Uma nova parceria

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-Suja calças... Quando vai parar de apanhar e bater um pouco? Sabe causar danos reais? Fred está praticamente intacto e você... Tá um horror! –debochou Verônica.

A enfermeira limpava os machucados do rosto de Rick, causados pelo impacto dos socos de Fred, fazendo o jovem dar pequenos pulos na cadeira.

-Oh céus... É só álcool garoto! Seja homem! –continuou Verônica.

Quando e enfermeira terminou, Rick fitou a General.

-Preciso da sua ajuda! –disse Rick.

Verônica fez um sinal para a enfermeira sair da sala, deixando os dois a sós.

-Ajuda? Pra quê? –indagou Verônica.

-Sim... Eu... Quando Erika...

-General. –interrompeu Verônica.

-Tá... Quando a General disse que alguém de dentro da colmeia nos traiu eu imaginei que talvez esse alguém seja o mesmo que nos traiu anos antes, quando acusaram o meu pai.

-Está me dizendo que...

-Sim. Eu sei que meu pai não fez nada e foi morto injustamente. Quem fez isso antes está fazendo de novo. –disse Rick.

Verônica coçou o queixo, com o cenho franzido. Aquela era uma situação delicada.

-E o que espera que eu faça? –indagou Verônica.

-Poderia dar um jeito de descobrir quem fez isso e se essa pessoa é o verdadeiro traidor, e não meu pai?

-De que adianta provar a inocência ou culpa de seu pai agora? Ele está morto! –retrucou Verônica.

Rick se levantou abruptamente da cadeira, para o susto de Verônica.

-Ele é meu pai. Eu sei que ele não é culpado e vou fazer de tudo para provar isso, mas não tenho acesso livre a colmeia, como você e sua irmã.

-E o que eu ganho com isso? Isso é crime. Está me pedindo para invadir a colmeia e procurar por arquivos confidencias. Tem noção do que vai me custar se descobrirem? –indagou Verônica.

-Eu sei. Sei que você e a General não podem conduzir uma investigação aberta, mas você e ela sempre estão por lá. Se você procurar, mesmo que seja aos poucos, vai encontrar alguma coisa. Você ganha justiça. –justificou Rick.

A garota corpulenta soltou um longo suspiro. Verônica não era do tipo assustadora como sua irmã... Não mais. Rick via algo diferente nela agora, ele só não sabia o que era.

-Farei o possível! –disse Verônica.

-Obrigado. Aliás... Eu me lembro do nosso treinamento na floresta negra. Erika disse que seríamos atacados por soldados mais experientes, que mereciam estar lá e teríamos que matar ou morrer, e foi o que fizemos. Mas por que vocês mandaram soldados experientes para lá sendo que quando mais precisamos não temos ajuda? –indagou Rick.

-Você está no exército. Não só por uma lei, mas como punição. Aqueles homens estavam sendo punidos. Cada um deles fez alguma coisa de errado e pagou o preço. Alguns viveram e foram liberados, outros morreram. É a vida.

-Punição? O que eles fizeram?

-Cowley, houve um tempo sombrio no país. 2073 foi um ano terrível. Quando estávamos lutando, Sakamoto ofereceu um acordo: quem se juntasse à ele seria poupado. Alguns soldados foram. É claro que no final das contas esses soldados morreram, mas os que sobreviveram... Ah, eles voltaram correndo, como cachorrinhos arrependidos. Mas nós os punimos, eles mereceram. Acredite, ver nossos soldados se rebelando, virando-se contra nós... Não foi algo bonito. –concluiu Verônica.

Rick fitou a mulher. O olhar dela era de culpa. Algo no passado a assombrava. Não era algo bom.

*

Verônica observava a irmã. Erika estava sentada na cadeira azul, dentro da sala de reuniões da Guarnição. Ela batia desesperadamente seus dedos uns nos outros, respirando fundo sem desviar o olhar da enorme janela da sala.

-Erika...

Mas a General nada disse. Continuou observando a paisagem na janela.

-Erika... Nós temos que fazer alguma coisa! Sakamoto já tem uma base na floresta negra, já tem soldados lá... Nós temos que fazer alguma coisa! –tentou Verônica.

A General ergueu as sobrancelhas, finalmente encarando a irmã. Ela se levantou abruptamente da cadeira, com uma expressão perturbada. Á sua frente tinha uma mesa de vidro repleta de pertences: computador, vaso de flores, porta retratos... Tudo foi ao chão quando Erika se revoltou. Destruiu a mesa da pequena sala, deixando Verônica sinceramente preocupada.

-EU SEI MUITO BEM QUE TEMOS QUE FAZER ALGUMA COISA! EU SEI DE VÁRIAS COISAS... EU... –mas a General se calou. Por um instante Verônica teve certeza de que Erika estava chorando.

-Erika... Se lutarmos vamos conseguir. Por que está tão revoltada? –indagou Verônica, mantendo uma distância segura de sua irmã.

-Eu sei... Mas não temos nada. Nem estratégia, nem treinamento, nem soldados... Acha que aqueles recrutas sabem usar uma arma? Um facão? Eles nem sabem correr direito... –suspirou Erika.

Por longos minutos as duas permaneceram em silêncio, até ouvirem uma batida na porta. Era Rick.

-Cowley... O que você quer agora? –disse Erika, rispidamente.

O garoto entrou, fechando a porta atrás de si. Sua expressão era de piedade.

-Eu ouvi alguma coisa e... General, o que nos mandar fazer, faremos! Não vamos abandoná-la! –encorajou Rick.

Erika revirou os olhos.

-Olha o seu estado! Não me interessa o que aconteceu com seu rosto, mas isso só prova que você, assim como todos os outros, são fracos. Não vou deixar que lutem e morram sem nem ao menos ter uma chance. –disse Erika.

Rick desviou o olhar para Verônica, que parecia preocupada.

-Erika... O que está pensando em fazer? –indagou Verônica, cautelosamente.

A General fitou a irmã. Ela não tinha outra alternativa.

-Vamos nos render! –disse a General, saindo da sala de supetão.

Rick e Verônica se entreolharam. Erika estava louca.

-Rick...

-Eu sei! Não podemos deixar ela se render. Além do mais, essa não é uma decisão dela! –protestou Rick.

-Sim, mas Frederic é um bundão. Se Erika conseguir convencê-lo, ele vai se render. Imagina o inferno que nossas vidas se transformariam! –suspirou Verônica.

-Existe uma regra que diz que se a General está fora, você assume, certo?! –indagou Rick.

Verônica fitou o garoto. Sabia exatamente o que ele queria dizer.

-Sim, mas a General não está fora... Isso eu te garanto!

Guerra das NaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora