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O primeiro amor. O primeiro beijo. O primeiro namorado. O primeiro a conhecer meu corpo do avesso. O primeiro a partir meu coração. Passei por todos os estágios de merda que costumava ver minhas colegas passando durante a adolescência em menos de alguns meses.
Quando levantei na manhã seguinte e sai sem esperar que Shawn acordasse, roubando uma blusa dele, sabia que nada mais seria a mesma coisa.
O amor dói.
Ou te deixa nas nuvens.
No momento sinto que estou caminhando para o inferno, porque está doendo. Não queria chorar por um homem, mas Shawn é mais do que um homem.
Ele é o amor da minha vida, o cara que toda garota sonha em encontrar. E é humano. Cometeu uma falha que me deixou chateada e precisa de ajuda. Precisa se reencontrar sem esperar que eu faça isso por ele.
Peço um táxi, e agradeço aos céus por Lara não está em casa e mamãe dormindo, porque não quero falar com ninguém agora.
Tomo um banho quente, tiro o cheiro de sexo impregnado, sabendo que nada apagaria o que aconteceu, das vezes que ele sussurrou meu nome e dos seus toques carinhosos.
Me enrosco na coberta na cama, vestindo a blusa rouba e me deleito com seu perfume, orando para que essa tempestade acabe, para que eu consiga seguir em frente, e torcendo pra que ele seja feliz.
Que possa fazer alguém feliz de verdade.
Bem, ele me fez feliz.
Porque isso dói tanto?
Não escuto a porta do meu quarto sendo aberta, por isso não consigo fingir quando mamãe deita ao meu lado, me abraçando.
— Quer me contar o que aconteceu? - pergunta.
E eu conto.

Um mês depois.
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• Shawn •
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Brian está literalmente arrumando as coisas para a festa de mais tarde, mesmo depois dei ter protestado, implorado para não fazer festa. Não quero comemorar. Não há o que comemorar.
— Lara disse que ela comprou um presente pra você. - comenta meu amigo - A vinda dela vai te deixar pior, não vai? - pergunta.
— Não é isso. É que... Não sei se aguento vê-la sem poder tocá-la, entende? Quando éramos só amigos com o benefício de beijos, era mais fácil. Mas agora eu sei como é ter ela inteiramente. E quero isso o tempo todo. - suspiro - Sou a merda de um imbecil. - reclamo.
Meus pais ficaram chateados com a situação, mas papai parecia saber que isso não daria certo, mesmo quando eu disse que a culpa era minha. Ele não é muito com a cara dela e esse término apenas o fez voltar atrás com sua opinião sobre ela ser igual as outras.
Mas não é. O problema sou eu.
Nada disso importa mais, ela me deixou, e eu tenho que lidar com isso, especialmente agora que estou literalmente compondo nossa história.
— Acho que entendo. Mas se não quiser, posso falar com ela e...
— Não. Eu não a vejo há um mês. Qualquer cinco minutos perto dela será bom. - digo, me sentindo um cachorrinho a espera do dono.
Brian rir.
— Cara, você parece um cachorro carente. Você tá bem? - indaga e eu assinto - Seguindo a lista?
— Você sabe que sim. Até aumentei minhas sessões na terapia. Tem sido um saco contar a merda toda pra ela, mas... Preciso cuidar de mim. - suspiro - Nunca mais quero agir daquele jeito. - completo.
É uma merda perder quem amamos e só depois se dar conta do estrago que a falta de algumas atitudes podem causar. Sei que a miúda acha que não temos conserto, talvez não tenhamos, mas não vou desistir. Vou cuidar de mim.
Entretanto, depois eu vou atrás dela e convencê-la de que somos melhores juntos.
Porra, meu álbum é quase todo dela. Todas as letras possuem um pouco dela. E sinto que precisarei de sua ajuda pra finalizar algumas coisas.
Essa mulher manda em mim e não sabe. Eu tô com saudade dela, de escutar sua voz e do seu sorriso. Passar todo esse mês sem mandar uma mensagem foi difícil demais, porém consegui em nome da minha melhora.

Passo o dia com a minha irmã, na salinha de jogos e sorrio quando a vejo ganhando todas as partidas de Call of Duty.
— Eu desisto. - murmuro.
— Fracote. - zomba ao finalizar o jogo sem mim e se recosta na poltrona com um sorriso presunçoso.
Nem parece que está namorando.
Isso mesmo, a minha garotinha agora está namorando. Eu sabia que ela estava a fim do cara, mas estava certo de que era aquele sentimento bobo de adolescente que nunca dar em nada. Entretanto, ficou mais sério do que imaginei e o Henry, nome do sujeito, apareceu na casa dos meus pais pedindo Ali em namoro. Isso foi dois dias após o térmico com a miúda.
— Seu namorado vai dar as caras? - pergunto.
— Vai vir mais tarde. Você não tá muito a fim desse festa, né? - indaga.
— Nem um pouco. Não vejo sentido em comemorar minha velhice. - resmungo e ela rir - Tô falando sério. Estou completando  20 anos, mas sinto que tenho 70. - admito.
Aaliyah cai pra trás ao rir de mim.
— Você é engraçado, maninho. - diz - Mas, estou feliz. Te ver assim, mais vivo é bom demais. - fala ao deitar a cabeça em meu braço.
— Você me deixa maluco, mas eu te amo, tampinha. - brinco.
— Também amo você, palmito. - rebate e eu sei que não poderia ter uma irmã melhor.
Brigamos? É, as vezes sim. No entanto ela é minha melhor amiga, eu sei tudo sobre ela e agora ela sabe tudo sobre mim. Tem sido minha companheira de corridas, e de leitura. Tem me mantido ocupado o bastante pra não enlouquecer e ir atrás da miúda, e me ajudado a colocar juízo na minha cabeça.
Preciso aceitar que acabou.
Mas por que é tão difícil?

The Way I Loved You [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora