36. Esclarecimentos.

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Eva e Christoffer decidem caminhar pela praça próxima a escola de ambos, quando William e Noora se despedem para ficarem sozinhos. O convite parte de Eva, para a surpresa de Christoffer, que aceita de imediato. O silêncio se mantém por quase todo o trajeto, ora ou outra sendo interrompido pelo som dos pássaros sobrevoando por ali, as folhas quando pisadas, pequenos murmurinhos distantes, mas entre eles, não existe palavras. Eva se distrai prestando atenção em seus tênis, cada passo curto, cada movimento. Por sua vez, Christoffer observa Eva minunciosamente. Observando cada detalhe, com calma, serenidade. Apenas porque tem medo de esquecer-se do rosto da garota, pois não sabe quando terá essa oportunidade novamente.

Eva ergue a cabeça, olha rapidamente, não o pegando de surpresa, e sorri sem graça. Devolvendo o sorriso, Christoffer aponta para o banco de madeira próximo a uma fonte de água, preenchida pelas moedas no fundo, supostamente pedidos de pessoas frustadas com suas vidas, ou esperançosas demais de uma mudança repentina.

Eva se senta, logo Christoffer também o faz, ambos com uma distância mínima. Uma criança passa correndo por eles, com um avião de papel em sua mão, fazendo barulho de vento. Atrás seus supostos pais, caminham despreocupados com a vida, conversando, mas sem perder a atenção do filho. Eva encara a cena fixamente, admirada. Christoffer se aproveita para puxar assunto com ela.

- Você já pensou na possibilidade de ter filhos futuramente? - Pergunta, sem olhar para Eva.

Após um suspiro, Eva observa a cena a sua frente antes de respondê-lo: - Talvez. E você?

- Não me imagino tendo filhos, sei lá, não sei se saberia lidar com a situação. - Responde, dando de ombros.

Eva ri baixinho. Christoffer encara ela com uma das sobrancelhas erguida.

- Desculpa, imaginei você com uma criança. Seria a coisa mais engraçada do mundo!

Christoffer revira os olhos e empurra de leve o ombro de Eva, mas sem resistir, acaba sorrindo.

- Sabe o que isso me lembrou? - Christoffer abre um sorriso de lado, mordendo o lábio inferior logo em seguida. Eva revira os olhos em resposta, logo virando o rosto.

- Você não presta!

Christoffer ri.

Passa-se alguns minutos, quando Christoffer resolve se aproximar de Eva sorrateiramente. Antes de chegar perto, seus mindinhos se tocam, esquentando a pele um do outro. Eva olha para Christoffer, engole em seco encarando os olhos mel do outro, buscando alguma resposta, mesmo inexistente. Ele, por sua vez, se mantém sério, o maxilar trincado, seus olhos fixos na boca de Eva.

- Chris...

Christoffer engole em seco, ainda vidrado nos lábios recém umedecidos por conta do nervosismo. Fecha os olhos e respira fundo antes de se afastar. Os dedos ainda se tocando, com leveza. A quebra de contato só acaba quando Eva decide levantar abruptamente.

- Você quer ir a um lugar comigo? - Christoffer pergunta, atrás de Eva.

- Nem avisei minha mãe, não posso sair assim. - Avisa, sincera.

Christoffer pega o celular no bolso, ergue em seu rosto para desbloqueado e entrega a Eva.

- Ligue para ela e avise.

Eva encara o papel de parede de Christoffer. Na foto há ele, William e seu grupo de amigos. Ambos fazendo cara séria, com os braços cruzados e encontrados em uma Ferrari.

- Não sei se...

- Por favor, você vai gostar do lugar! - Christoffer afirma, entusiasmado. Ele balança a cabeça em direção ao seu celular, incentivando Eva a ligar.

Assim ela o faz.

- Eu volto para a janta, mãe... sim... mas você não deveria fazer isso - Solta um lamento. - Tudo bem, então... É... Com uma amiga... Sim...

- Com uma amiga? - Christoffer ergue uma das sobrancelhas quando Eva encerra a ligação e devolve o celular a ele.

Eva apenas da de ombros, coloca as mãos no bolso e espera Christoffer dar o primeiro passo para segui-lo. Os dois voltam a escola, pegam o carro e seguem em direção ao destino.

[...]

- Christoffer? - Eva solta uma risada nervosa. As mãos tateando o vento, em busca de alguma informação.

- Deixa de ser teimosa e para quieta, ruivinha. - Resmunga Christoffer, tentando se concentrar em guiar Eva e tapar seus olhos para uma surpresa.

Eva anda cambaleando pelo caminho desconhecido, uma das mãos presa na cintura de Christoffer para não acabar batendo em algo e caindo.

- Já está perto? - Pergunta impaciente, quando Christoffer não fala nada por mais de dez minutos.

- Não.

Finalmente Christoffer para, fazendo Eva parar também. A garota respira aliviada quando sente os dedos de Christoffer desencostarem de seus olhos, e assim, a claridade entra nos olhos de Eva. Após algumas piscadas, para se acostumar, Eva consegue ver nitidamente o lugar a sua frente. As pedras rochosas, com algas grudadas e espalhadas, enquanto a água bate na metade das maiores. O barulho causado pelo impacto da onda nas pedras, traz sensação de melancolia para Eva, que sorri extasiada.

- Isso é...

- Sim, aquele lugar. - Christoffer responde, entendendo os pensamentos de Eva.

Christoffer envolve um dos braços na cintura de Eva e a coloca, com delicadeza e agilidade, sobre as pedras. Depois, senta-se ao lado dela
e mantém o olhar fixo nos olhos claros da mesma.

Eva respira ofegante, as mãos começam a soar e tremer conforme as lembranças atingem sua memória. Trazendo a tona todos os sentimentos que vinha tentando não relembrar por anos, e assim, a sensação que sentiu a primeira vez que esteve ali, ao lado de Christoffer.

- Acho que está na hora de conversamos sobre o que aconteceu...

Eva engole em seco, sabendo que logo aquilo viria a tona. Ficou por muito tempo tentando evitar, ao contrário de Christoffer. Eles deveriam ter feito aquilo a muito tempo, mas não com ambos os corações magoados e partidos. Talvez, não seja o momento certo, mas mesmo assim, ela sabe que não tem mais como fugir.

Sem Saída ➸  skam [Concluida]Onde histórias criam vida. Descubra agora