Guerra das Nações

Ele não é um traidor

Rick era o próximo da fila para tomar a temida vacina, apelidada de O caos. Muitos efeitos colaterais já haviam aparecido. As pessoas estavam desesperadas. Rick observava o desespero à sua volta, enquanto Konnor tentava acalmar a filha, que estava assustada.

-Próximo! –ordenou o intitulado carrasco.

O carrasco pegou o fraco braço de Rick, aplicando o líquido avermelhado. Rick sentiu uma estranha pressão em seu braço, nada demais. O carrasco soltou o seu braço, e com um sorriso sarcástico disse:

-Nossa força armada estará nas mãos de meninos e meninas fracos como você! –ele fitou Rick, com olhar de desprezo. -Próximo!

Rick seguiu até a fonte, desviando de pessoas que estavam desmaiadas no chão, em puro desespero. Sentou-se observando o lugar. Desde a grande guerra, em 2066, Stevenston conseguiu reconstruir uma grande parte do caos, mas ainda havia muitas evidências de destruição.

Alguns diziam que o apocalipse tinha acontecido, mas na verdade a própria humanidade se destruiu. Países começaram a entrar em guerra entre si, e de repente tudo se tornou global. Os poucos que sobreviveram estavam lutando para se reconstruir e reconstruir o que um dia foi chamado de Mundo.

Rick apenas continuou observando. Quando voltou sua atenção à multidão desesperada, percebera que tinha perdido seu pai e sua irmã de vista. Ele se levantou e caminhou ao redor da praça, em busca dos dois. Levou alguns minutos para ele reconhecer seu pai, deitado em uma maca, rodeado de médicos.

-O que houve com meu pai? –indagou Rick, desesperado.

Os médicos o afastaram de seu pai, entregando sua irmã, Nara, em seus braços.

-Vá garoto. Leve ela a um lugar seguro. Seu pai ficará sob supervisão. –ordenou um dos médicos.

A vestimenta dos médicos era negra como a noite. Alguns diziam que no passado, as roupas dos médicos eram brancas, representando a esperança, a vida. Hoje era negra, representando o luto e desespero.

Não era o tipo de mensagem que você iria querer se estivesse em estado crítico. Mas desde que Rick era pequeno, era assim que conhecia os médicos. De fato eram tempos sombrios.

Ele se afastou da maca, com sua irmã nos braços, sem olhar para trás. Correu vários metros até chegar a sua casa, localizada em um dos quartos de uma antiga igreja. Ela foi reconstruída e era o lar de muitos cidadãos. Rick subiu as escadas, ofegante devido o peso de sua irmã.

"Talvez o carrasco estivesse certo... Sou fraco demais..." pensava consigo mesmo.

Quando Rick chegou em seu quarto, abriu a porta deixando sua irmã na cama. O garoto pensava que tipo de efeito colateral a vacina tinha dado em seu pai. Ele trancou a porta do quarto, observando sua irmã, que dormia como um anjo.

"Devem ter sedado ela..." imaginou. Rick cobriu Nara, enquanto se lembrava do banquete da noite anterior.

*

A mansão era linda. Havia lustres de cristal, escadarias de mármore, comidas maravilhosas, companhias maravilhosas... Tudo era perfeito. Rick seguiu até o salão principal, que estava todo enfeitado. Cortinas vermelhas, tapetes dourados, verdadeira decoração real. Nara seguiu o irmão, grudando em sua perna esquerda.

-O que foi Nara? Algo errado? –indagou Rick à irmã.

-Eu não gostei... É muito estranho! –respondeu a menininha.

Rick pegou Nara no colo, tirando uma mecha de cabelo loiro de seus olhos.

-É diferente e é bom. É melhor do que o que nós temos. É bom.