Cecília
Estou tão ansiosa, em dois dias minhas aulas começam, meu sonho começa, sei que daqui para frente terei muita luta e dificuldades, mas eu tenho fé, não foi fácil chegar até aqui e mesmo assim aqui estou eu.
Sempre sonhei em fazer faculdade, e minha mãe trabalha desde sempre para garantir isso para mim, não vou decepciona-la, eu não posso.Sou de uma família humilde, e sei como é difícil conquistar qualquer coisa que seja e não posso em nenhum momento desperdiçar qualquer oportunidade, sonho em algum dia dar condições melhores a minha mãe, ela é uma mulher de idade e não quero que continue precisando trabalhar por muito tempo.
E esse sonho está começando agora, se Deus quiser em algum tempo serei uma mulher formada e talvez consiga arranjar um bom emprego.A ansiedade está tão grande que eu nem consigo dormir direito, ainda mais nessa casa, ou melhor, mansão, esse lugar é enorme, tem cinco quartos mas eles só usam um, como pode?! cada empregado, dos que dormem aqui, tem seu quarto na parte dos fundos da casa.
Graças a Deus mamãe conseguiu que o patrão me deixasse ficar aqui, é bem próximo da universidade e ainda poupamos o dinheiro que seria da alimentação, o Senhor Maldonado parece ser um bom homem, ele disse que minha mãe não precisava contribuir com o dinheiro para minha alimentação e outras coisas e não vai cortar do salário dela.Mas esse lugar é estranho, grande demais mas só moram duas pessoas, a maior parte das pessoas são funcionários. Só estou aqui há um dia e já vi que eles brigam bastante, acho que é normal casais brigarem, mas eles não parecem se amar, isso é estranho, eu sempre sonhei em me casar, mas só quando achar um homem que eu ame para passar o resto da minha vida do seu lado, ter filhos e essas coisas.
Só vi os patrões uma vez e confesso que me deu um pouco de medo, nunca me relacionei com esse tipo de pessoa e não quero acabar desagradando e fazê-los se arrepender por me deixar ficar aqui.
Não consegui nem olhar para eles, mamãe disse que os dois são muitos temperamentais, brigam bastante e acabam descontando nos empregados.Mamãe estava se sentindo mal durante a noite e eu saí para pegar água na cozinha, tive medo de ligar a luz, peguei uma lanterna e fui, peguei a água e voltei para o quarto, mamãe bebeu e agradeceu! Saí para devolver o copo mas escutei a porta da sala sendo aberta e me escondi nervosa, e se fosse um ladrão? Ou pior, se for um dos patrões e achar que eu estava roubando algo, meu Deus, nem quero imaginar, minha mãe trabalha nessa casa desde antes do meu nascimento e nunca teve nenhum problema, se ela fosse demitida por culpa minha eu me sentiria um lixo.
Vi que era o Senhor Maldonado, ele parecia bêbado, sua roupa estava amarrotada, diferente de quando o vi mais cedo. Deu uma olhada mas foi embora logo em seguida, respirei aliviada.
Voltei para o "meu" quarto praticamente correndo, já estava pronta para dormir, então me joguei na cama e me permiti descansar, o dia foi agitado.
Acordei assustada escutando passos no quarto, é minha primeira noite na casa então fiquei com medo. Mas quando vi que era minha mãe me tranquilizei.
— Bom dia mamãe — cumprimentei.
— Bom dia minha filha, desculpa te acordar — vi que ela estava deixando algo no pequeno guarda-roupa de madeira, devo ter esquecido.
— A senhora está melhor? — perguntei levantando da cama.
— Estou sim — disse com um pequeno sorriso, mas eu conheço ela, ela não está bem.
— Mãe, a senhora não está bem, porquê não descansa? — enquanto isso eu arrumava a cama.
— Rosa não vem hoje, ela não trabalha aos finais de semana, então eu não posso nem pensar em descansar — disse sorrindo — Dona Lívia é capaz de me matar — sorri de lado, não conheço ela direito, mas não duvido.
— Então eu ajudo — disse pegando minha escova e toalha, espero que o banheiro esteja desocupado, e para minha sorte ele fica bem do lado do meu quarto, e é só para os funcionários.
— Nada disso, você precisa estudar, adiantar a matéria, sei lá, você não é empregada doméstica, eu sou — disse séria.
— Nem vou discutir isso, vou tomar um banho rápido e vou começar, o que eu faço? — ela sabe que eu não ia deixá-la fazer tudo sozinha enquanto sentava sem fazer nada, as aulas nem começaram ainda, eu nem faço ideia das matérias e não vou ficar pesquisando.
— Cabeça dura — resmungou e eu ri.
— Tive a quem puxar — lembrei do papai, há três anos estamos sem ele, infelizmente ele se foi, mas as lembranças são boas, e nelas ele vive e viverá para sempre.
— Nem me fale — também riu, saí do quarto e para minha sorte o banheiro estava livre, escovei os dentes e tomei um banho rápido, não demorei e voltei ao quarto, não sabia o que vestir, então usei uma calça jeans clara, uma blusa de mangas simples na cor branca e um tênis da mesma cor.
— Estou pronta — disse na cozinha, onde minha mãe preparava o café da manhã.
— Você pode limpar os quartos de hóspedes? Eles estão limpinhos, só para a dona Lívia ficar feliz, quando eles acordarem eu limpo o quarto deles e você lava a louça do café, tudo bem senhora Cecília? — sorri de lado e assenti.
Peguei o que iria precisar e fui em direcção aos quartos de hóspedes, mamãe me apresentou a casa ontem então sei onde fica quase tudo, enquanto subia as escadas admirava a casa, ela é perfeita, parece aquelas casas de famílias ricas nas novelas, um sonho.
Guardei as coisas em minha mão no chão e abri a porta do primeiro quarto, ia entrando quando vi Senhor Maldonado vestindo apenas uma cueca branca, meu Deus do céu, ele ficou me olhando e eu não sabia o que fazer ou dizer, meu corpo tremeu e minha voz não saía.
— Meu Deus do Céu ... me perdoe ...eu não sabia que o senhor estava aqui .. me perdoe por favor — gaguejei tremendo enquanto usava minhas mãos para cobrir meu rosto, ou melhor meus olhos.
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A Filha Da Empregada
Teen FictionGuilherme Maldonado é um dos maiores empresários do país! Sempre teve tudo, dinheiro, mulheres, carros, luxo, festas, viagens e curtições. Mas o que sempre faltou foi o amor verdadeiro. Com a perda prematura dos seus pais, Guilherme se transformou n...