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• Shawn •
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Depois do meu aniversário, só vi a miúda duas vezes num intervalo de dois meses, contabilizando 3 meses que não estamos juntos. Apesar da vontade enorme de agarra-la, consigo me controlar sabendo que fazer isso não irá reduzir o tempo que precisamos separados para estarmos prontos.
Ela escutou quase todas as músicas do álbum, com exceção de uma, que realmente foi feita inteiramente pra ela. Essa decidi deixar para o lançamento, isso se até lá a miúda não ter me dado um pé na bunda de verdade. Prefiro acreditar que irei reconquistá-la antes, porque quero mesmo que ela esteja do meu lado como namorada, essa nova era é pra ela. Até porque se não fosse por ela, eu ainda estaria empacado na primeira música.
Agora mesmo estou terminando de escutar todas as músicas e sorrio com a que fiz pra ela, quer dizer, pra nós dois. Ainda não entendo porque demoramos tanto para nos entregar, ou assumir o que sentiamos. A negação dos fatos andou lado a lado e quando finalmente ficamos juntos, tudo desandou.
— Poxa, ficou incrível. De verdade. - Teddy disse - Aliás, acho que nunca te vi tão inspirado. - sorriu ao colocar os fones na mesa.
— É, a minha musa é incrível e não deixou a minha mente parar. Ainda tem mais algumas, talvez entre em algum álbum. - brinco, encarando a pilha de rascunhos ali perto do iPod.
— Você escreveu isso tudo depois que a conheceu? - indagou.
— É...
— Isso é muito bom. Acho que você se abriu bastante nesse disco. Está ansioso para o lançamento? - pergunta.
— Estou. E muito, por que não sei o que esperar. - suspiro - Mas desta vez é uma ansiedade boa, por que sei que fiz um bom trabalho, sem pressão. Apenas eu, meus colegas e minha musa inspiradora. - sorrio e ela rir.
— Cara, você apaixonado é um saco. - brinca e bate de leve no meu ombro.
— Minha irmã também fala isso. - resmungo.

• Camila •

Consegui uma entrevista de emprego numa editora em Miami, por isso, convoquei Lara e minha mãe para passar o final de semana comigo. Mamãe infelizmente acabou desistindo, pois começou a trabalhar no meu lugar no restaurante e está gostando de lá. Acho que tem a ver com poder finalmente conhecer pessoas novas. Não insisti, pois sei que ela quer e precisa ter o próprio mundo. Então Lara é minha companheira nessa viagem, o que rendeu resmungos de Brian, que não pôde vir por ter compromisso com Shawn no final de semana. Fico feliz pela amizade deles ter retomado ao normal, e também por Shawn respeitar nosso tempo separados. Eu o amo, mas essa separação está nos fazendo bem. Tenho aprendido bastante coisa sobre relacionamentos e como poderíamos ter nos auto destruído se tivéssemos insistido em ficar juntos.
Somente em filmes sexo é a solução dos problemas.
— Tem um bar aqui perto. Poderíamos ir lá mais tarde. - sugiro, pegando a bolsa.
— Claro. Melhor jeito de comemorar sua entrevista. - diz e eu assinto.
A entrevista ocorre bem, eu acho, me surpreendo com toda a segurança que adquiri desde que estive em Londres, mas quando percebi que era forte o suficiente pra afastar alguém que amo pelo nosso bem, poderia lidar com qualquer coisa. Vou receber a resposta pelos próximos dias e estou bastante confiante de que serei chamada. Se não, vou tentar de novo.
Quando volto para o hotel, Lara e eu nos arrumamos para ir ao pub que vimos a beira mar. O lugar é lindo, apesar de simples e não está cheio.como imaginei. Minha amiga e eu nos acomodamos na banqueta e pedimos um drinks, servido por um rapaz muito, muito bonito mesmo.
— Nunca imaginei que fosse te ver babando por alguém que não fosse o Shawn. - Lara comenta.
— Shawn não é o único homem bonito. E bem... Estou aberta a outras opções. - sorrio e ela rir.

O rapaz não é muito mais alto do que eu, possui um sorriso bonito, cabelo cacheado e pele bronzeada, apesar de não ostentar um corpo musculoso como vemos por aí. Ele coloca os dois copos sobre a bancada e pisca pra mim, antes de atender outro cliente.
— Camila! - Lara parece indignada.
— Que foi?
— Você está flertando com o barman descaradamente. - diz como se isso significasse alguma coisa.
— E daí?
— Sério? Quando foi que você começou a ficar desse jeito? Toda animadinha com um estranho? - pergunta.
— Desde que eu aprendi que não devo ter medo de me arriscar. Estou solteira e este homem bonito - digo dando uma olhada para o cara - Está me atraindo. - dou de ombros - Acho que agora dou uma versão sua antes de conhecer o Brian. - alego.
— Pensei que você...
— Nem começa. Ficar com alguém sem compromisso não quer dizer nada. Só quero curtir um pouquinho. - rebato e ela assente.
Eu sei que ela está preocupada porque me conhece o suficiente pra saber que nunca fui de flertar. Shawn só virou minha vida de cabeça pra baixo por ser insistente e gentil, pois se dependesse da minha habilidade, não teríamos trocado uma palavra sequer.
Só que eu andei todo esse tempo afastados de Shawn percebendo que nunca tentei experimentar algo novo, fugir da minha bolha da inexperiência. E isso estava começando a me incomodar um pouquinho. Até porque quem me garante que ele também não decidiu ficar com alguém? A nossa diferença é que ele não precisa fazer esforço algum, e eu sim.
O rapaz se aproxima segurando um pano branco.
— A senhorita vai querer mais alguma bebida? - pergunta, com seus olhos castanhos claros me olhando.
— Mais uma bebida dessa aqui, por favor. - respondo, sorrindo de volta e ele assente.
Lara levanta e diz que vai dançar, então fico livre pra conversar com o cara, que se chama Oliver, tem 26 anos e gosta de escrever. Ele é bem simpático, embora seu olhar denuncie outra coisa enquanto me observa.
— Podemos dar uma volta pela praia, meu irmão pode ficar aqui. - diz e eu concordo.
Aviso a Lara, que arregala os olhos antes de assentir e espero pelo moreno na escada de madeira do deck.

Tiro minhas sandálias pra sentir a areia fofa sob meus pés enquanto Oliver me conta sobre como veio parar aqui. Ele é Nova Jersey, e só saiu de casa quando sua mãe se casou. Não que esse tipo de coisa me interesse no momento, mas conversar com ele me deixava mais calma. Não sou tola, sei das suas intenções e que toda essa conversa é apenas enrolação e eu aproveito isso.
Nunca tomei atitude antes desse jeito. Se bem que eu beijei o Shawn quando nos conhecemos.
Oras, lá vem o grandão invadir meus pensamentos agora, me nego a isso. Quando paramos perto do mar fico de frente pra Oliver, que diminui a distância entre nós dois.
Seus dedos tocam minha nuca, mas não sinto nenhum arrepio, nem aquela energia estática por todo meu corpo.
Nada.
Ele chega ainda mais perto e espero que quando me beije eu ainda aquele misto de emoções, mas nada acontece. Nem mesmo quando o beijo fica mais intenso.
Quer dizer, não é ruim, ele é bom, mas não sinto nada emocionante, ou que me faça querer ir bem além. Ainda sim eu tento, passo meus braços pelo pescoço dele enquanto suas mãos estão firmes em minha cintura.
Não sinto absolutamente nada. E pra piorar me sinto mal quando sinto suas mãos descendo para os meus quadris e depois para minha bunda e me afasto. Acho que só existe duas mãos que podem me tocar assim e com certeza não são as de Oliver. Parece que as músicas sertanejas não estão erradas ao afirmarem que só o beijo da pessoa amada é extraordinariamente incrível.
— Tá tudo bem? - ele pergunto e olho sem querer para o volume em sua calça. Eu não senti nada e ele ficou excitado?
— Tá sim. É, eu acho melhor voltar. - falo.
Penso que ele vá ficar puto, mas ele apenas sorri sem jeito e me acompanha de volta.
Essa experiência foi uma das mais frustrantes da minha vida. Como as outras pessoas conseguem?

The Way I Loved You [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora