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Travis e eu nos conhecemos durante um campeonato de natação que teve no colégio. Ele era um dos nadadores e era dos melhores. Na época ele já estava na faculdade e eu no ensino médio.

Ele era gentil, mas havia defeitos que me fazia ter medo de ir além, e como papai jamais me permitirá ficar com alguém na época, disse que não gostava dele da forma que ele gostava de mim.

Antes dele ir embora e não me procurar mais, conversávamos sobre tudo e ele dizia que se a natação não desse certo que iria ser delegado, como seu pai.

Ele anota tudo o que mamãe fala e depois me faz algumas perguntas sobre nossa convivência, então sou sincera. Nunca imaginei que falar abertamente sobre o monstro que meu pai era fosse me fazer bem. Não sei quanto a mamãe, mas estou aliviada. Especialmente depois que Travis sai da sala e volta minutos depois avisando que já tem policiais atrás dele.

— A senhora precisa fazer alguns exames, tudo bem? - ele pergunta.

Ela olha pra mim e eu balanço a cabeça, e ela assente.

Levo mamãe para fazer os exames e quando voltamos a delegacia, papai está lá, algemado. Sua expressão quando nos ver é de fúria pura.

— Suas piranhas.

Mamãe me agarra com força e eu paro, olhando aquele homem com repulsa.

— Monstro. Você vai pagar por tudo que nos causou. - digo e sigo em frente, com a minha mãe grudada em mim.

Travis explica sobre a prisão preventiva, e que as chances de papai ser solto com todas as provas e depoimentos são praticamente nulas. Nenhum advogado pode contestar isso e fico aliviada por saber.

— De qualquer forma, eu mesmo cuidarei para que ele pegue a pena máxima, não se preocupem. - garante.

— Obrigada Trav. - digo, chamando-o pelo apelido. Ele sorri e diz que vai nos acompanhar.

Mamãe sai disparada e entra no carro enquanto Trav anda ao meu lado.

— Como anda as coisas, tirando essa situação? - ele pergunta.

— Bem, na verdade. Agora que poderei ajudar minha mãe me sinto ainda melhor. - digo e ele abre mais o sorriso.

— Isso é muito bom. Ainda trabalha naquele restaurante do centro?

— Sim. - digo, mas antes que ele diga mais alguma coisa, Shawn está saindo do carro e vindo na nossa direção.

Shawn se aproxima rápido demais e pousa a mão na minha cintura quando paro.

— Sua mãe quer sua companhia, amor. - ele diz, enfatizando o "amor" e eu preciso me segurar pra não revirar os olhos.

Travis está tentando segurar a risada porque também achou aquilo ridículo, com certeza.

— Manterei você informada sobre a situação. - Trav diz, olhando para mim com seu sorriso gentil.

— Obrigada, Travis. - digo ao me despedir.
Shawn praticamente me arrasta, sem tirar a mão da minha cintura até o carro.

O que é que deu nele?

Coloco o cinto e olho minha mãe, que está cochilando no banco de trás.
Já é madrugada quando saímos da delegacia, todo o processo até a liberação foi bastante demorada, mesmo com a ajuda do Travis.

Olho para o homem ao meu lado e enquanto dirige e vejo seu maxilar trincado. Não acredito que ele está puto.

Assim que chegamos em sua casa, levo mamãe e sua mala até o quarto de hóspedes, verifico se ela está bem acomodada na cama depois do banho e vou para o quarto do Shawn.

Ele ainda está com a cara fechada quando fecho a porta.

Tiro meus sapatos e a minha roupa, ficando apenas de lingerie ao me jogar no colchão macio.

— Por que fez aquela cena? - pergunto e ele me olha.

— O cara estava te comendo com os olhos. - dispara.

— E daí? Não é o fim do mundo e nós dois nem somos comprometidos. - alego.
Shawn desvia o olhar.

— Tem razão. - responde, segundos depois e levanta - Boa noite.

— Onde você vai?

— Academia. - diz.

É claro que ele tem uma academia em casa. Shawn apaga a luz e me deixa ali na escuridão do quarto. Céus...

The Way I Loved You [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora