Capítulo 52

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Lívia

Uma amiga minha me informou que Guilherme e sua nova namorada estão viajando para Califórnia. E até agora não acredito.

Não acredito que definitivamente ele me trocou por aquela mosca morta.
Como é possível? Como?

Devia ser apenas algo passageiro. O Guilherme só estava se aventurando. Todos gostam de um amor proibido. O que melhor que um caso com a Filha da empregada?!
Mas não, ele levou essa palhaçada mais a sério. E agora, agora eu sou para todos a corna trocada por uma adolescente que não deve nem conhecer direito as regras de etiqueta, não deve nunca ter viajado para fora do país, ou conhecido uma fazenda, não deve nunca ter passado férias numa casa de praia ou num tour pela Europa.

O que essa garota pode ter?
A virgindade ele já conseguiu. Elevar seu ego, também.
O que mais o resta? O que mais o faz continuar com essa garota.

Faz quase um ano desde que a garota foi para a mansão.
Em nenhum momento pude pensar que ela, logo ela seria um risco.

Sempre cuidei bem do meu casamento. Sempre fiz tudo para mantê-lo a salvo. Conhecia quase todas garotas com quem Guilherme flertava, ou fazia algo mais. Mas nunca foi nada sério. Nenhuma delas foi um risco.

E olha.
O risco foi nada mais nada menos que uma garota que nem era maior de idade ainda.
Que irônico.
Uma garota pobre, uma empregada, fez com que meu marido, o homem que era meu vale para toda a vida, minha garantia de fartura é luxo, fez com que ele me e expulsasse da MINHA casa e se divorciasse de mim.

Agora, a droga do dinheiro acabou. Já vendi tudo de valor e a pensão que o Guilherme me dá não me permite ter a vida que eu mereço, a vida que eu sempre tive.
Não sou mulher de ir para o spar uma vez ao mês, e que spar, uma dessas espeluncas que não sabe nem fazer uma massagem direito.

Eu não quero essa vida. E eu não terei.
Eu sou Lívia Maldonado, sim, Maldonado, serei sempre uma Maldonado. E eu não deixo nada e nem ninguém sair por cima de mim.
Eles pensam que venceram, mas não. Eu não vou deixar essa batalha assim.

Eu vou me vingar.
Eu vou ter a vida que mereço.
Eu.

Guilherme não tem herdeiros legítimos. Fazendo uns agrados aqui ou ali, ou talvez fazendo alguns arranjos no testamento, se meu querido ex-marido perde a vida, eu consigo assumir tudo que o pertence.

E acidentes acontecem.
Acidentes acontecem todos os dias.
Acidentes como incêndios fatais.
Nunca se sabe quando sua casa irá pegar fogo enquanto você dorme tranquilamente. E de repente boom, você não faz mais parte do mundo dos vivos.

[...]

O inútil do Davi não conseguiu um emprego ainda. E duvido muito que consiga, sempre precisou de mim para tudo, não posso contar com sua ajuda agora.
Estamos no apartamento dele que não é de todo mau. Pelo menos isso.

Mas a pior parte mesmo é que não podemos ter uma empregada de verdade, só essas diaristas que cobram menos e não fazem nada direito, uma merda.

— Talvez se a gente vender esse apartamento e comprar um menor fique mais fácil gerir as coisas — Davi comenta sem me olhar.

Encaro ele com uma sobrancelha erguida. Só pode ser louco. Isso já não é grande coisa, menor que isso deve ser uma casinha de cachorro. Quem ele pensa que eu sou.

— Não — digo firme — Eu vou resolver isso, não se preocupe. Você se preocupe em manter a casa limpa e que tenha comida na mesa, da parte que exige inteligência eu cuido — ele me encara de um jeito estranho, mas dou de ombros.

— O que você tem em mente? — pergunta depois de um tempo em silêncio.

— Hum, herdar a fortuna do Guilherme, o que acha? — pergunto sorrindo e ele nega com a cabeça.

— Como assim? Você não pode herdar nada de alguém que está vivo — ele faz uma pausa e parece pensativo — Lívia você não está pensando em matá-lo?

— Eu? Claro que não — finjo indignação — Mas pode acontecer um acidente, sei lá, a casa pode pegar fogo, ou algo do gênero. Eu só vou dar uma ajudinha — Rio das minhas palavras.

— Isso é loucura — ele murmura.

— O que você disse? — pergunto com raiva e o vejo suspirar.

— Lívia, isso é arriscado, você pode ser presa, ou mesmo se machucar. E cara, é o Guilherme, a gente viveu anos do lado dele, você teria coragem de matar ele? — como sempre, um homem sem visão.

— Não sinto prazer nisso, mas você quer continuar assim? Comendo pão com manteiga no café da manhã? Jantando com essa porcaria que nem desce direito? Se você quer, ok. Eu não.

Ele suspira e fica em silêncio. Mas depois de um tempo volta a dizer algo.

— Na prisão, a comida deve ser bem pior. Mas você que sabe Lívia, faça o que quiser, só não conte comigo. Eu não sou assassino.

Covarde. Filho da mãe.
— Não esperava nada diferente da sua parte, você sempre foi um covarde, inútil — digo com raiva e o deixo sozinho indo para o quarto, quando lá chego, bato a porta com força.
Não vou voltar atrás, vou fazer isso, com ou sem ele.
Não é só pelo dinheiro. Vou me vingar da humilhação que os dois me fizeram passar.

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A Filha Da EmpregadaOnde histórias criam vida. Descubra agora