50. Memórias de um amor.

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Presos nos próprios pensamentos silenciosos, Eva e Christoffer estão repousados no banco de couro, os olhos fixos para a estrada escura e, nada além da dúvida e medo. Eva respira fundo e pisca algumas vezes, disfarçando enquanto tenta encontrar palavras que sejam de fato necessárias para a situação.

- Quando você vai? - Pergunta, apenas para tirar o clima tenso, já que não há nada que possa reconfortar Christoffer.

- Amanhã. - Responde, ainda na mesma posição, sem ânimo algum. - Cedo.

Eva move as bochechas, semicerra os olhos e pensa na maneira de fazer que aquela despedida fosse menos estranha e dolorosa.

- O que você queria me mostrar? - Vira-se para Christoffer, com um olhar curioso.

- Ah. - Christoffer procura pelo aparelho no bolso. Animado desbloqueia a tela com muita dificuldade e abre a galeria. - Achei algumas fotos nossas.

Eva vê de relance algumas fotos entre eles, minúsculas, no meio de tantas outras aleatórias. Sem conseguir evitar, sente o peso do sentimento melancólico, que atinge seu coração com tamanha força, capaz de doer fisicamente.

- Faz muito tempo... - Sussurra, ainda surpresa.

- Sim. E mudamos muito. Olha só essa. - Christoffer abre uma das fotos, empolgado. A qualidade não é das melhores, mas ainda assim, representa a imagem de dois pré adolescentes, eufóricos e apaixonados. Na foto, Christoffer está do lado de Eva, um dos braços envoltos no pescoço da garota, aproximando-a mais dele. A bochecha de ambos sendo pressionadas, pela proximidade e o ato do abraço. Eva está com seus olhos apertados e um sorriso transbordando em seus lábios. Christoffer, por sua vez, está com sua boca aberta, como se fosse mordê-la. E talvez tenha sido isso que aconteceu após a foto ter sido tirada. - Nesse dia saímos mais cedo da escola, lembra? Você e eu resolvemos sentar na calçada e ficar apenas conversando, mas aí eu resolvi pegar o celular e fingir que íamos tirar uma foto fofa, mas acabei te mordendo no final.

- É, você me enganou. - Eva comenta, soltando uma risadinha. - Tem mais?

Christoffer olha para Eva, sorri ao responder: - Claro que sim.

Christoffer move para as próximas fotos, até que por fim, acha outra onde ele e Eva estão juntos. Ambos em cima de suas antigas bicicletas, apenas fazendo caretas. A foto está tremida, mas Eva relembra o momento.

- Estávamos indo para casa, você falou "Ei, uma foto rápida, vem!", e tirou sem motivo e explicação alguma. Por isso ficou tremida e eu sai com essa cara de quem não estava entendendo nada. - Eva protesta, com os braços cruzados.

- Momentos espontâneos, Eva. Essa foto e uma legenda motivacional sobre como a vida real é, e ficamos famosos. - Christoffer brinca, em autodefesa.

Um vídeo aparece entre várias fotos parecidas. Christoffer abre e aumenta o som, ambos ansiosos para relembrar ainda mais momentos engraçados como aqueles. Eva é quem está no vídeo, saindo da escola sozinha. Quando vê Christoffer escondido atrás de um carro, corre em direção a ele e com um beijo na bochecha diz: - "Estava com preocupada." O vídeo treme, agora apontando apenas para a escola onde alunos saiam, e um pedaço do casaco azul de Eva aparece no canto. "E com saudades também!", ela termina. Logo barulho de beijos estralados soam no vídeo segundos antes de ser encerrado.

- Por que você faltou nesse dia mesmo? - Eva se interessa, de repente. Sua sobrancelha está arqueadas e a atenção totalmente em Christoffer.

- Sei lá. - Christoffer da de ombros, parecendo ser honesto quanto ao esquecer-se do motivo.

- Deve ter sido algo bobo. - Eva conclui, também dando de ombros.

Eva se encosta novamente no banco e começa a refletir sobre a história passada que teve com Christoffer. Lágrimas se formam nos olhos de Eva, uma desliza por entre sua bochecha e boca, devagar.

- Onde foi que nos perdemos? - Pergunta, quase em uma afirmativa. Embora a pergunta se perca no ar, junto com todas a dúvidas e ressentimentos.

Christoffer se aproxima, encosta sua mão no rosto de Eva, delicadamente, enxugando a lágrima com o polegar. Eva fecha os olhos ao sentir o toque singelo e quente do carinho de Christoffer em sua pele. Christoffer se aproxima ainda mais, intensificando os movimentos, logo, segurando o maxilar de Eva.

Eva não abre o olho, pois sabe que no fundo quer aquilo tanto quanto ele, não há motivos exatos: talvez pela saudade, a despedida ou o laço que acabaram criando nos últimos dias. Os motivos pelo qual brigaram por tanto tempo, tiveram ódio um do outro, se machucaram... Desaparecem. Apenas um misto de ansiedade e nervosismo, mãos trêmulas e corações acelerados, como se voltassem ao tempo e estivessem perto de deram o primeiro beijo novamente.

Christoffer toca os lábios de Eva com delicadeza, apenas sentindo o toque de ambos juntos, embora Eva tenha dado sinais, ele não se movimenta até que ela toma seus lábios e ambos entram em um beijo sincronizado. Christoffer puxa Eva de maneira desleixada até o banco, ela se ajeita sobre seu colo e continua a aprofundar o beijo. Christoffer segura a nuca de Eva, trazendo-a cada mais para perto. Eva toca suas mãos por todo o corpo de Christoffer, decidida a explorar o momento.

- Eva... - Christoffer sussurra quando sente uma das mãos deslizar do seu abdômen para baixo. - Você não precisa fazer isso só porque...

- Eu quero, Christoffer. - Responde o mais rápido possível, em meio a palavras cortadas e ofegantes.

Christoffer a olha por alguns instantes, concorda com a cabeça e toma os lábios para si novamente. Aperta no botão próxima a janela para fechá-la e torce para que ninguém resolva parar para pedir informações, caso contrário, nenhum dos dois estaria disposto a se distraírem com qualquer outra coisa se não o calor de ambos os corpos.

[...]

Não tinha nada além do desejo de redescobrir e conectar ambos os corpos novamente, encarar o sentimento guardado por anos dentro de uma caixinha do passado, sendo despejado entre as línguas que se tocam ferozmente. Embora os dois soubessem que o momento era apenas um fim de uma história que acabou no passado, aproveitaram o momento sem pensar em nada além deles dois; Christoffer e Eva.

•••

Então chegou a hora que vocês me matam? risos.

Sim, a história chegou ao fim. Não avise pois não tinha isso em mente, mas, percebi enquanto escrevia que eles mereciam encerrar a história de uma forma única.

Me digam, o que acharam da história?
Gostariam de uma segunda temporada ou que a história deve terminar assim, encerrar o ciclo dos dois?

Deem suas opiniões, estou curiosa para saber e me preparar para uma história nova, independente se for continuação dessa ou não.

Sem Saída ➸  skam [Concluida]Onde histórias criam vida. Descubra agora