo o terreno até fazer Shawn mudar de empresário. Andrew é tão gentil e compreenssivo.
Shawn merece trabalhar com alguém assim, que o apoie e saiba falar quando achar conveniente sem fazer exigências extravagantes que podem ferrar a saúde dele como Jamie faz.
O caminho até a casa dos pais dele é tranquilo. Dona Ana conversa com o genro sobre trabalho e eu sorrio por ver eles tão unidos. Mamãe anda tão sorridente que parece outra mulher, uma versão que nunca havia visto.
Quando chegamos, Shawn fala algo sobre sua irmã querer me falar algo e eu assinto. Aaliyah é um amor, e parece está naquela fase de querer namorar, o que tem deixado Shawn maluco. Ciumento que só ele.

• Shawn •
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Ana e minha mãe se deram bem de imediato e Camila não parava de sorri enquanto olhava as duas trocando conversas sobre não sei o que. Me sentei com meu pai depois do almoço na varanda e fiquei olhando as duas mulheres compartilhando experiência e minha irmã provavelmente pedindo conselhos amorosos pra miúda, como disse que faria, ao invés de pedir a mim.
Ally disse que precisava de uma opinião feminina sobre seu dilema, e quem sou eu pra questionar.
Beberico o refrigerando quando papai resolve quebrar o silêncio:
— Como você está se sentindo? - ele pergunta.
Eu sei o que ele quer dizer, ainda teme que eu tenha uma recaída com a minha ansiedade. E sei que vai acontecer, estou controlando bastante com os remédios e até diminui a pressão do trabalho, mas, em algum instante, vou vacilar. Porém, o fato de agora saber que não estou sozinho é um incentivo grande pra não desistir.
— Ótimo, pai. Mesmo com tanta coisa acontecendo. Estou feliz. - digo.
— Isso é bom. Como ela está? - pergunta e ela pra Camila.
— Por que o senhor não pergunta? - o encaro e ele dispensa a pergunta - Pai, uma hora terá que falar com ela, é a minha namorada e futuramente minha esposa e mãe dos meus filhos. - argumento.
— Você está certo disso, não? - indaga e eu assinto - Já notei isso. E não tenho nada contra ela, meu filho, só... Não quero te ver sofrendo de novo. - suspirou.
— Não vai acontecer. Quer dizer, se em algum momento me sentir mal, terei ela comigo, e vocês. - rebato.
Ele abre um pequeno sorriso.
— Acredito em você. Prometo ser mais agradável. - diz.
— Acho bom. Você vai gostar dela se deixar esse medo de lado. A miúda é incrível, passou por tanta coisa e ainda está de pé, seguindo firme. - murmuro.
Papai assente e ficamos em silêncio, observando as mulheres tagarelando.

The Way I Loved You [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora