Capítulo 47

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Cecília

As palavras não saem da minha boca, mesmo eu tentando tirá-las.
Guilherme, tal como eu não diz nada, agora ele está com um copo de vodka na mão, que desde que ele pegou ainda não tomou nem um gole.

— A gente tem muito que conversar — pela primeira vez decido tomar iniciativa.

— É — ele concorda levando pela primeira vez o copo até a boca. — Se quiser, podemos ir para um lugar mais tranquilo — diz depois de uma longa pausa.

Não respondo de imediato. Penso, penso e penso, até que finalmente digo.
— Acho que é uma boa ideia.

[...]

Pelo caminho que fazemos, sei que nosso destino é o apartamento dele. Nada é dito. Ele mantém a atenção totalmente virada para a estrada enquanto eu olho para o nada.

Depois de mais um tempo, chegamos. Subimos para o AP sem dizer nada. Quando ele fecha a porta, fica encostado nela e suspira.

— Você quer algo para beber? — nego com a cabeça.

— Estou bem — ele assente e deixa a porta vindo na minha direcção.

— Como vão as coisas? Passou tanto tempo — ele sorri sem mostrar os dentes.

— Está tudo bem — digo — Na medida do possível — acrescento.

Ele parece querer dizer algo, mas hesita, mas não o julgo. Já recebeu tantos não's que sinceramente se quiser desistir está mais do que certo.

Ficamos em silêncio. Guilherme vai até a estante e serve um copo de uísque. Nos sentamos. E durante vários minutos, apenas nos olhamos.

— Cecília, eu... — ele começa, mas não termina, talvez faltem palavras.

— Eu te amo Guilherme — digo baixo, mas o suficiente para que ele ouça — Te amo e quero ficar com você.

Ele arregala os olhos enquanto sorri ao mesmo tempo. Estamos no mesmo sofá, mas cada um de um canto, mas num movimento rápido, Guilherme se aproxima eliminando todo o espaço que nos separava.

— Então?! Vamos ficar juntos. Cecília, eu... eu te amo tanto. Nunca pensei que fosse amar tanto uma mulher. Eu quero construir uma vida ao seu lado — ele diz quase que implorando. Mordo o lábio e sorrio sem mostrar os dentes.

— Eu também quero. — digo decidida. Não posso mais sofrer sabendo onde está a minha felicidade.

Nossos corpos já estão próximos, Guilherme se livra agora da distância das nossas bocas. Um beijo esperado, desejado, e que transborda amor. O amor que sinto por ele, e que eu sei que ele sente por mim.

Não precisamos ir para o quarto, nos livramos da roupa que cobre nossos corpos aqui mesmo, sobre o sofá. E aqui mesmo, nos amamos como se não houvesse amanhã. Nossos corpos transpiram e nossos corações batem sem parar.

[...]

Quando acordo no dia seguinte, já na cama. Procuro por Guilherme e o encontro do meu lado, dormindo como um anjo. Não perco a oportunidade de admira-lo. Como ele é lindo.

— Queria acordar assim todos os dias — ele diz antes de abrir os olhos.

Sorrio envergonhada.

— Bom dia Guilherme — digo.

— Como você dormiu? — pergunta se sentando.

— Como não dormia há muito tempo — digo sorrindo.

— Eu também — ele diz e ficamos assim, trocando olhares e sorrisos.

[...]

O dia, ou pelo menos o início dele, correu da melhor forma possível. Guilherme e eu preparamos juntos o café da manhã, comemos, lavamos o que sujamos. Tomamos banho juntos e vimos um filme.

Parecia tudo tão perfeito. Mas como a vida não é perfeita, logo ela se encarregou de dar seu avisinho "e aí gente, eu estou aqui, eu sou a vida, e não, eu não sou essa perfeição aí não".

Minha mãe telefonou preocupada, querendo saber onde eu estava. Falei que estava na casa da Manuela. Mas agora, está na hora de voltar.

— Eu vou com você, eu vou falar com a sua mãe, ela tem que entender — Guilherme diz mais uma vez, decidido, e por mais que eu concorde, tenho medo. Mas desta vez não irei deixar o medo vencer minha batalha interior.

— Tudo bem — digo.

[...]

O caminho é feito em silêncio. Mas eu estou quase tremendo e cheia de medo. Não quero desobedecer minha mãe, mas não quero deixar de viver isso que eu sinto. E tenho medo que a vida me faça ter que escolher, porque sinceramente não sei. Uma vez eu escolhi minha mãe, não sei se agora o farei novamente. Eu não sei.

— Vai dar tudo certo — talvez minha angústia esteja muito evidente, pois Guilherme diz estás palavras enquanto me olha de forma encorajadora.

O caminho foi mais curto do que eu desejava. E agora, estamos aqui, em frente a porta. Suspiro pegando as chaves da minha bolsa e olho para a porta pela milésima vez. Guilherme mais uma vez me passa confiança, com um gesto simples como segurar minha mão, mas um gesto carregado de simbolismo e amor.

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E aí? O que acharam?
Será que é desta?
Tomara que sim, né?

A Filha Da EmpregadaOnde histórias criam vida. Descubra agora