The Way I Loved You [CONCLUÍDA]

30

Não vejo Shawn nos seis dias seguintes. Brian me disse que ele está na casa dos pais e não levou o celular. Sei que ele está em boas mãos, mas isso não anula o fato de que gostaria de ir falar com ele.

Por isso me arrumo cedo e vou correndo, aumento a velocidade e digo a mim mesma que as coisas vão se ajeitar agora, que ele será menos teimoso e irá se abrir.

Assim que chego a porta da família Mendes, toco a campainha e espero. Abro a garrafinha que carrego e bebo um pouco da água. Sete quilômetros. Esse foi meu recorde.

Antes que eu pense em apertar o botão novamente, vejo o pai de Shawn. O homem não gosta de mim e por ironia é ele que vem me atender, acho que sei o que vai acontecer agora.

— Bom dia. Hum, eu queria saber se o Shawn está bem.

— Sim, ele está. - responde, sem me dar uma brecha. - Camila, certo? - eu assinto - Eu sei que vocês dois estão tendo alguma coisa. Mas depois do que ele passou, acho melhor que não se vejam por um tempo. Meu filho não costuma saber escolher boas companhias, então é melhor evitar, não acha?

— Está insinuando que sou uma má companhia? - pergunto, me segurando para não dizer que se eu não tivesse encontrado o filho dele que provavelmente ele estaria agora num hospital. Ou em outro lugar. Mas não digo. Ele é um pai protetor que está tentando evitar que o filho se machuque. E talvez tenha razão.

— Não. Só não acho que ele esteja preparado pra esse relacionamento de vocês. Ele já passou por muita coisa, e estou falando num modo geral, porque nenhuma das garotas que ele se envolveu, prestavam. Só peço que se você gosta dele, vai me entender e se manter distante por um tempo. Nós vamos cuidar dele. - declara e se vira pra fechar a porta - Aliás, essa conversa nunca existiu. - murmura e fecha a porta na minha cara.

Gostar?

Se ele ao menos soubesse a intensidade do que eu sinto pelo filho dele. Dou meia volta e começo a caminhar, sabendo que ele está certo. Shawn tem muito com o que se preocupar agora e precisa do apoio da família. Das pessoas que o conhece melhor do que eu.

Respiro fundo e retomo a minha corrida para a casa. Espero que o grandão fique bem.
⠀⠀ ⠀
[...]

Consegui meu emprego de volta. Eu nem estava tão preocupada com isso, na verdade, porque dona Rose tem dificuldades em encontrar jovens com disposição pra trabalhar no restaurante, principalmente no almoço, cujo o movimento é grande demais.

Eu só precisava da sorte dela não ter encontrado alguém que tivesse uma habilidade boa de anotar e entregar pedidos como eu, e nossa, tive essa sorte.

— Bem vinda de volta. - Molly diz ao me entregar o bloquinho.

Sorrio e me junto a ela para coordenar os pedidos.

O bom de voltar ao trabalho é que a ocupação me mantém afastada de pensamentos inoportunos, como o pai de Shawn.

Eu entendo que ele queira o bem para o filho, mas sequer fez um esforço pra me conhece, está me julgando baseando-se apenas nas relações anteriores que ele teve.

Só queria vê-lo. Nem que fosse por poucos minutos.

Quando saio do expediente, depois de me trocar e pegar minhas coisas decido ir pra casa a pé. Ainda tenho o tempo que estaria na faculdade, andar por uma hora não faria mal.

Gosto do ar gelado que bate em meu rosto nesse fim de tarde e espero que a minha melhor amiga esteja em casa, pra me dar o mimo de não ter que fazer nada hoje.

Quando chego em casa tudo está em perfeita ordem, mas não fico surpresa quando leio o bilhete deixado em cima da mesinha avisando que foi resolver alguma coisa e passará a noite com o Brian.

Ela poderia ter mandado mensagem pro meu celular, mas eu quase nem ando mais com ele. A única pessoa com quem queria conversar além dela e de Brian não pode falar comigo, então não há nada que queira ver na internet. Agora sei que preciso fazer novas amizades.

Não posso depender do Brian e a Lara, os dois se amam e obviamente vão querer um momento deles.

Depois de tomar banho e devorar dois sanduíches, me jogo no sofá e coloco num filme de comédia romântica que lançou recentemente. Acabo dormindo nos primeiros minutos.