Cecília
Minutos antes
Quando chego, depois da faculdade, a primeira coisa que faço é ir para o meu quarto. Jogar minha mochila sobre a cama, me despir, cobrir meu corpo com a toalha e correr para o banheiro.
Um banho quente e relaxante. Tudo que eu preciso.
Quando termino, volto para o quarto e meu estômago já dá sinal de vida. Não comi nada o dia todo.
Decido ir ver o que tem na cozinha. Mas quase foi meia volta quando foi de cara com Guilherme. Se apaixonar por alguém que vive na mesma casa que você é complicado.
Rodo meus olhos por todo espaço para ver se estamos sozinhos. E sim, estamos.
Tento me afastar e impedi-lo de falar, mas ele não para.Penso que vai fazê-lo quando minha mãe entra no espaço, mas parece que ele fica ainda mais firme.
— Eu sou um homem solteiro agora. Por favor Cecília — olha em meus olhos — Namora comigo?
Eu engulo em seco. Olho para minha mãe que ao esboça qualquer reacção. Depois para Guilherme que me olha com expectativa.
Suspiro e olho para baixo me lembrando da última conversa que tive com minha mãe.
— Mãe, me perdoa, não me trata assim — digo encarando meus dedos — As coisas aconteceram sem que eu pudesse impedir — explico.
— Eu não tenho pelo que te perdoar — ela suspira — Você é minha filha, eu te amo. Mas Cecília, o que você fez foi errado.
Eu sei. Penso, mas não digo. Ela me olha e suspira de forma longa. Parecendo se preparar para dizer algo.
— Eu vou pedir demissão — arregalo os olhos e minha boca forma um "o" sem que eu possa controlar.
— O quê? — sussurro. Mal consigo abrir a boca, ou mexer os lábios.
— Não podemos continuar nessa casa. Cecília, é melhor assim... — sinto lágrimas se formando, mas não as permito cair.
— A senhora está certa. — é o único que me permito dizer.
Volto a realidade. Guilherme continua com o olhar esperançoso e minha mãe não está mais aqui. Droga.
— Guilherme... — minha voz me abandona.
Ele ergue uma das sobrancelhas esperando eu continuar.
Suspiro.— Eu sinto muito — digo muito baixo — Não posso aceitar — ele me olha, triste.
— Porquê Cecília? Eu te amo, nada mais nos impede agora. — ele tenta segurar meus braços, mas me afasto.
— Eu não posso — minhas palavras saem como um sussurro — Me perdoa — olho para baixo.
Ele parece desistir.
Morde o lábio negando com a cabeça. E é isso. Ele me deixa me afastar.— Como quiser — sua voz é baixa.
Nos olhamos por mais alguns minutos que passam como horas.
Quando percebo que continuar olhando para ele pode me fazer ter uma atitude que não quero, me viro e deixo a cozinha.
[...]
Dois dias depois
Arrumo minhas coisas mordendo meus lábios como tenho feito durante estes dias na tentativa de não deixar nenhuma lágrima cair.
— Você está pronta? — Mamãe surge na porta que está aberta.
Apenas olho para ela e assinto.
— Isso é para o seu bem. — ela diz.
— É — digo sem ânimo.
Ela sai, mas antes informa que Guilherme cedeu o motorista para nos levar.
Não falei com ele desde o episódio na cozinha. Me sinto uma boba, me sinto idiota, por fazê-lo sofrer.
Porque tem que ser tão difícil?[...]
Está tudo no carro.
Mamãe está se despedindo de Rosa, e eu estou aqui, esperando por ela.— Você vai mesmo embora? — Guilherme. Meu corpo se arrepia. Me viro.
— É — não consigo olhar em seus olhos.
— Ah. É isso. — ele olha para baixo — Onde vocês vão?
— Eu não sei, nossa antiga casa, talvez. — digo.
Ele suspira. — Cecília, Madalena trabalha aqui desde que eu era um garoto. E você também é especial para mim. Não quero que passem dificuldades. Você tem um apartamento no seu nome, vocês podem ficar lá. É seu.
— Guilherme, ela nunca aceitaria isso.
— Você aceitaria?
— Ah, sei lá, eu não sei.
— Se você aceitar, eu falo com sua mãe. O apartamento é mais próximo da sua faculdade, é muito melhor vocês ficarem lá.
— Ela não vai aceitar. Isso é uma perda de tempo Guilherme.
— Não custa tentar.
Ele não diz mais nada. Vai para onde minha mãe e Rosa estão. Não consigo ouvir nada, mas vejo Rosa se afastar e os dois falam algo.
Queria ser uma mosca para estar lá e ouvir o que eles conversam.
Passam alguns minutos. Vários.Até que minha mãe volta. Guilherme não vem se despedir. Ele apenas me olha de longe. Ele acena e se vira.
— Vamos — minha mãe diz.
— Para onde? — pergunto mordendo o lábio.
— Para o seu apartamento — ela sorri sem mostrar os dentes — Tudo que eu quero é o seu bem. Sei que é melhor para você estar lá. Sei que o Guilherme não é uma má pessoa. Mas o vosso relacionamento não tem futuro nenhum.
Não respondo. Apenas a sigo até o carro.
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Obrigada por lerem❤️
Votem e comentem.Para quem ainda não está lendo veja minha nova obra: Em Busca Do Pai Do Meu Filho.
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A Filha Da Empregada
Teen FictionGuilherme Maldonado é um dos maiores empresários do país! Sempre teve tudo, dinheiro, mulheres, carros, luxo, festas, viagens e curtições. Mas o que sempre faltou foi o amor verdadeiro. Com a perda prematura dos seus pais, Guilherme se transformou n...