O soldado

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-Eu não estou aguentando meu cheiro. Será que estamos perto de algum riacho? –reclamava Sara.

-Pare de reclamar. Estamos tentando sobreviver. Agora cale a boca. –retrucou Alyss.

As duas jovens estavam andando a horas e sempre saiam no mesmo lugar.

-Mas que droga de floresta! Já passamos por aqui. Será que não tem saída? –disse Alyss.

-Eu acho que estamos perdidas. Ainda mais nessa escuridão. –disse Sara.

Sara não podia ver os olhos de Alyss, mas tinha certeza de que a jovem estava fuzilando-a.

-Você acha que estamos perdidas? ACHA?! –esbravejou Alyss. –Deixa eu te dizer uma coisa: Nós estamos perdidas.

-Não precisa brigar, não é minha culpa.

-Tem razão, você só está reclamando e não está me ajudando em nada, que injusto dizer que é sua culpa. Mas é. É A DROGA DA SUA CULPA. –gritou Alyss.

Sara se calou. Irritar a parceira não era uma boa ideia. As duas recomeçaram a caminhada, quando se deparam com o enorme homem morto, sem a cabeça.

-Sem cabeça? Quem fez isso é muito bom. Ele estava usando colete, seria inútil tentar atacar. –concluiu Alyss.

-Alyss, esse corpo não estava aqui da outra vez que passamos.

-Tem razão, alguém passou por aqui, e não faz tempo. Vamos, talvez consigamos acha-los.

-Você vê algo?

-Não muito... –disse Alyss.

As duas andaram, seguindo o caminho que achavam certo.

-Bifurcação. Entramos pela direita àquela hora?

-Sim. Eu acho... –respondeu Sara.

-Tudo bem... Vamos.

Seguiram o caminho esquerdo, quando se depararam com outro corpo no chão. Um soldado com um corte na barriga. Sem colete.

-Não tem colete. –disse Sara.

-Não...

-Por que não tem colete?

-Talvez tenha tirado... Vê alguma coisa aqui por perto?

Sara observou ao redor, e avistou outro corpo caído ali.

-Tem um homem ali... –apontou a jovem.

Alyss se dirigiu até o homem caído, reparando um leve movimento em sua barriga. O homem estava usando um colete. O rosto esta cortado, ensanguentado, e lhe faltava uma orelha.

-Ele ainda está vivo! Sara, me ajude aqui... Segure a cabeça dele.

-Alyss... Você sabe que esses soldados merecem estar aqui, não sabe? –indagou Sara, receosa.

Alyss fitou a colega, com uma expressão de raiva.

-Não é por que eles merecem que não podemos nem ter compaixão. Não sou uma pessoa sem coração como Erika. AGORA ME AJUDA! –esbravejou Alyss.

Sara colocou a cabeça do homem sob seu colo. A respiração do homem era fraca, e com dificuldade ele abriu uma fresta de seus olhos.

-Ei... Tudo bem... O que houve? É um dos soldados? –indagou Alyss, que segurava a mão do homem.

-Sim... Eu... –mas o homem não conseguia falar.

-Tudo bem... Aperte minha mão uma vez pra sim e duas para não... Você foi abandonado?

Guerra das NaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora