Capítulo 10

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Guilherme

Lívia — a repreendi com o olhar.

— Mas eu estou mentindo?, essa gente negra acha que pode tudo, ahh porque black power pra cá, black power pra lá, se eu pudesse colocava todos numa caixa e mandava de volta para África — arregalei os olhos sem acreditar no que estava ouvindo, olhei esperando que Davi tivesse a mesma reacção mas o vejo sorrindo.

— Olha aqui, se você fizer mas algum comentário racista ou continuar olhando para a mulher desse jeito eu que vou te colocar numa mala, mas não vai ser para África, vou te mandar directo para a prisão e me divorciar de você — disparei nervoso e ela me olhou assustada, a mulher na outra mesa pareceu perceber que Lívia não parava de fazer comentários racistas e estava com o olhar baixo.

— Mas eu só ... — a interrompi com raiva.

— CALA A MERDA DA BOCA LÍVIA — tentei não gritar mas acabou não sendo possível.

Levantei irritado e caminhei calmo até a mesa ao lado.

— Me desculpe, minha mulher é um pouco mal da cabeça — falei num tom engraçado e vi um sorriso fraco se formar em seus lábios — Você é uma mulher linda, e sua pele também — falei calmo.

— Obrigada — disse tímida. Assenti e me retirei, pensei em voltar para a mesa mas sabia que Lívia não iria parar então decidi ir embora.

Escutei Lívia chamar meu nome é a ignorei completamente saindo de um dos restaurantes mais caros da cidade e do país, ela queria um almoço de casal e eu não contestei, Davi acabou vindo com a gente, para mim não havia problema, não faço questão nenhuma em aturar a Lívia sozinho.
Estava tudo bem, eles conversavam e eu me limitava a me pronunciar quando era chamado. Mas quando uma mulher negra entrou no restaurante e sentou na mesa do lado da nossa, Lívia não media ofensas e eu não ia aguentar isso.

Cheguei em casa e guardei o carro na garagem, entrei no interior da casa e ainda na sala senti um cheiro de bolo vindo na cozinha, estava almoçando mas senti fome quando aquele cheiro maravilhoso atravessou minhas narinas. Não pensei duas vezes e fui para cozinha e me surpreendi vendo Cecília colocando um bolo de chocolate na mesa! Ela me olhou e pareceu assustada, não nos vimos durante a semana toda.

— Que cheirinho bom — comentei me aproximando e a vi sorrir de lado.

— O senhor quer que eu sirva? — parece que não conseguir me chamar pelo nome é um defeito de família. Assenti aceitando e me sentei, Cecília me olhou surpresa.

— Mas, o senhor vai comer aqui na cozinha? — sorri de lado.

— Sim — respondi mordendo o lábio e ela olhou para baixo, se afastou para pegar os talheres e regressou para a mesa cortando uma fatia do bolo e me entregando.

— Você não vai comer comigo? — ela pareceu pensar mas depois se serviu também.

— Hummm, está delicioso — cometei, o bolo está uma maravilha, pelos visto Cecília é tão boa cozinheira como Madalena.

— Obrigada — disse tímida levando o garfo com o bolo para a boca, não consegui parar de olhá-la prestando atenção em cada detalhe.

— O senhor está me olhando de um jeito estranho — disse tímida e sorri desviando o olhar.

— Desculpa — ela assentiu.

— Não te vi a semana toda — comentei após alguns minutos em silêncio, pela sua reacção ela deve estar me evitando com certeza.

— Ando ocupada com a faculdade — disse sem olhar pra mim.

— Sim — disse.

— Cecília o bolo.... Senhor Guilherme? — Madalena apareceu na cozinha e me olhou assustada.

— Oi Madalena, encontrei Cecília tirando o bolo e não resisti — falei como se não fosse nada demais, e não é mesmo.

— Mas o senhor nunca comeu na cozinha? — Cecília tossiu e levantou toda atrapalhada.

— Sim, mas hoje eu comi — também me levantei e Madalena permaneceu em silêncio.

— Vou para o meu quarto — disse e saí andando tranquilamente.

Me deparei com Lívia e Davi na sala, Lívia veio correndo atrás de mim e eu simplesmente a ignorei subindo as escadas.

— Meu amor porquê você saiu daquele jeito? — revirei os olhos irrogado. Será que ela não percebe ou só finge demência?!

— Lívia eu não quero brigar, vamos fazer assim, esquece o que aconteceu e cuida da tua vida e eu cuido da minha — já estávamos no quarto, eu estava tirando minha roupa, preciso dormir.

— Mas nós somos um casal— ahhh, como eu me arrependo por isso.

— Sim, mas mesmo assim temos nossas vidas — terminei de me destir ficando apenas com a cueca, e quando ia caminhando para o banheiro senti Lívia abraçar meu corpo por trás.

— A quanto tempo você não me toca — disse passando suas mãos por meus ombros, em outra altura eu com certeza sentiria tesão, mas Lívia passa dos limites e faz com que eu apenas sinta raiva dela.

— O que acha de uma noite de muito sexo? — desceu suas mãos até meu membro que ainda estava coberto mas antes que ela o apertasse me afastei livrando meu corpo dos seus braços.

— Hoje eu não estou afim — saí para o banheiro.

Entrei no box e liguei o chuveiro sentindo a água quente percorrer todo meu corpo. Eu estava precisando disso.

 Eu estava precisando disso

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A Filha Da EmpregadaOnde histórias criam vida. Descubra agora