The Way I Loved You [CONCLUÍDA]

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No horário que estou para sair de casa, Brian apareceu com um console para jogar com Shawn e eu me despeço deles. Não paro de pensar em minha mão o dia todo e meu corpo fica tenso só de pensar em voltar naquela casa. Só que sei que não estou sozinha, até Brian vai. Com ele e Shawn nada pode dar errado. Eu acho.
Papai deixou a marca de uma faca em mim, então não sei qual é o seu limite.

Converso com Rose a respeito da hora extra pra pegar uma semana de folga e ela aceita de boa. Então fico até mais tarde e quando chego em casa, Shawn está andando pela casa sem camisa (o que deveria ser um crime) com o cabelo molhado e sorri quando me ver fechando a porta depois de entrar.

— Você parece tensa. - comenta.

— E estou. Voltar lá é difícil, mas é a vida da minha mãe. - murmuro - Só queria relaxar. - digo e ele sorri ao segurar meu queixo.

— Conheço um jeito. Posso fazer isso durante o banho. - sugere e me sinto depravada por ter entendido o que ele quis dizer.

— Safado.

— Com uma mulher gostosa na minha frente, é impossível não ser. - se defende e eu rio indo pro quarto. Ele me segue e observa enquanto tiro minha roupa e o chamo para o banho, apesar dele ter acabado de sair dali.

Talvez seja errada me agarrar a ele quando mamãe está nas garras do papai, mas sei que toda essa tensão vai me deixar pilhada a noite inteira, e eu me sinto bem com Shawn. Bem e com muito desejo.

Assim que abro o registro e permito ser lavada pela água, sinto o corpo esguio dele colando ao meu. É automático meu corpo se aquecer e toda a preocupação ir por água baixo quando sinto suas mãos tocando meus quadris. E sua boca no meu pescoço.

Ah.

Não sei se vou aguentar reprimir a vontade de ir além disso até irmos para o chalé.

— Nem a toquei e já está molhada, amor. - murmura ao deixar seu dedo passear entre as minhas pernas. Meu corpo obedece esse homem mais do que a mim, o que é bem injusto. Inclino a cabeça pra trás, me apoiando totalmente em seu corpo quando sinto ele introduzindo seu dedo dentro de mim.

Mordo o lábio pra reprimir o grito que ia sair.

Puta merda.

Isso é muito bom, nem imagino como deve ser o grand finale.

Saio do banheiro com um sorriso besta, e muito relaxada. Shawn me segue até a cama e ali nos beijamos até eu terminar chupando ele.

Nunca pensei que estaria nessa situação.com alguém. Quer dizer, mesmo depois do... Daquela noite, eu sabia muito pouco sobre sexo por pura falta de interesse.

Quando o encanto de ser amada é arrancado de você a força, nada mais importante. Felizmente encontrei o meu grandão, e mesmo que sejamos um pouco confusos e problemáticos, juntos somos mais fortes.

As vezes, parece que ainda existe um muro invisível entre nós dois, impedindo que a gente se entregue cem por cento, mas na maior parte do tempo somos tudo um para o outro.

Me acomodo com a cabeça em seu peito.

Então escuto os gritos.

Levanto da cama e Shawn me segue, quando chegamos na sala vejo mamãe desesperada segurando uma mala. Lara passou a chave na porta como medida de segurança, entretanto sabemos que papai não vai demorar a aparecer.

— Mãe. - digo, me aproximando da mulher baixa que está chorando.

Apesar de tentar esconder, consigo ver os hematomas em seus pulsos. Ela me abraça, apertando-me forte.

— Eu fugi, Camila. Mas... Ele vai me achar. E vai me matar. - choramingou, olhei para Shawn que já estava vestindo uma blusa e pegando a chave do carro.

— Vamos levar você para um lugar seguro, e aí você me conta o que aconteceu, tá bem? - indago e ela assente.

Brian leva a mala até o veículo e eu caminho com mamãe, me sentando com ela na parte traseira.

— Vamos ficar aqui, se o velho aparecer vamos avisar. - Brian diz para Shawn, que dar partida no carro.

Mamãe se aconchega em mim e mais uma vez não consigo sentir raiva dela. Porque eu sei quantas agressões ela suportou para que ele não me batesse mais do que já batia.

E nem quero imaginar como foi pra ela me ver depois da festa apanhando após ter tido o corpo violado. Só quero que esse pesadelo acabe. Para nós duas.
Admito que admiro a força dela por ter fugido e pedido ajuda.

[...]

— Vou preparar um chá pra ela. - Shawn murmura ao por a mala no canto, ao lado do piano. Levo mamãe até o sofá e espero que ela se acalme. Ela enxuga as lágrimas com a manga da blusa e observa o local. Espero. Aos poucos ela vai se acalmando quando percebe que papai não está aqui.
Aquele monstro.

— Estava cansada daquele inferno, Camila. De não poder falar. Esse último ano foi o pior de todos, porque não pude estar com você nos seus piores momentos. - choramingou - Não espero que me perdoe, só peço que me ajude a não voltar pra lá, porque será pior. Ele odeia ser contrariado. - pede.

Seguro sua mão e abro um sorriso solidário.

— Não vou deixar que ele chegue perto de nós duas. Nunca mais. - afirmo - Vamos prestar queixa. - digo e ela arregala os olhos.

Imagino que ela vá recuar e negar essa opção por medo, mas seu desespero é tão grande que o efeito é o contrário do esperado.

— Quero ir agora. Enquanto houver esses ferimentos. - murmura.

Shawn chega com o chá e diz que vai se afastar, mas peço que fique.

— Tem certeza? - pergunto.

— Tenho. Vamos acabar logo com isso. - súplica.

— Nos leve para a delegacia. - peço a Shawn que assente.

Ele não diz nada, embora eu veja que queira. Depois daquela noite que ele surrou meu pai, entendi que ele faria qualquer coisa por mim, e que não hesitaria.
Peço que ele fique no carro pra não ser reconhecido e saio com mamãe. Estamos com nossos documentos quando chegamos ao saguão e nos identificamos.

Pedimos para falar com o delegado de plantão, e uma moça nos leva até a sala dele.
Assim que entramos e eu paro assim que vejo quem é.

— Travis? - indago e ele sorri, mas o sorriso some quando ele ver que mamãe está aos prantos.

— Oi Camila. Quanto tempo. - murmura.
Faço mamãe sentar.

— Dona Ana, o que aconteceu? - perguntou.
Mamãe então começa a relatar os abusos sofridos por meu pai, e vejo que Travis olha para nós duas atentamente. Jamais imaginei que ele fosse realmente seguir carreira de delegado, porque ele dizia sempre brincando. E aqui está ele.
Uma parte de mim está aliviada por saber que estamos falando das merdas de nossa vida para alguém confiável, admito.